29.1.08

Do lado da manhã

Rabi Khan


Do lado da manhã revi o mar,
trazido no olhar de quem partia.

Erectos, os mastros, desnorteiam
as gaivotas que ostentam uma âncora
pintada nas penas.
Um perigoso vento marítimo
inclina-se sobre a noite caiando, de negro,
a deriva dos búzios.
Os barcos ancorados nos meus braços,
impedem-me de abraçar o mar.
O voo impreciso dos veleiros
torna errante a espuma das conchas.
Mas que mar é este, anterior às dunas,
só conhecido pelos náufragos?


Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007


Atenção: há mais poemas meus na voz de José-António Moreira em Sons da Escrita

26 comentários:

  1. Quando publicas um livro??
    Um apertado abraço, amiga!

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  2. Anónimo10:42 a.m.

    Sua palavras me alimentam a alma

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  3. Anónimo10:49 a.m.

    é o mar literário de ondas versos e marés poema :) e tem uma praia chamada graça onde se encosta :)*

    (muito obrigada e um beijo especial)

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  4. na casa da poesia,(re)encontro o mar, belo e primordial, poético...

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  5. Palavras lavradas com a magia do teu sentir.
    Belo poema!

    Bjos

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  6. "Mas que mar é este, anterior às dunas,
    só conhecido pelos náufragos? "

    o mar do olhar transparente dessa imagem de infinito infinitamente azul.

    Belíssimo!

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  7. é um mar perigoso e errante...

    abraço

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  8. poema carregado de "fado". lembrando Pessoa.
    trágica a pergunta com que encerras. nada mais sofrido que o mar apenas conhecido de náufragos...

    excelente, claro.

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  9. Nossa, Graça, cada vez que te leio, sinto-me tão preenchida. A tua poesia cria imagens únicas: 'inclina-se sobre a noite caiando, de negro, a deriva dos búzios.' Fico realmente extasiada. Só tenho a agradecer por isso. A tua poesia me alimenta.
    Abraços,
    Ah, uma amostra de mim está no Lugar aos Outros do Estúdio Raposa e inclusive Luis Gaspar menciona o teu nome lá. Fiquei feliz com isso.

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  10. Surrealismo!
    Muito bem escrito.
    Saudações.

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  11. Anónimo9:12 p.m.

    É um mar profundo, um mar de todas as viagens.

    Muito belo, como, aliás, são todos os teus poemas.

    Beijos

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  12. à deriva do muito que a vida tem de fútil....
    uma voz assim desnorteia qualquer vento.


    Graça.

    é muito muito bom.

    como desde que te descobri.

    o que tenho de agradecer aos deuses.
    acaso tão feliz.

    um beijo.

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  13. "Barcos ancorados nos meus braços", lindo e poderoso!

    A poesia é omnipotente!

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  14. Saudade. Como sempre, lindos textos. Beijo.

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  15. é o mar das dunas

    ou se quiseres

    um barco com leme

    a lavrar as águas

    o meu mar arável

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  16. É provavel que o mar também queira saber quem é você que busca encontrar os seus segredos.
    Cadinho RoCo

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  17. Anónimo10:42 p.m.

    muito bonito
    venha participar no nosso cantinho em www.luso-poemas.net , vai adorar:)
    beijinhos

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  18. Cá volto para lhe dizer que tem qualquer coisa para si, no meu blog.
    Cumprimentos.

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  19. Anónimo5:56 a.m.

    Boas,

    tem aqui um blogue excelente. gostava muito que se juntasse à "Sociedade de Bloggers" , Blogue das Artes.
    Somos já varias pessoas que têm blogues a escrever no mesmo blogue, o que tem sido fantastico. So procuramos as melhores pessoas... e o seu blogue revela-nos a qualidd de que precisamos.

    www.bloguedasartes.blogspot.com

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    mandaremos convite.


    Tiago Nené

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  20. Há sempre um mar anterior a nós. Há sempre um tudo anterior a nós. Por isso, as tuas dunas (que são as nossas dunas) sabem a ventos áridos e a saudades salgadas. Como as lágrimas.

    Um grande beijo.

    Momte Cristo

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  21. Graça, gostava de te pedir uma informação. se puderes, contacta-me no mail:
    mmsr@sapo.pt

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  22. Poetisa lindamente os barcos e o mar de si.
    Barcos arpoados na ternura e beleza de si.
    A despedida de alguém que a faz sofrer, mas permanece "arpoado" na sua magia de maravilha terna de ser e sentir.
    Lindo poema!!!!!!!!!!!!!
    Gostei muito de a ler.
    De Madrid expresso-lhe votos de bom Carnaval, se gosta do Carnaval.
    Parabéns pela talentosa escrita.
    Beijinhos amigos de estima e respeito

    pena

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  23. "Mas que mar é este, anterior às dunas,
    só conhecido pelos náufragos?"

    É sempre um momento mágico este, em que as palavras, como ondas, entram no meu espírito... e qual náufrago da Vida, conhece tão bem este Mar...

    Como Gosto de a ler, Graça!

    Um abraço muito carinhoso ;)

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  24. Esse mar original e proceloso que guardamos nas lágrimas. Doloroso poema. Belo, claro.

    Um beijo.

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  25. Esse poema é maravilhoso. Sempre e sempre, saudades. Beijão.

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  26. Obrigada a todos os que por aqui passaram como quem se deixa levar pelo "voo impreciso dos veleiros"
    Um beijo a todos.

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