Para a Graça Neto, minha amiga de sempre
Os remos adormecem-te nas mãos, cansada
que estás de tanto remares sem destino
certo.
Como se fora a única viagem,
contornas todas
as falésias,
viajas de dia e de noite
em busca do bojador dos múltiplos
desafios.
A tua errância tem perigos excessivos.
Mas não recuas. Pintas, todos os dias,
o casco do teu barco de outra cor.
E pensas: se eu morrer hão-de dizer de mim
que fui o marinheiro que perdeu as graças
do mar.
Graça Pires