17.8.11

Qualquer gesto

Munch

Era quase a manhã a sangrar nos pulsos.
Qualquer gesto seria inútil para entoar
todos os silêncios que enchem a noite.
Eu podia esperar à beira-mar o amanhecer
ou os amigos a quem a errância dos mastros
rodeia a garganta.
Podia adormecer sob as águas onde se escondem
as quilhas seduzidas pela voragem.
Podia, eu sei, abraçar os navios
ou ser a asa e o voo das aves solitárias.

Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

43 comentários:

Anónimo disse...

atravesso o silêncio

"esconjuro os sustos"

abertas, estão, todas as janelas.

Abraço, Graça

carlos pereira disse...

Minha cara poetisa Graça Pires;
Excelente poema com versos e metáforas lindíssimas.
Parabéns pelo seu enorme talento.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Graça, querida!
Sempre que aqui retorno, sinto uma sensação de preenchimento; são as tuas palavras que precisam me habitar todo o tempo. Sinto saudade também. Apesar de que, com a tua poesia estou sempre.
Retorno e vejo quantas postagens perdi, vou recuperar cada uma delas.
Fiz postagem nova, tento voltar. E aqui estou.
beijo em teu coração mais do que poético.

Paula Raposo disse...

É certo que sim...podia. Um beijo.

Braulio Pereira disse...

ouvi o eco do teu silencio

e vim.

beijos minha amiga!!

Fátima disse...

E diante de tantas alternativas...
decidiu adormecer sob as águas?
Sonhou que remava...remava... remava...
Depois, que criou asas e voava...
voava... voava bem alto!!!
Voos alternantes, entre altos e rasantes...
Voava uma ave solitária, tão solitária quanto antes...
do sonho.
Bjs
com carinho
da
Fátima

Isamar disse...

Linda a imagem,lindo o poema!
O amanhecer é lindo, sobretudo à beira-mar.

Beijinhos

Bem-hajas!

A.S. disse...

Graça,

Volto de uns dias de férias com saudades das tuas palavras!...


Beijos,
AL

São disse...

Chegar de paisagens tão belas como as que vou colocar no blog e encontrar um poema tão belo com o teu ...é um privilégio!

Um enorme abraço, linda

Luis Eme disse...

podias ser tudo, nos labirintos do poema...

beijinho Graça

Laura Ferreira disse...

Lindo, Graça.
Quando a leio sinto-me capaz de escrever tudo.

Carlos Ramos disse...

A primeira frase por si já é um poema grande, as outras acompanham-na na perfeição.

Pena disse...

Consagrada Poetiza Amiga:
"...Podia adormecer sob as águas onde se escondem
as quilhas seduzidas pela voragem.
Podia, eu sei, abraçar os navios
ou ser a asa e o voo das aves solitárias..."

Que "coisa" mais perfeita, majestosa e linda.
Fiquei mudo sem conseguir articular um som ou gesto.
É extraordinária.
Abraço amigo de pureza pela sua beleza poética.
Com estima e respeito.
Honra-me, a sua preciosa amizade.
Com admiração sempre e constante.

pena

Linda.
Bem-Haja, pelo seu talento mágico e doce.
Adorei.

Vivian disse...

...lindíssima e poética
como sempre!

bjs, alma linda!

Desnuda disse...

Querida amiga,

Uma bela imagem, uma bela poesia e o leitor navegando nos seus belos versos. Obrigada!

Beijos com carinho, Graça.

AFRICA EM POESIA disse...

Foi Bom ler-te


Deixo-te a nossa flor de beleza invulgar.
revivi-as agora em S.Tomé trouxe pés com raiz e terra mas...não tive sorte...

è mesmo a minha flor




A ti...
Flor de porcelana...
Que no meu jardim...
Floria...
E me deixava feliz...
E que recordo...
Com muita saudade...
E deixo...
Nestas linhas...
Uma singela homenagem...
À flor...
Mais linda...
Que Angola tem...
E que o mundo já viu...

LILI LARANJO

Fernando Campanella disse...

'Tarde de maio, sou o que vaga -
e as aves sonolentas retornam á casa.'

Um poema curtinho que enviei a você, senti identidade com teu poema 'Qualquer gesto'. Maravilha. Bjos, obrigado pela linda presença e amizade.

Fernando Campanella disse...

Ah, esqueci de dizer: a foto do Munch é maravilhosa também. Bjos.

José Ángel García Caballero disse...

Bela conversação entre as palavras do poema e as cores do Munch,

gostei muito,

um beijo!

hfm disse...

Podias, sim, minha amiga... mas podes neste belo poema dizer como se faz a catárse.

Fá menor disse...

Há silêncios que não se devem perturbar...

Beijinhos

jorge vicente disse...

fantástico poema, amiga!!!

muitos abraços!!!!
jorge

Graça Sampaio disse...

Não sei quantas vezes recisava de ler e reler este poemas para lhe abarcar todo o sentido!
Profundo como as águas
Verde como os pensamentos
Translúcido como os desejos!

Parabéns, uma vez mais.
Graça

teresa p. disse...

"...Podia, eu sei, abraçar os navios / ou ser a asa e o voo das aves solitárias."

Imagens poéicas lindas demais!
A pintura de Munch é igualmente bela.
Beijo.

Marta Vinhais disse...

Qualquer gesto pode transformar o silêncio e a solidão....
Talvez ser a asa e passear por entre a brisa.....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Maria Clarinda disse...

E mais um poema saído do teu coração...que sempre o achei belo!
Saudades. Beijos no teu coração lindo

AnaMar (pseudónimo) disse...

podia e é. asa. e voo. e abraço.

beijo.

lupuscanissignatus disse...

o planar

da

maré


[viva]



*beijo*

Jaime A. disse...

É na solidão que a escrita se cria e consome.
Um excelente fim-de-semana, amiga.

Mofina disse...

Que paz... e ao mesmo tempo, que força!

beijinho

Anónimo disse...

Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog Krasivo. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs

Narroterapia:

Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.

Abraços

http://narroterapia.blogspot.com/

Manuel Veiga disse...

como as aves solitárias te deve ficar gratas. nesse (teu) enlace!

belíssimo

beijo

tecas disse...

Deliciosamente belo este poema seu, querida Graça.Sente-se as palavras no eco do silêncio. Mestria na arte das palavras.
Poema e imagem de beleza sublime.
Bjito amigo e uma flor.

De Amor e de Terra disse...

Olá Graça, bom dia.
..é... às vezes, mesmo sabendo que poderíamos tanta coisa,ficamos na nossa concha às espera das vagas!
Bjs. Amiga
M.M.

De Amor e de Terra disse...

Olá Graça, bom dia!
Há pouco tentei deixar o meu comentário e não me parece que tenha ficado.
Daí, volto agora para te deixar o meu abraço e o meu obrigada pela beleza com que sempre me/nos presenteias.
Bjs.
M.M.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

e por vezes o silêncio rebenta no mar e no abraçar e afagar os navios...

um beij

Adriana Riess Karnal disse...

as asas solitárias... a imagem é belíssima...Graça, seu poema é céu aberto

Virgínia do Carmo disse...

Pois, podia...

[lindo]

Beijinhos, Graça

Anónimo disse...

Tua presença é constante
a saudade permanente;
vejo-te nas estrelas
sinto a tua luz...

Marisa de Medeiros

Amor & Paz prá voce! M@ria

Parapeito disse...

...e fez se eco...de um silêncio doce...
Doce Graça
****

Licínia Quitério disse...

Podia tudo, mas quedo-me a falar do sangue das manhãs.

Tão bonito, tão verdade, tão teu, Poetisa.

Beijos, Graça.

Fernando Campanella disse...

Todos nós poderíamos ser essa ave solitária, habitar o fundo dos sonhos, e de uma maneira os somos na esfera poética, domínio sagrado que nos redime, nos irmana com o princípio eterno, pleno.
Bjos, minha querida amiga.

AC disse...

Um olhar por inteiro, que não se satisfaz na tentação do voo da ave solitária...

Beijo :)