9.6.08

Memórias de Dulcineia I

André Kertész


Era tanto o alvoroço dos pássaros
nas árvores mais antigas,
que uma inquieta suspeita
se me ajustou ao coração.
Então tive a certeza que morreste.
Só agora descubro
que esteve ao meu alcance
a tua errância,
a viagem que julguei absurda
e sem destino,
o exílio que abrigavas
dentro do olhar.
Da tua, da minha pátria
te direi: tão ausente de alento,
tão ausente de sonhos.


Graça Pires
De Uma extensa mancha de sonhos, 2008

24 comentários:

  1. Mais um bom poema, Graça.
    Feliz feriado.

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  2. bolas, que triste poema... quase que me senti tb exilada... bolas...

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  3. as árvores mais antigas sopram uma espécie de vento que produz estas palavras divinas, querida graça. o sonho aqui é eterno. obrigada! um grande beijinho.

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  4. Um lindo poema de amor e solidão...
    Gostei muito.

    Beijo.

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  5. Linda Amiga:
    Um poema belo e sentido que fala naturalmente da vida e da morte.
    Os sonhos?
    Esses perdurarão para lá do infinito. Perpetuamente.
    Um poema perfeito numa pessoa perfeita.
    Gostei muito.
    Beijinhos amigos de grande estima e imenso respeito.
    Sempre a admirar o que ternamente "constrói".

    pena

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  6. ... como essa árvore: nodosa, exausta, envolta de pássaros que não ousam pousar; como essa árvore:
    silenciosa, feliz... nessa estranha alegria de finalmente consigo coincidir...
    Um beijo, Graça.

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  7. Que linda poema, tecido com palavras muito inspiradas, mesmo que tenha estado ao seu alcance "a viagem que julgou absurda e sem destino"!
    Não é alegre, mas é muito belo!
    Beijinhos e continue a sonhar!

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  8. nostálgico, mas lindíssimo este poema, Graça! um beijo.

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  9. que bonito!

    abraço,
    scaramouche.

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  10. lindo, como a Dulcineia...

    abraço Graça

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  11. Sabe que sempre aprecio muito o que escreve.
    Bjs

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  12. Oi minha nova amiga Dulcinéia.
    um lindo e belo poema.
    adorei e voltarei sempre aqui.
    beijos da nova amiga.
    regina Coeli.
    Te aguardo no cntin ho da deusaodoya.

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  13. "que uma inquieta suspeita
    se me ajustou ao coração".

    Os sinais estão presentes e actualizam a suspeição. Elidida a angústia instala-se a certeza dos actos definitivos.

    depois...
    ... depois há um interstício de não ser, talvez um silêncio irredutível, um luto indizível, uma queda no abismo.

    Quando retorna a memória, "descubro
    que esteve ao meu alcance..."

    A partida de quem parte fica nos que restam

    e os pássaros quietam-se nos ramos mais baixos das árvores mais antigas.

    Forte e inquietante! deixou-me "abananado" tipo aquela cena "a pensar".

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  14. Excelente poema, Graça!! Adorei. Beijos.

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  15. Vim reler-te...
    Sonhos bons.

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  16. Triste, mas poeticamente encantador. As palavras mesmo tristes são capazes de alegrar o nosso coração tão ávido de sonhos, tão pleno de desilusões.
    beijo no coração

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  17. Toda a Pátria é feita de ausência e de sonhos...

    Bjinho

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  18. e por aqui me "erro" encontrando-me nas suas palavras. amplas e melancólicas.

    Cântido dos cânticos.


    ....tão belo....Graça.

    abraço.


    grato.

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  19. Envio a poesia que se solta destas montanhas; destes verdes e destas frequentes tempestaqdes.

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  20. os pássaros foram presença, no alcance dos meu olhar.

    viajei na beleza e na suavidade do poema

    deixei-me ficar no sonho, aqui sei sonhar

    a ternura de um abraço, querida Poeta

    lena

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  21. nas árvores mais antigas me sinto segura para tentar o meu primeiro voo.
    gostei muito, graça

    abraço
    luísa

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  22. Um dia os pássaros confirmam-nos as suspeitas. E ficamos "ausentes de sonhos"...

    Um beijo, Graça.

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  23. ausente de sonhos... que hão-de vir. um beijinho.

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