1.9.07

Uma armadilha no peito

Paul Strand


Em madrugadas, vagamente obscuras,
descrevo sombras longínquas,
que perseguem a minha sombra.
Os mais premonitórios sulcos nocturnos
brilham-me nos pés.
Uma armadilha no peito relembra
a exacta adolescência das pálpebras,
quando exibia, no sorriso,
a luz da primavera.
Era menina e havia nos meus olhos tanta fé
que, nem o céu nem o mar excediam,
em grandeza, o meu olhar.


Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007

9 comentários:

Unknown disse...

bonito poema a dimensão de um olhar de criança simétrico ao de um adulto.

Mar Arável disse...

equilíbrio na assimetria

um belo olhar

Anónimo disse...

gostei de ler este poema,
em que se entrevê, com algum desencanto, uma incursão nostálgica a um passado de inocência e luz pueril...

Alexandre Bonafim disse...

Graça, amo essse poema. Saudades.

Rodomar Ramlow disse...

Interessante!!!

Anónimo disse...

Lindo, lindo, lindo!

Gostei imenso!

☆Fanny☆ disse...

Um poema lindo e profundo.
A tua escrita tem alma.

Adorei!

Um abraço com carinho*

Fanny

Maria Carvalhosa disse...

Lindíssimo, Graça. Mais um lindo poema. Obrigada pela partilha.

Beijo.

Graça Pires disse...

Obrigada a todos pela vossa visita e pelas sensíveis e carinhosas palavras. Um beijo.