No lugar onde a sombra das árvores se cruza
com o vento, vou ao teu encontro, com a estação
das chuvas a pesar-me nas pálpebras.
Se te perguntar o caminho das ondas,
não me contes dos navios que naufragam
sem explicação, nem dos pássaros
que começam a morrer na secura dos lábios.
Diz-me, antes, em que estuário de júbilo
ancoramos o barco.
O luar há-de cercar-nos o corpo.
Nossos dedos, à deriva, desafiarão a lua.
Falarás o que quiseres dentro da minha boca,
até que a madrugada nos sossegue.
Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005
Essa madrugada sussurra em nosso íntimo a fulgaração da beleza nua, descarnada, poesia viva em nossas veias. Abraço do Alexandre Bonafim.
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