3.9.14

Campo

Ana Pires

Voltamos sempre à casa de campo. 
Quando não estamos as plantas 
crescem de modo irregular e o pó 
acumula-se nos móveis e nos livros. 
Não importa. 
Nós voltamos apenas para regar a sede, 
beber a terra, colher a paisagem, 
mastigar o silêncio, partilhar a fome 
e tornar depois a ir embora 
com o corpo a doer da própria ausência.

Graça Pires
De Caderno de significados, 2013

42 comentários:

  1. E esvaziar a mente de pensamentos negativos, deixar que o ar, a terra falem...
    Lindo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Parte-se sempre com uma dor na alma, que é uma especialidade médica difícil de perceber.
    Sinto o texto como se fosse meu.
    E isso, se não salva, dá um confortozinho que a arte não tem dificuldade em explicar.
    um beijo

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  3. Regressamos sempre aos lugares onde fomos felizes. Com poemas, com palavras, com gentes, com pássaros, com o universo na palma da nossa mão.

    Belissimo poema, amiga!

    Beijos
    Jorge

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  4. Restauramos as forças ante as belezas que estiveram lá, na essência do nascimento da luz! abraços

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  5. Muito belo, Graça!
    É tão bom voltar à casa que nos matou a sede e continua a preencher o coração, apesar do pó, apesar da ausência que dói!
    Um beijinho,
    Ailime

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  6. regressamos porque sentimos falta dos cheiros e da profundidade do horizonte...

    abraço Graça

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  7. Graça,

    Eu preciso voltar para um tempo onde tudo era mais leve, faço isso usando da imaginação, mas até ela está me pedindo descanso.

    bjs

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  8. Muito belo. Algo bucólico apesar dos contrastes.

    Beijinhos poéticos.

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  9. Por favor, me perdoe pela copia e cola.
    Mas hoje é por um motivo especial.
    Levar ao conhecimento de todos aos meus amigos o meu mais recente trabalho.
    Desde já agradeço o seu carinho, sua atenção e sua compressão.

    Vem ai Uma Menina Chamada Esperança!
    Em breve comunicarei o lançamento deste emocionante livro! Que ao voltar no tempo dos nossos antepassados, nos faz renascer para a chama da esperança, - olhar para o futuro e ver nossos sonhos realizados!
    Querida amiga, eu ficaria muito feliz se pudessem me ajudar a divulgar meu mais novo trabalho, o qual foi feito com muito carinho e dedicação para todos os leitores que gostam de viajar entre as palavras de um livro. É um livro juvenil, mas que com certeza vai tocar o coração de todos. Assim é o que eu desejo.
    Penso que estou pedindo um pouquinho demais, mas se for possível me ajudar também curtindo Esta postagem na minha pagina e a pagina deste livro no face eu lhe agradeço de todo o coração.
    Muito obrigada!

    https://www.facebook.com/UmaMeninaChamadaEsperanca?fref=nf



    Logo que tiver uma data precisa do lançamento do livro avisarei a todos.
    Conto com o apoio de cada um de vocês, para a Menina Esperança realizar o seu sonho!
    Desde já agradeço o seu apoio e amizade.
    O meu muito obrigado
    Que Que abençoe a cada um e uma de vocês, meus amigos e amigas.

    Maria Alice

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  10. Este belíssimo poema dá-nos um
    lugar para estar.

    Sim, voltamos sempre...
    e cada regresso é um encontro
    de memórias, num confronto
    de mudança.
    Viajantes de sonhos,
    esperamos reencontrar,
    o que na vida acabamos por espalhar.

    (e que maior sonho poderá ser o de poder chegar e ter à espera - dentro do poema - uma bicicleta para andar...)

    Um abraço por consigo nos levar.

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  11. Tantas e tantas vezes regressei ao campo só para relembrar quem sou. E com essa dor regressei. Tão intenso!

    Beijo

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  12. Hum....sei bem do sabor deste poema...magnífico....é assim mesmo a ida aos campos e o amor da troca entre os frutos, as ervas e as flores e os nossos olhos de pele, e a nossa pele com olhos....tão bonito o teu poema...
    Também a bicicleta é airosa
    Vistosa
    Vaidosa

    Beijo.

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  13. "Limpar" a alma sempre renova, seja lá por quanto tempo a purificação dure.

    Adoro andar de bike, a foto é linda.

    Beijo
    Cris

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  14. Nós te rogamos
    para que a seiva escorra
    das pedras, água, troncos, ar...
    e alimente o nosso corpo
    sedento de regresso.
    Que assim seja!

    Tão bom, Graça.

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  15. Eu gostaria de ter a casa de
    campo onde voltar, mas não tenho.
    Mas imagino-me numa casa de campo,
    porque em criança eu visitava uma
    casa de campo dos meus avôs maternos, que infelizmente um neto
    involuntariamente deitou fogo e
    não voltou a ser erguida.
    Bj. amiga.
    Irene Alves

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  16. Também é bom voltar ao campo nas tuas palavras, e fico feliz por teres escolhido este meu olhar do mesmo "campo" para as completar.
    Obrigada Mãe! Beijinhos.

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  17. No campo respira-se ar puro e vive-se o silêncio e a paz.E mesmo o trabalho, que por vezes deixa o corpo a doer, revigora e liberta o espírito.
    A bela foto da Ana Pires, com biciclete, o chapéu de palha e toda aquela envolvente verde transmite uma certa nostalgia.
    Lindissímo!
    Beijo.

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  18. Graça, maravilhoso. ADOREI!
    Beijo no coração!

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  19. Graça rsrs...O comentário anterior é meu. Luciano é meu filho que fuça o meu computador.
    beijo!

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  20. um poema tão genuíno e belo como só a Graça sabe escrever.

    a simplicidade das palavras aliadas à grandiosidade dos detalhes.

    a foto da filhota ilustra simples e bela está muito bem.

    gostei muito.

    bom final de semana.

    beijo

    :)

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  21. Uma bela imagem para um poema de memórias e saudade e que foi muito bom reler do Caderno de Significados, um livro que continuo a gostar de ler.
    Um grande abraço, Graça!

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  22. Belissimo post, numa composição perfeita entre um bonita foto e um esplêndido poema.

    Abraço grande, amiga

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  23. O campo sempre nos traz serenidade .
    Voltar onde nos sentimos bem, também.
    A foto é linda!


    beijinho e bom fim de semana

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  24. Bonito poema, a deixar na lembrança a pacatez da casa de campo,

    Beijos

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  25. lavrar a memória, recolher o fruto da (nossa) história

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  26. É verdade, sim! Voltamos sempre.

    Beijo meu

    Lídia

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  27. Que a Graça me perdoe, mas o primeiro comentário vai para a fotografia.
    Ana tem um olhar sobre as coisas que sempre nos surpreende e cativa. A composição e a luz, a atenção ao detalhe, a noção de espaço, são a demonstração de uma sensibilidade apurada e de um saber particular, que ao mesmo tempo transmitem uma universalidade em que cada um de nós se reconhece.
    Quem não gostaria de estar naquele lugar, naquele momento, agarrar aquela bicicleta, subjugado ao encantamento e ao sentimento de liberdade e fantasia que o talento da fotógrafa acorda, convoca ou desafia?
    Balanço, forma, cor, movimento, dinâmica e expressão. O vermelho é o traço que liga o quadro da bicicleta à fita do chapéu. A bicicleta repousa, com o chapéu dependurado, como que em abandono ou a aguardar o próximo movimento. O chão relvado, é atravessado, sublinhado, cortado, pelas duas rodas, uma na sombra outra na luz, conferindo dinâmica à fotografia, e uma promessa de liberdade e alegria. A bicicleta está encostada à árvore, mas curiosamente o que sentimos é movimento e expressão, energia e dinâmica, desejo, inquietação. E esta é para mim uma chave possível de interpretação do poema de Graça Pires, como se as duas linguagens se interpelassem.
    O movimento, a dinâmica deste poema, a cuja beleza é impossível ficar indiferente, é representado pela passagem do tempo – “as plantas [que] crescem de modo irregular e o pó [que se] acumula nos móveis e nos livros” – que não importa, porque existe um repouso e uma recorrência, uma circularidade. Na linguagem da poeta “Não importa [porque] voltamos sempre para regar a sede, beber a terra, colher a paisagem […] e voltar depois a ir embora com o corpo a doer da própria ausência.”
    Assim, a bicicleta encostada na árvore e o chapéu que nela dependuramos, são uma outra forma, uma outra linguagem, de exprimirmos a nossa sede de uma vida plena, ligada ao que verdadeiramente importa, ao chão que pisamos, mas também ao espaço aberto, à fronteira que procura e não atingimos. Por vezes, nessa busca interminável, descansamos, tiramos o chapéu, que fica dependurado na bicicleta da vida, até uma nova demanda.
    E também tiramos o chapéu à fotógrafa e à poeta, que tanta beleza nos propiciaram.

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  28. Ah, querida amiga, Graça Pires !
    Também é muito bom voltar para
    reafirmar o que queremos, amar,
    por exemplo. Parabéns, por tão
    belas reflexões poéticas.
    Um carinhoso abraço, aqui do
    Brasil.
    Sinval.

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  29. A saudade da infância que se aviva nestas visitas.

    Belo!

    beijinhos

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  30. Cara amiga Graça Pires,

    Assim é.
    Volto todos os fins de semana à casa do campo para me reencontrar com a vida real.

    Lindo o poema e a fotografia.
    Um beijo




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  31. OI GRAÇA!
    PODER VOLTAR A CASA DO CAMPO, DA PRAIA, ENFIM, VOLTAR E REENCONTRAR-SE.
    LINDO TEU POEMA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  32. Gracitamiga

    ...como corpo a doer da própria ausência é esplêndido, como é esplêndido todo o Poema. Creio que já to disse uma vez: a Poesia vive-se, mas é preciso saber pari-la - e tu sabes...

    Como dizia o Condillac - "nunca encontrei a alma na ponta do meu bisturi". Concordo, ainda que sem bisturi. Mas, pelos vistos tu encontraste-a. Parabéns. E obrigado

    Qjs

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  33. beber a terra, colher a paisagem,
    mastigar o silêncio, partilhar a fome
    ---------
    E há também os cheiros, aqueles cheiros que nos fazem voltar e nos prendem àquele lugar.
    -----------
    Que a felicidade ande por aí.
    MANUEL

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  34. Oi, bom tudo, Graça
    Eu vim aqui, neste domingo, lhe trazer um verso, para você, refletir comigo:

    I
    Lágrimas despejadas, amargas, em desobrigas de ir embora.
    E já não basta terços, rezas e patuás, que outrora consolava
    Em rodas de ritos, a cólera maldita, assobiante com o ebola
    Agride a terna Mãe África, desesperada, pelos filhos, chora.

    Um abraço

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  35. Retorno de lembranças e paz...

    Beijo.

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  36. Verdade intensa...poética imensa!

    Beijinho

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  37. É sempre bom voltar aos locais que conseguem aliviar a nossa mente da rotina diária e nada melhor que a natureza para o fazer.
    Beijinhos
    Maria

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  38. Excelente, como sempre.
    Querida amiga, boa semana.
    Beijo.

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  39. Eric Rohmer passeia-se em teu belo poema.

    juro que o vi a filmar...

    (muito expressiva a foto)

    beijo

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  40. Antigamente a vida do Campo. Não foi Suave, Romântica nem Florida. Para Quem nele trabalhava. Foi Dura . Trabalhava-se de Sol a Sol.
    À memória e em Homenagem às Mulheres de Então. Escrevi:

    Ó mulheres de xailes
    Da cor da noite!

    Ó mulheres de faces enrugadas
    Pelos estios e invernos rigorosos!

    Ó mulheres de mãos calejadas
    Pelo cabo duro das foices!

    Ó mulheres de sapatos de ourelo
    Que vos arrastais pela Via-Sacra!

    Não choreis pelo Cristo
    De gesso Crucificado!

    Chorai por vós
    Corpos gastos!

    ....

    No silêncio das lareiras
    Com vossos corpos mitigados
    Ouvireis no fundo dos vosso ouvidos,
    No crepitar das brasas vivas dos cepos,
    A Voz meiga do Eterno
    Que vos Ama.

    Jc

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  41. Graça, por favor, eu reconheço esta bicicleta, ela foi roubada da casa de minha esposa, isso é verdade e posso te dizer que a marca dela é Schwim, vc pode me informar o paradeiro dela? Eu gosto muito dela e gostaria de reavê-la, eu te recompensarei. Muito obrigado, Luciano.

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