Ana Pires
Aqui, na fenda da rotina onde o outono aquece
vou desenhar a sede, lentamente.
Já não falo de nós, peregrinos
das rotas que inventámos.
Por dentro das metáforas violo,
apenas, os limites do sossego e desfaço
todos os nós do medo no fulgor livre do verbo.
É morno o gesto com que percorro
os momentos inquietantes do quotidiano.
Imagens e sons são, quase sempre,
o fundo falso onde, de forma ambígua,
me escondo para representar todos os rituais,
sagrados e profanos, do dia a dia.
Aquém de mim acendem-se todos os mares
e, na voz dos marinheiros, pergunto ao sol
se pode ser eterna a sombra de um barco.
Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1994
Aqui, na fenda da rotina onde o outono aquece
vou desenhar a sede, lentamente.
Já não falo de nós, peregrinos
das rotas que inventámos.
Por dentro das metáforas violo,
apenas, os limites do sossego e desfaço
todos os nós do medo no fulgor livre do verbo.
É morno o gesto com que percorro
os momentos inquietantes do quotidiano.
Imagens e sons são, quase sempre,
o fundo falso onde, de forma ambígua,
me escondo para representar todos os rituais,
sagrados e profanos, do dia a dia.
Aquém de mim acendem-se todos os mares
e, na voz dos marinheiros, pergunto ao sol
se pode ser eterna a sombra de um barco.
Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1994
Um belíssimo poema!! Beijinhos
ResponderEliminarO Outono aquece a alma com cores ricas...
ResponderEliminarAs sombras são sempre eternas...
Brilhante..
Beijos e abraços
Marta
Bom dia, Graça! Lindo poema que deve ser lido com atenção pelo fulgor dos versos.
ResponderEliminarCarinhoso beijo, amiga.
Gosto muito deste poema, desde que o li pela primeira vez.
ResponderEliminarQuanto à fotografia é excelente, confirmando o talento da autora.
Manuel Lourenço
a busca de uma «sombra» nos caminhos do nosso quotidiano
ResponderEliminarou
a aceitação dessas sombras de que são feitas as jornadas do outono.
muito belo. um beijo.
Lindo poema,com as metáforas trasnbordando de beleza e cores.Maravilhoso!Parabéns e um grande abraço.
ResponderEliminarSr. Anonymous, tambem partilho da mesma opinião em relação ao poema, aliás, todo esse livro.
ResponderEliminarEm relação à fotografia, a autora agradece.
Ana
Graça,
ResponderEliminarsua escrita em linguagem poética é sempre bem cuidada e de uma profundidade lírica e beleza notáveis ! Tenho apreciado muito seu blog, o qual já linkei no meu espaço Sempre Poesia. Obrigada pelo carinho de suas visitas e gentis comentários. Bj.
Estação tão encantadora o Outono, aquece o coração as cores...o cheiro a folhas caídas...
ResponderEliminarBeijinhos soprados com a brisa do Outono
Susana
Apenas...um beijo
ResponderEliminarque o poema, cala fundo, e não sobram palavras.
Ana
Oh, Admirável Poetiza Amiga:
ResponderEliminar"...Por dentro das metáforas violo,
apenas, os limites do sossego e desfaço
todos os nós do medo no fulgor livre do verbo..."
Fabulosa sensibilidade poética extraordinária e maravilhosa.
De fascinar, deliciar e encantar.
Parabéns sinceros. Adorei.
Beijinhos amigos de imenso respeito e estima.
Sempre a admirar a excelente e fantástica poetiza que é.
pena
Maravilhosa sensibilidade, amiga de maravilhar...
OBRIGADO pela simpática visita.
MUITO OBRIGADO sentido.
Gostei bastante do nome do blog. É que há olhares que nos escrevem.
ResponderEliminarLindo poema!
ResponderEliminarAs 4 estações sempre inspira bons poemas!
bjss
lindo...
ResponderEliminarabraço Graça
A sombra eterna de um barco...
ResponderEliminarum silêncio percorre o fim deste poema,como se uma nuvem nos escondesse do sol.
Gosto do outono, é um entre-dois, uma respiraçao calma, uma melancolia avermelhada.
merci de vos mots, les seuls qui s'inscrivent dans mon mur,
ils sont les plus attendus.
mil beijos, passe sempre, eu nao posso deixar de vir sentir este devagar poético do seu escrever.
Paris,
LM
Os homens do mar
ResponderEliminarnão mentem
Sempre belo
Bjs
Graça,
ResponderEliminarVocê escreve com o coração, por isso sinto pulsar suas palavras.
Beijo grande, menina linda.
Rebeca
-
G.
ResponderEliminarmais um poema muito bom e como pano de fundo a inspiração no mar, e no outouno.
palavras suaves e bonitas.
bom fim de semana e um beij da
Pi
re.vim "profanar" este "meu" espaço. outono-me de marés e de sossegos cálidos. levo as páginas certas do prazer de regressar. sempre.
ResponderEliminarbeijo Graça!
(imf)
Lindo poema, Graça.
ResponderEliminarUm bom fim de semana.
"É morno o gesto com que percorro os momentos inquietantes do quotidiano"
ResponderEliminarMuito poética esta forma serena de falar de Outono. Lindo, como tudo o que escreves...
A foto da Ana adapta-se de modo perfeito ao poema. Gostei muito e acho que ela tem imenso talento. Parabéns!
Beijo.
em rotas inventadas
ResponderEliminardesenhadas
eu diria que sim
é eterna
a sombra de um barco
...e aqui encontrei um caderno de duas linhas de que gostei
Manuela Baptista
aquém de mim, no lugar undecifrável onde os barcos ancoraram, recolho o fogo posto das minhas mãos. Vou desenhando a absurda realidade do sol, antevendo as rotas mais frias do inverno que vai congelando os verbos.
ResponderEliminar_____
e enquanto o sol repousa, o meu verbo é: GOSTO !
GOSTO TANTO DE TI GRAÇA
UM BEIJO MINHA AMIGA, IMENSO
Belo poema que fala do meu amado Outono,onde mudam as coisas de lugar...
ResponderEliminarum beijo
Que maravilha Graça!
ResponderEliminarEncontro-me no seu poema! Inteiramente! As imagens que nos dá são belas! Um grande beijinho
Oi Graça, voltei para dizer que há uma surpresa para você lá no Maria Clara simplesmente poesia ( link no meu blog)... Espero que aprecie. Bj,
ResponderEliminarÚrsula
http://mariaclara-simplesmentepoesia.blogspot.com
Eterna é a luz do poema.
ResponderEliminarBeijos
Oi Graça,
ResponderEliminardeixei registrado lá no Maria Clara meu agradecimento por sua visita e gentil comentário. Quero que saiba que a minha intensão não foi explicar a arte literária e a criação poética através da psicanálise, até porque isso seria limitar o rico universo literário. A poesia é muito mais ampla do qualquer abordagem teórica sobre o tema. Ela envolve múltiplos aspectos que não podem se limitar á especificidade de um olhar ou de outro. Eu quis apenas sinalizar a presença de aspectos inconscientes na escrita poética feminina que muitas vezes aparecem nas entrelinhas, nas metáforas, nos sentimentos do eu-lírico que marcam os versos de um poema. Embora exista uma frase popular que diz que FREUD EXPLICA, isto é inverdade, pois a psicanálise não pretende explicar nada, apenas ajudar na compreensão de fenômenos psíquicos que perpassam a vida humana. Espero que vc tenha compreendido o que eu disse. Obrigada por seu carinho. Bj.
Muitos parabéns, Graça. Tal como os outros textos já nos habituaram, também este é lindo, profundo, sentido. Obrigada, é um prazer ler o que escreve. um beijo.
ResponderEliminaros momentos inquietantes do quotidiano.
ResponderEliminar-----------
A inquietação faz parte de nós. E quando conseguimos ter paz, a doçura é um bálsamo.
----------
Fica bem.
E a felicidade por aí.
Manuel
gosto sempre das palavras que leio por aqui.
ResponderEliminarum beijo
A tua poesia já era excelente há 15 anos... Quando eu for grande gostava de escrever tão bem como tu...
ResponderEliminar"Imagens e sons são, quase sempre,
o fundo falso onde, de forma ambígua,...".
Belíssimo querida amiga. Foste, és e serás uma grande poetiza.
Beijo.
Saudades de a ler. Saudades de percorrer estes caminhos povoados das cores quentes do Outono.
ResponderEliminarUm abraço saudoso
Um poema muito belo que nos transporta ao Outono das nossas vidas.
ResponderEliminarLindo quando diz "e, na voz dos marinheiros, pergunto ao sol
se pode ser eterna a sombra de um barco.".
Sim, a luz do sol, há-de eternizar decerto a sombra de um barco, de todos os barcos!
Um beijinho.
Muito belo Graça é um prazer enorme
ResponderEliminarfluir por entre tâo belas imagens.
Uma rota que criaste e muitas sâo as vezes, que eu as percorro pois enriquecem-me.
Obrigado plas visitas
beijos
josé
Um Outono Onde uma poetiza fascinante deslumbra. VOCÊ!
ResponderEliminarBeijos.
Com respeito imenso pela sua grandiosidade e grandeza.
pena
gostei das sombras dos barcos...das cores do poema.Lindo Graça
ResponderEliminarDecididamente gosto muito de seus poemas, Graça. Acima de tudo porque dizem as coisas impossíveis de serem ditas em outra linguagem senão a do poema.
ResponderEliminarBeijo amigo.
Passei para te deixar um terno beijo...
ResponderEliminarque belo! esse poema podia ser uma canção,
ResponderEliminarbeijos
Começo por dizer que não gostei dos resultados das eleições...
ResponderEliminarpor isso, essa do povo é quem mais ordena, já estou como o Jardim, devem todos ter enlouquecido!!!
Como pode imaginar não tenho tido muito tempo...só hoje vim à blogosfera e visitar alguns blogs.
Do fundo do coração estou muito desiludida...
Fiz quase 100 convites para a inauguração da minha exposição - sábado passado, dia 19...
Tou triste.
Sabe porquê?
Tantas pessoas que têm a oportunidade de ver outra cultura, outro povo através dos olhos de quem lá esteve...
será que "alguém" vai lá ver?
Dentro de 4 dias já será desmanchada, é uma pena...
Abraços.
Boa semana.
belíssimo como a aventura nos mares...
ResponderEliminarbeijinho,
Véu de Maya
kerida Graça
ResponderEliminar...parabéns!
...adoro poesia.
a tua mensagem é bela!
xis létinha
Néctar da Flor oferece mais um selo para os amigos. Dessa vez é o Selo Criativo que entra na roda dessa nossa felicidade. Não existem regras, apenas levem mais um dengo nosso e deixem a originalidade do seu blog falar por si.
ResponderEliminarBeijos jogados no ar, sempre!
-
"na fenda da rotina ... limites do sossego ... rituais sagrados"
ResponderEliminaroutono,
camaleão de sensações!
beijos
Vicente
Graça
ResponderEliminarO Outono aquece e este poema também porque de alguma forma consegue colocar por escrito muito do que sentimos e não sabemos exprimir.
Obrigado e um abraço
"Aquém de mim acendem-se todos os mares e.....de um barco". As nossas perguntas infalivelmente sem respostas e, por isso, necessárias.
ResponderEliminarComo escreves bem, Graça.
Beijo.
poema lindissimo como é teu habito!
ResponderEliminarBeijinho de lua*.*
vim trazer-te um beijo.
ResponderEliminarporque sim
porque me apeteceu reler este belo poema como quem recebe e dá um abraço.
Porque há as raras pessoas que se nos adentram no coração e são-lhe sol e margens
...porque sim!
fundo(s) falso(s) que evoca(m) jardins proibidos. e secretos...
ResponderEliminardeslumbrante poema.
beijos
Lindo poema!
ResponderEliminarNa fenda da rotina onde o outono aquece...
É sempre um prazer ler os seus poemas.
bjs
Muito bonito e bom para lavar a lma desta sujeira a que a politiquice nos está sujeitando.
ResponderEliminarUm abraço.
A sombra de um barco não pode ser eterna, mas a beleza da sua poesia, é-o certamente.
ResponderEliminarBj
Nada é eterno, tampouco a sombra de um barco que sempre percorre diferentes mares. Mas eternas são tuas palavras, tua poesia.
ResponderEliminarE muito me alenta esse partilha.
beijos
suave
ResponderEliminarquanto a leitura
o poema abre.se
belíssimo
.
um beijo