J.A.Hampton
Improvisamos a palavra adequada
para dizer a cidade, alheia e imprevisível.
Todas as histórias do dia a dia se precipitam,
gradualmente, na estrangulada identidade
dos habitantes urbanos.
É por comodidade que saltamos por cima
dos odores, do lixo, da multidão, da indiferença
e contornamos a evasão de um tempo arruinado,
onde nos dizemos ecológicos e solidários,
e nos indignamos, e coleccionamos protestos
com que nos agredimos nas horas de ponta.
Somos, na cidade, os viciados
de um pseudo-conforto que nos inibe de sonhar.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
Improvisamos a palavra adequada
para dizer a cidade, alheia e imprevisível.
Todas as histórias do dia a dia se precipitam,
gradualmente, na estrangulada identidade
dos habitantes urbanos.
É por comodidade que saltamos por cima
dos odores, do lixo, da multidão, da indiferença
e contornamos a evasão de um tempo arruinado,
onde nos dizemos ecológicos e solidários,
e nos indignamos, e coleccionamos protestos
com que nos agredimos nas horas de ponta.
Somos, na cidade, os viciados
de um pseudo-conforto que nos inibe de sonhar.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
OLHAR
ResponderEliminarNa calçada, descalça, desnuda e amargurada
Pela vida que tarda em sorrir
Bate a água em pedra furada
No bater do coração no seu sentir
Depois enverga por montanhas inóspitas
De musgo verde no amanhecer
Onde existem grandes riquezas
Que vamos descobrindo até ao entardecer
Cai o nevoeiro de Sebastião
Sem nunca encontrar o cavalo
Cega, surda e segura dai-lhe a mão
E por momentos me calo
Seu olhar seu sorriso sua sombra
Tolda-se de terra barrenta
Um dia nasceu em de Coimbra
Apareceu logo uma tormenta
Mas de mãos dadas vão continuando
Sem ter rumo para onde ir
Mas entre eles mãos suando
Continuam a subir.
LP-11-04-07
Bresson tem uma fotografia assim, muito parecida. Ainda que prefira aquela, também gostei desta.
ResponderEliminarLP, tantos poemas... Obrigada.Um abraço.
ResponderEliminaraf, obrigada pela visita e pelo comentário. Quanto a Cartier-Bresson, penso que se refere a uma fotografia de 1932, tirada em Paris, de que também gosto muito mas não encontei na net. Um dia destes digitalizo-a de um álbum
que possuo. Um abraço.
e que nos vai vencendo
ResponderEliminarAinda um dia destes estive a olhar esta foto, que acho surpreendente.
ResponderEliminarGrata pela partilha. Espero que não se importe que a tenha linkado.
Um abraço e bom feriado
Peço que me desculpe o atrevimento, mas deixo-lhe aqui, a imagem de Cartier-Bresson, penso que é esta.
ResponderEliminarhttp://i78.photobucket.com/albums/j104/poesia_portuguesa/HenriCartier-Bresson.jpg
Um abraço ;)
Obrigada Poesia Portuguesa pela visita e pela foto de Cartier-Bresson. É esta mesmo. Um destes dias vou ilustrar um poema com ela.
ResponderEliminarPode linkar o que quiser. Um abraço.