18.3.07

Saíram barcos do meu peito

Salvador Dali


De um instante para o outro,
saíram barcos do meu peito,
à procura do mar da minha infância:
o sangue paterno agitando o coração.
Acumulo imagens sobre imagens.
Entrecruzo palavras antigas.
Um imenso arco-íris humedece-me
o rosto de cores garridas.
Aves costeiras, nascem-me na boca,
como se uma tempestade ardesse,
imensa, em minha língua.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

2 comentários:

  1. "Sonhas um livro de infância
    Que te não é dado ler:
    --------------------------"

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  2. "À infância regressa-se solitariamente, subindo um rio sem margens, até ao lugar em que a nascente se confunde com o tempo e o tempo se transforma em espanto."
    Um abraço.

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