14.9.07

A família

Paul Strand

Refazemos o dia, pacientemente,
e mastigamos as raízes de um compromisso
quotidiano e social.
Temos em comum o coração
e sabemos que o mesmo fio de sangue
nos tece o equilíbrio.
Por isso modelamos o itinerário de um conforto
partilhado, como se, desse modo, nos fosse
prorrogada a morte e ficássemos cúmplices,
uns dos outros, na teia da vida.


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

9 comentários:

  1. E somos cúmplices uns dos outros na teia da vida.
    Gostei!

    Beijinhos

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  2. "Por isso modelamos o itinerário de um conforto
    partilhado, como se, desse modo, nos fosse
    prorrogada a morte e ficássemos cúmplices,
    uns dos outros, na teia da vida."
    Reconheço-me e gostaria de o ter escrito.

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  3. é isso: as raízes de um compromisso. inelutável...

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  4. «o mesmo fio de sangue
    nos tece o equilíbrio»

    como disse o meu antecessor, a raiz de um compromisso...
    ... nem sempre fácil, acrescento, mas poderá estar nesse «equilíbrio» que só sustentamos por vias do «mesmo fio de sangue».

    muito belo o que escreves,
    bela a tua forma de reflectir a família.

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  5. Um belo poema.
    Agora uma pergunta: a imagem é de "Ladrões de Bicicletas"?
    Boa semana para si.

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  6. Sophiamar, que bom teres gostado. Beijos.

    Helena, é um grande elogio o dizeres que gostarias de ter escrito o poema. Obrigada e um beijo.

    Herético, obrigada e um abraço.

    Maria M., reflectir a família... Obrigada por gostares.Um beijo.

    Obrigada Vieira Calado pela visita. A imagem não é do filme "Ladrão de Bicicletas". É uma fotografia de Paul Strand, intitulada "A família". Como foi tirada em Luzzara (Itália) em 1953, talvez daí a associação a alguma imagem do filme que se passa nos meios mais pobres de Roma. Um abraço.

    Luis volta sempre. Um abraço.

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  7. É lindíssimo, o poema, Graça, o modo como diz de afectos e de cumplicidades, do conforto do reconhecimento. Uma teia tão frágil, mas pouco mais se ergue entre nós e o frio do deserto.
    Uma boa noite, um beijo

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  8. Soledade, é mesmo frágil a teia, concordo. Daí a cumplicidade e o afecto. Obrigada e um beijo.

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