Onde está o cavalo pintado no teu peito?
Pergunto por ti, com raízes
de erva-doce presas nos dentes.
Colecciono espelhos,
à procura da tua imagem,
ou da minha identidade.
Onde está o cavalo pintado no teu peito,
em que galopei até ao epicentro
da cumplicidade?
Depois, um passáro hesitou nos teus dedos
e eu fechei as mãos
à lentidão de asas entreabertas.
Agora, entrelaço enigmas na garganta,
como um hábito acumulado
na espessura do tempo.
Pelo meu rosto correm gotas de água.
Inconsistentes. Sublimes.
Um sulco inviolável persiste entre nós,
como uma coreografia de personagens paralelas.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
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