David Valle
Junto ao pelourinho da cidade
as gaivotas convivem com as pombas.
Que aventuras permutam entre si,
quando as manhãs de janeiro
se decoram de quantas viagens
nos cabem nos olhos?
Em seu lento voo, as gaivotas
transportam as habitações sem alma
para incendiar as quilhas
com que as pombas hão-de reinventar
a cúmplice peregrinação da luz.
Este é o tempo em que amamos
o desamparo das mãos.
Os mastros, donde avistámos o sul,
ainda são os mesmos.
Graça Pires
as gaivotas convivem com as pombas.
Que aventuras permutam entre si,
quando as manhãs de janeiro
se decoram de quantas viagens
nos cabem nos olhos?
Em seu lento voo, as gaivotas
transportam as habitações sem alma
para incendiar as quilhas
com que as pombas hão-de reinventar
a cúmplice peregrinação da luz.
Este é o tempo em que amamos
o desamparo das mãos.
Os mastros, donde avistámos o sul,
ainda são os mesmos.
Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996
Apesar da beleza do poema nunca me esqueço do estado em que me deixam o carro.
ResponderEliminar:)
Bela abertura de ano, Graça.
ResponderEliminarPrefiro o voo dos pombos.
Se bem que o filme «João Capelo Gaivota» tenha sido uma magnífica reabilitaçao das gaivotas.
Como a distância entre o Terreiro do Paço, o Município e Belem, afinal, até nem é grande, eis-nos perante um exercício «Manuelino»
Bjs
Um poema calmo. Assim o senti. De gaivotas...muitos beijos.
ResponderEliminarAsas que se entremeiam a memórias, indagações, reinvenções da luz e constatações que levam ao vôo maior que é a poesia.
ResponderEliminarUma peregrinação pela beleza das tuas palavras.
ResponderEliminarsó voar é preciso...
ResponderEliminarUm abraço!
os pássaros ....
ResponderEliminaro voo que Tu persegues....e alcanças.
sem sombra de espanto.
antes a mesma certeza dos teus livros....que re.leio.
voando. em silêncio.
sou-te grata GRAÇA!
sim, uma bonita aventura, com olhos para sul...
ResponderEliminarabraço Graça
Tu te tiens dans l´air
ResponderEliminarqui ne te retient pas.
Jean L.Giovanoni, Pas Japonais, p.45
...o desamparo das mãos, a sul, os pássaros, a elevação...
Um grande abraço Graça
e as tuas palavras voam nas asas das pombas...
ResponderEliminar****
E nós quem somos agora?!
ResponderEliminarBom Ano, Poetisa!
Uma brilhante reecontro disputado pela Luz, num fascinante poema sensível de beleza e imensa agradabilidade de ler e "escutar" com atenção pela sua gigante significação.
ResponderEliminarDeixou-a com um extrato de um texto meu:
A Pérola preciosa que é a Felicidade quando surge e nos abarca com encanto e magia, não se consegue descrever. Está assente num cantinho precioso de nós!
É intransmissível! É nossa! Faz parte do que nós somos!
Basta um só gesto. Basta um só sorriso! Um só acto. Um semblante emanando simpatia. Muita simpatia!
Porque não havemos de ser simpáticos para com todos?
Beijinhos de respeito.
É agradável lê-la.
Ano perfeito de 2009.
Com cordialidade e simpatia
pena
Obrigado pela sua visita ter excedido a simples cortesia.
ResponderEliminar"...a cúmplice peregrinação da luz..."
Os animais migrantes percorrem enormes distâncias e voltam sempre.Não creio que o façam por se lembrarem.De igual modo a escrita se dirige para dentro...
Sou uma espécie de animal migrante deste seu refúgio...
para abertura de ano, aqui nos deixa mais um belo poema.
ResponderEliminaresta frase está sublime:
Este é o tempo em que amamos
o desamparo das mãos.
fica um beij
"os mastros de onde avistámos o sul"
ResponderEliminar.
.
.
e navegam os olhos
uma rota
voo gaivota
nos dedos-navio
do poeta
______
sempre, reabilitada
com um beijo Graça
Maravilhoso, empolgante viagem sempre nas suas maos!
ResponderEliminarLindo convivio entre passaros, magnifico poema.
merci mon amie,
beijinhos de paris,
LM
Venho saudá-la
ResponderEliminarneste dia dos primeiros do Novo Ano.
Bjs
Mais um belo poema, amiga.
ResponderEliminarOs pássaros e a sua liberdade sempre me atraíram. Como é bom voar ainda que com os pés assentes na terra. É a poesia!
Beijinhos
Ternura Amiga:
ResponderEliminarDeixo a sua inconfundível beleza e enorme encanto com um extrato de um texto meu:
Neste Ano Novo de 2009, acreditem em Vós e acreditem que há sempre um lugar para a Felicidade.
Sinto perplexidade e espanto quando me assolam pensamentos que advêm de seres infelizes, descrentes de uma felicidade que tarda a chegar, não sei por que razão.
Nem que seja por instantes. Presentes. Pausadamente respirados. Ou sôfregos. Emotivos. Ou frios. Doces. Ou distantes. Ternos. Ou sem ternura. Alegres. Ou tristes.
Mas, intensamente vividos. Plenamente! Repletos de autenticidade. Verdadeiros. Sentidos. Únicos.
A Felicidade também pode ser sofrida. Angustiada porque não surge camuflada, escondida. É real ou sonhada em sonhos bons.
Beijinhos de um sonhador ignorado do mundo...com muito respeito, estima e um "sentir" gigantesco de amizade e encanto pelo que carinhosamente "constrói" com dedicação imensa...
Com cordialidade sentida e sincera
pena
OBRIGADO por existir!
Os mastros onde avistamos o sul, ainda são os mesmos- Muito belo este final, um bom poema para começar o ano, desde o mesmo mastra, talvez, mas com a confiança renovada na procura.
ResponderEliminarUm beijo
Um bater de asas e toda a magia do voo...
ResponderEliminarAcho maravilhosa a frase:
"Este é o tempo em que amamos
o desamparo das mãos"
Beijo.
Por momentos, a maresia deste poema limpou-me o peito e fez-me voar...
ResponderEliminarObrigada, obrigada, obrigada.
Pelo menos voam sem a obrigação de fechar os olhos.
ResponderEliminarMuito obrigada Graça pela arte mágica das suas palavras. Um grande abraço
ResponderEliminare depois de muito voar na procura de palavras que calem, plano aqui de novo. assim como quem sempre regressa. em gratidão.
ResponderEliminarpois.
beijos e silêncios.
Tudo de bom
ResponderEliminarapesar do tempo que faz
antes que ardam
as velas
Lindo poema, Graça.
ResponderEliminarCom a cumplicidade da peregrinação da luz te desejo um Bom Ano.
Um abraço.
um beijinho, graça. gostei muito deste texto (...) há uma certa melancolia no voo dos pássaros e lisboa sem eles não teria o mesmo encanto. deixo-te um abracinho de amiga e que 2009 seja muito bom e cheio de coisas simples daquelas que ficam;)
ResponderEliminarO mais importante do poema, para mim, é o que as gaivotas disseram às pombas e o que as pombas disseram às gaivotas. Não sabemos. Mas gostava de saber. Porque gosto muito de pombas. E gosto de gaivotas. E acho que deviam fazer amor para que nasça um pássaro filho de pombo e de gaivota. Isto é, da terra e do mar. Esse pássaro será completo, se o amor for bem feito e os genes bem distribuidos.
ResponderEliminarBom Ano, querida amiga.
Beijo de gaivotão.
EA
mas as gaivotas são agrestes apesar do seu voo ser magnifico
ResponderEliminarPela qualidade do seu blogue, decidi partilhar consigo o Pémio Dardos.
ResponderEliminarPasse pelo meu cantinho.
Um beijo
alexandre
que os homens aprendam com as gaivotas e pombas permutar a grande aventura em busca da Paz.
ResponderEliminardeixo o meu abraço fraterno, nesse momento em que minh'alma contristada dirige uma oração pelo término do massacre contra os irmãos palestinos.
Graça..............
ResponderEliminar(não mereço...não...as palavras na dispersa palavra....)
.
abraço. bom.
infelizmente por entre gaivotas e pombas e a doçura de seu voo planado, adejam os falcões. predadores.
ResponderEliminartempo de desamparo das mãos. tens razão.
comovente poema.
beijos
...e como doem as mãos desamparadas.
ResponderEliminarQue tenhas as romãs que desejas neste Dia de Reis: as minhas te aguardam lá em casa.
Um Dia feliz, Graça!
...
ResponderEliminarsaio
em peregrinação da Luz.
um beijo
Querida Graça Pires,
ResponderEliminarMais um belíssimo poema, fruto da fortuna criadora de uma alma sonhadora. Parabéns!
Mas, venho também em o Ortografia do olhar agradecer-lhe o envio dos livros. Sim, eles chegaram!
Você não calcula a minha alegria ao recebê-los. Estou encantada com o seu delicado gesto, e irei degustá-los com os sentimentos e os cuidados devidos.
Inicialmente, parabenizo-lhe pela boa escolha dos títulos e bom gosto na apresentação visual-gráfica das obras. Belo!
Querida amiga,
“eu não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos” (Graça Pires, 2007), porém percebo que:
“Em seu lento vôo, as gaivotas
transportam as habitações sem alma
para incendiar as quilhas
com que as pombas hão-de reinventar
a cúmplice peregrinação da luz”.
Que bom que nesses vôos [de poetas] podemos nos encontrar!
Muitíssimo grata por sua generosidade.
Forte abraço,
Hercília Fernandes (RN-Brasil).
Olá
ResponderEliminarlindíssimo como sempre...
ResponderEliminarque 2009 decorra com saúde, amor, sonhos e muita felicidade...
abraço
Véu de Maya.
Confesso que não consegui descodificar satisfatoriamente o teu poema.
ResponderEliminarTalvez devido ao cansaço após um dia de trabalho.
Mas voltarei, e em voo picado (espero não afugentar a passarada...) descerei ao âmago do poema, entrarei nessas "habitações sem alma", que ainda não sei quais são (vou entrar nas casinhas da obra e ver se as gaivotas, umas porcas, cozinham e comem no mesmo sítio...), e aquecerei as minhas mãos nessa luz, que não sei de onde vem... será do calor dos bolsos...?
Resumindo, às vezes és mais difícil que o Camões...
Um beijo.
Cidade de cumplicidades partilhadas: as gaivotas trazem o que depois os pombos iluminam...
ResponderEliminarao contrário do desamparo das mãos.
Foi o que consegui ler...
Um beijo, Graça.
"Este é o tempo em que amamos o desamparo das mãos."
ResponderEliminarQuanta beleza na força desta frase.
Lindo. Um olhar único de poeta sobre a cena.
ResponderEliminarbeijo no coração
Muto belo! Muito dor!!!
ResponderEliminarBj
Maria Mamede
Mestra,
ResponderEliminarMajestoso lirismo.
Li, reli, voltei a ler. Hoje quero adormecer pensando nessas aves.
Um beijo,
Chico
os mastros, de onde avistámos o sul, são ainda os mesmos e, os homens continuam sem seguir o exemplo das gaivotas e das pombas...
ResponderEliminar«Este é o tempo em que amamos
ResponderEliminaro desamparo das mãos.»
Belíssismo, Graça!