Bem me disse a minha mãe:um barco, minha filha,
um barco preso ao cais
torna perceptível que o mar
impõe as suas regras.
Sem condições de sobrevivência,
peguei nos remos disposta a decifrar as águas,
sem registar tempestades nem receios.
Naufraguei e salvei-me
e soube que a quietude
dói tanto como qualquer cansaço
e que há palavras que podem matar um sonho,
ou redimi-lo ou, tão só, manchar de sal
a nitidez de um previsto silêncio.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
Recordo com muito carinho os poemas da Graça, que preencheram a minha infância. A mensageira era a minha mãe. Liamos as duas e emocionava-nos a riqueza das palavras e a profundidade dos sentimentos. Ouve um dia que a minha mãe me disse, a Graça publicou um livro! Guardo com muita ternura o livro que me ofereceu e que me preencheu a alma. Com saudades e carinho, Carlinha
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