21.7.08

O mais secreto brilho do verão

Rachel Giese


Acordei assustada: tinha cortado
os pulsos para matar a sede.
Agora que a sede sangra nos meus lábios,
devoro, gota a gota, o hálito da terra,
ou o cheiro dos morangos,
ou, apenas, o sangue das palavras.
E arrasto o dia pelas sombras,
bebendo, devagar, o mais secreto
brilho do verão.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

30 comentários:

  1. "...bebendo, devagar, o mais secreto
    brilho do verão."

    e que nesse brilho, esteja a esperança de todos nós...

    Um abraço carinhoso e muito grata pelas suas palavras de carinho e incentivo.

    Bj

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  2. e esta manhã acordei com as mãos feridas,de tanto procurar uma metáfora que me fugiu no vento.


    e a alma a morrer,lentamente...

    maré

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  3. ...para que haja sempre o calor do sol

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  4. Ainda bem que a 'sede' você mata com o mais puro sangue metafórico de palavras.
    Saudades, minha querida, nesse pedaço de além-mar.

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  5. Um rio...
    (a beleza das palavras)

    abraços!

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  6. Brilhante Amiga:
    Um poema arrebatador e fascinante que delicia pela imensa significação bela.
    Criada com fíguras linguísticas admiráveis de beleza.
    "Acordei assustada: tinha cortado
    os pulsos para matar a sede."

    Um belo momento de Grandiosa poesia.
    Parabéns sinceros. Adorei!
    Bj amigos de respeito, admiração e estima
    Sempre a admirar o que escreve com genialidade imensa

    pena

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  7. As fortes sedes explodindo nas artérias do verão.
    É tão bom ler-te, Graça.

    Beijo.

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  8. Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão.

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  9. O poema está bem escrito , como sempre...mas arrepiou-me a ideia de beber o próprio sangue para matar a sede, perdoa.
    Feliz semana.

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  10. Sede profunda e infinita...
    As imagens poéticas são impressionantes, sublimes. A fotografia fabulosa.
    Beijo

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  11. Lindíssimo e cheio de força!! Beijos.

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  12. Obrigada, Graça. Perdoa-me as ausências... Um grande beijinho. (não é preciso elogiar-te, pois não? às tantas, a repetição começa a tornar as palavras ocas... prefiro saborear o que escreves).

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  13. Gosto muito da força que seus poemas expressam, Graça.
    Um beijo.

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  14. é a força do universo que desabrocham do teu poema

    bj

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  15. Lindíssimo, Graça. Tenho andado muito afastada mas com saudades.
    Sinto muito a falta da leitura dos teus poemas, que sempre me deixam com um sorriso nos lábios e, por vezes, uma teimosa lágrima a rolar pela face.
    Vou voltando quando posso.
    Beijos ternos, minha amiga.

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  16. o brilho do próprio sangue, o brilho das próprias palavras. que seja inspirador.

    bjos.

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  17. No seu poema, Graça, encontro como que um fulgor subterrâneo, talvez o da própria criação poética, essa urgência sem apelo que tantas vezes abusa do próprio criador e se alimenta dele. Mas vale a pena correr o risco.
    Um beijo, uma boa noite.

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  18. De tão seca a boca fez-se terra.
    Nela desenhei um árvore...
    E cada vez que o orvalho se faz vida em suas folhas,
    é de sangue a cor que nasce nelas.

    Para que sempre continue a lê-la e a encontrá-la por outras ruas.
    beijo com admiração

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  19. São esses imponderávies "secretos" os mais importantes! Belo!

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  20. Matar a sede com o sangue da terra
    ou com a beleza das palavras é,
    por vezes, como neste caso, a mesma coisa...
    Um beijo (regressado)

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  21. o mais secreto
    brilho do verão.
    --------------
    Ou serão 'os sonhos de Verão'. E com o terminar do mesmo (o Verão), eles serão apenas uma doce recordação.
    Fica bem.
    E a felicidade por aí.
    Manuel

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  22. a tua poesia é sempre muito "cuidada" e muito bem trabalhada.

    escreves muit bem.

    beij

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  23. Eu gosto muito de poesia e, quando leio os seus poemas, fico extasiada com o seu poder de criação!
    Bem-haja!
    Beijinhos

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  24. "E arrasto o dia pelas sombras..."
    Adorei!
    Desejo um bom fim de semana com SOL, sombra para refrescar e uma companhia amiga para conversar.
    Um beijo grande.

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  25. como a loucura de um sonho se transforma em belíssimas palavras


    abraço

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  26. o Verão vai-me correndo sangrento de cansaço e de sono...

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  27. Reli com prazer e emoção...

    Deixo um beijo ;)

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  28. " a sede do infinito que nos salva"... diz a Graça no blog da isabel, que bom puder ler e aprender a visao sua que me reconstroi a pouco e pouco e me leva nos seus pulsos , fontes e sôfregos alimentos da nossa terra, do corpo e dos làbios.
    Nao me canso de andar a " doer " neste espaço, ancolie et espoir se mélangent comme pour nous brûler des peines, nos secousses.
    merci d'être passée chez-moi, vos mots, as suas palavras sempre apontam o que diz o poema por dentro.
    Beijo de paris , acompanha-me hoje pelo marais, je peux?
    Bjos
    LM

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