Espero cada solstício de inverno
Embarco com o nevoeiro das manhãs
preso nos cabelos.
Invento o mar.
Assisto à
tempestade.
Cubro-me com
um colete salva-vidas
para proteger
os barcos
quando a
ondulação desespera as quilhas
cobertas de
sal e o vento se enrola
na mastreação
desafiando as gaivotas.
Espero cada solstício
de inverno
para ouvir a
melodia do sol poente
e seguir os
druidas em Stonehenge
nos rituais de
adoração solar
e vislumbrar,
através das pedras em círculo,
uma pequena
laranja incendiada
convocando a
pureza das sombras.
Graça Pires
De A incidência da luz, 2011