17.8.11

Qualquer gesto

Munch

Era quase a manhã a sangrar nos pulsos.
Qualquer gesto seria inútil para entoar
todos os silêncios que enchem a noite.
Eu podia esperar à beira-mar o amanhecer
ou os amigos a quem a errância dos mastros
rodeia a garganta.
Podia adormecer sob as águas onde se escondem
as quilhas seduzidas pela voragem.
Podia, eu sei, abraçar os navios
ou ser a asa e o voo das aves solitárias.

Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

43 comentários:

  1. atravesso o silêncio

    "esconjuro os sustos"

    abertas, estão, todas as janelas.

    Abraço, Graça

    ResponderEliminar
  2. Minha cara poetisa Graça Pires;
    Excelente poema com versos e metáforas lindíssimas.
    Parabéns pelo seu enorme talento.

    ResponderEliminar
  3. Graça, querida!
    Sempre que aqui retorno, sinto uma sensação de preenchimento; são as tuas palavras que precisam me habitar todo o tempo. Sinto saudade também. Apesar de que, com a tua poesia estou sempre.
    Retorno e vejo quantas postagens perdi, vou recuperar cada uma delas.
    Fiz postagem nova, tento voltar. E aqui estou.
    beijo em teu coração mais do que poético.

    ResponderEliminar
  4. É certo que sim...podia. Um beijo.

    ResponderEliminar
  5. ouvi o eco do teu silencio

    e vim.

    beijos minha amiga!!

    ResponderEliminar
  6. E diante de tantas alternativas...
    decidiu adormecer sob as águas?
    Sonhou que remava...remava... remava...
    Depois, que criou asas e voava...
    voava... voava bem alto!!!
    Voos alternantes, entre altos e rasantes...
    Voava uma ave solitária, tão solitária quanto antes...
    do sonho.
    Bjs
    com carinho
    da
    Fátima

    ResponderEliminar
  7. Linda a imagem,lindo o poema!
    O amanhecer é lindo, sobretudo à beira-mar.

    Beijinhos

    Bem-hajas!

    ResponderEliminar
  8. Graça,

    Volto de uns dias de férias com saudades das tuas palavras!...


    Beijos,
    AL

    ResponderEliminar
  9. Chegar de paisagens tão belas como as que vou colocar no blog e encontrar um poema tão belo com o teu ...é um privilégio!

    Um enorme abraço, linda

    ResponderEliminar
  10. podias ser tudo, nos labirintos do poema...

    beijinho Graça

    ResponderEliminar
  11. Lindo, Graça.
    Quando a leio sinto-me capaz de escrever tudo.

    ResponderEliminar
  12. A primeira frase por si já é um poema grande, as outras acompanham-na na perfeição.

    ResponderEliminar
  13. Consagrada Poetiza Amiga:
    "...Podia adormecer sob as águas onde se escondem
    as quilhas seduzidas pela voragem.
    Podia, eu sei, abraçar os navios
    ou ser a asa e o voo das aves solitárias..."

    Que "coisa" mais perfeita, majestosa e linda.
    Fiquei mudo sem conseguir articular um som ou gesto.
    É extraordinária.
    Abraço amigo de pureza pela sua beleza poética.
    Com estima e respeito.
    Honra-me, a sua preciosa amizade.
    Com admiração sempre e constante.

    pena

    Linda.
    Bem-Haja, pelo seu talento mágico e doce.
    Adorei.

    ResponderEliminar
  14. ...lindíssima e poética
    como sempre!

    bjs, alma linda!

    ResponderEliminar
  15. Querida amiga,

    Uma bela imagem, uma bela poesia e o leitor navegando nos seus belos versos. Obrigada!

    Beijos com carinho, Graça.

    ResponderEliminar
  16. Foi Bom ler-te


    Deixo-te a nossa flor de beleza invulgar.
    revivi-as agora em S.Tomé trouxe pés com raiz e terra mas...não tive sorte...

    è mesmo a minha flor




    A ti...
    Flor de porcelana...
    Que no meu jardim...
    Floria...
    E me deixava feliz...
    E que recordo...
    Com muita saudade...
    E deixo...
    Nestas linhas...
    Uma singela homenagem...
    À flor...
    Mais linda...
    Que Angola tem...
    E que o mundo já viu...

    LILI LARANJO

    ResponderEliminar
  17. 'Tarde de maio, sou o que vaga -
    e as aves sonolentas retornam á casa.'

    Um poema curtinho que enviei a você, senti identidade com teu poema 'Qualquer gesto'. Maravilha. Bjos, obrigado pela linda presença e amizade.

    ResponderEliminar
  18. Ah, esqueci de dizer: a foto do Munch é maravilhosa também. Bjos.

    ResponderEliminar
  19. Bela conversação entre as palavras do poema e as cores do Munch,

    gostei muito,

    um beijo!

    ResponderEliminar
  20. Podias, sim, minha amiga... mas podes neste belo poema dizer como se faz a catárse.

    ResponderEliminar
  21. Há silêncios que não se devem perturbar...

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  22. fantástico poema, amiga!!!

    muitos abraços!!!!
    jorge

    ResponderEliminar
  23. Não sei quantas vezes recisava de ler e reler este poemas para lhe abarcar todo o sentido!
    Profundo como as águas
    Verde como os pensamentos
    Translúcido como os desejos!

    Parabéns, uma vez mais.
    Graça

    ResponderEliminar
  24. "...Podia, eu sei, abraçar os navios / ou ser a asa e o voo das aves solitárias."

    Imagens poéicas lindas demais!
    A pintura de Munch é igualmente bela.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  25. Qualquer gesto pode transformar o silêncio e a solidão....
    Talvez ser a asa e passear por entre a brisa.....
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
  26. E mais um poema saído do teu coração...que sempre o achei belo!
    Saudades. Beijos no teu coração lindo

    ResponderEliminar
  27. podia e é. asa. e voo. e abraço.

    beijo.

    ResponderEliminar
  28. É na solidão que a escrita se cria e consome.
    Um excelente fim-de-semana, amiga.

    ResponderEliminar
  29. Que paz... e ao mesmo tempo, que força!

    beijinho

    ResponderEliminar
  30. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog Krasivo. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs

    Narroterapia:

    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.

    Abraços

    http://narroterapia.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  31. como as aves solitárias te deve ficar gratas. nesse (teu) enlace!

    belíssimo

    beijo

    ResponderEliminar
  32. Deliciosamente belo este poema seu, querida Graça.Sente-se as palavras no eco do silêncio. Mestria na arte das palavras.
    Poema e imagem de beleza sublime.
    Bjito amigo e uma flor.

    ResponderEliminar
  33. Olá Graça, bom dia.
    ..é... às vezes, mesmo sabendo que poderíamos tanta coisa,ficamos na nossa concha às espera das vagas!
    Bjs. Amiga
    M.M.

    ResponderEliminar
  34. Olá Graça, bom dia!
    Há pouco tentei deixar o meu comentário e não me parece que tenha ficado.
    Daí, volto agora para te deixar o meu abraço e o meu obrigada pela beleza com que sempre me/nos presenteias.
    Bjs.
    M.M.

    ResponderEliminar
  35. e por vezes o silêncio rebenta no mar e no abraçar e afagar os navios...

    um beij

    ResponderEliminar
  36. as asas solitárias... a imagem é belíssima...Graça, seu poema é céu aberto

    ResponderEliminar
  37. Pois, podia...

    [lindo]

    Beijinhos, Graça

    ResponderEliminar
  38. Tua presença é constante
    a saudade permanente;
    vejo-te nas estrelas
    sinto a tua luz...

    Marisa de Medeiros

    Amor & Paz prá voce! M@ria

    ResponderEliminar
  39. ...e fez se eco...de um silêncio doce...
    Doce Graça
    ****

    ResponderEliminar
  40. Podia tudo, mas quedo-me a falar do sangue das manhãs.

    Tão bonito, tão verdade, tão teu, Poetisa.

    Beijos, Graça.

    ResponderEliminar
  41. Todos nós poderíamos ser essa ave solitária, habitar o fundo dos sonhos, e de uma maneira os somos na esfera poética, domínio sagrado que nos redime, nos irmana com o princípio eterno, pleno.
    Bjos, minha querida amiga.

    ResponderEliminar
  42. Um olhar por inteiro, que não se satisfaz na tentação do voo da ave solitária...

    Beijo :)

    ResponderEliminar