Sem mais nem menos
surgiu o passado,
corpo intranquilo
feito de sons semelhantes
aos rostos que amei,
universo donde me excluí,
mar desprovido de cais
na obliquidade dos contrastes.
Esta noite voltei à minha infância:
menina rosada de sonhos nos bolsos,
bailarina de corda na caixinha de som.
À infância regressa-se solitariamente,
subindo um rio sem margens,
até ao lugar em que a nascente
se confunde com o tempo
e o tempo se transforma em espanto.
Procuro, teimosamente,
o rasto da brisa
que me invade o corpo
e apenas sei que o sonho
é um risco inquietante,
quando a solidão tem rosto
e se conhece a posição das estrelas
no âmago das palavras.
Graça Pires
De Poemas, 1990
Minhas amigas e meus amigos, no dia 29 deste mês faz 25 anos que editei o meu primeiro livro “Poemas”. É desse livro que deixo hoje um poema, agradecendo a todos os que gostam de me ler.
ResponderEliminarBeijos.
P.S. Tenho estado a recuperar os blogues que estou a seguir, que me tinham desaparecido quase na totalidade. Espero que não me tenha escapado nenhum.
Maravilhosa poesia e busca desse fio e rastro da infância... Lindo,Graça e parabéns pelos já 25 anos desse livro! bjs, tudo de bom,chica
ResponderEliminarBom diaaaa!!!
ResponderEliminar"De repente uma janela no passado,
Em minha mente vêm lembranças sem querer.
No mesmo instante dos meus olhos descem lágrimas
E a saudade no meu peito vem bater."
AbraçO
Que divina poesia, companheira! Seu talento é para o mundo ler! abraços
ResponderEliminarNão é por acaso que o titulo é o "Regresso".É sempre um prazer entrar num regresso do primeiro livro de Poemas. Sempre grata, por poder acompanhar e ler cada página de todos os seus livros. Da sempre leitora e admiradora:
ResponderEliminarCélia Cavaco
Beijo.
Às vezes penso que o passado é uma nuvem que passa, na forma de eléctrico, de janelas abertas, onde os rostos aparecem, com uma nitidez comovente...
ResponderEliminarabraço Graça
Um poema belíssimo, tão beo que fiquei bastante emocionada!
ResponderEliminarPeço desculpa pela intromissão do espaço porque estive a ponderar entre este poema e poemas, pelo que observei, mais recentes. Fascina-me a evolução da escrita/evolução do ser/evolução da emoções num determinado instante.
ResponderEliminarEste foi um desses instantes, talvez dificilmente recriado agora.
Divago.
Talvez por o poema ser tão espontâneo e tão belo!
Um regresso que decerto lhe trouxe gratas memórias.
ResponderEliminarParabéns por nos brindar à 25 anos com as suas tocantes poesias.
Um beijinho com carinho
Fê
Boa tarde
ResponderEliminarDou-lhe os parabéns, pelo brilhante poema.
Amei!
Beijinhos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
quando a solidão tem rosto
ResponderEliminar-------------
A solidão é uma companhia. E não diz mal de nós!,... simplesmente nos deixa andar.
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Beijinho
MANUEL
E é tão bom regressar a esses momentos em que nada ensombrava o sorriso e os dias eram leves...
ResponderEliminarHoje são tão pesados...
Obrigada pela partilha... E pela visita ao meu blog...
Beijos e abraços
Marta
Gracinha
ResponderEliminarsso quer dizer que este poema tem 25 anos, e como é tão belo que com o seu teor nos faz regressar, também à infância.
a imagem escolhida foi bem escolhida.
escreves muito bem e eu gosto da tua poesia, simples e tão rica na sua simplicidade.
obrigada!
beijinho
:)
Revisitar um passado recheado de momentos felizes pode ter um duplo efeito: a nostalgia pelo que não regressa e o encantamento pelo que se viveu.
ResponderEliminarMais um belíssimo poema, amiga Graça.
(Parabéns pela data!)
BJO :)
~~
ResponderEliminar~ Muito interessante
a comemoração de um quarto de século...
~ Um belo poema
de memórias celebra a memória do tempo.
~~~~ Parabéns pelo enorme talento. ~~~~
~~~~~~~~ Beijinho. ~~~~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Quando se depara com este talento , esquecemos a infância para mergulharmos no poema
ResponderEliminarTão belo , Graça!
Parabéns
Beijinho
As memórias que dão substância à vida, que nos comovem, enternecem e, por vezes nos deixam tristes estão bem presentes neste poema intemporal, embora já com 25 anos.
ResponderEliminarÉ mágica esta forma de regresso à infância e ao tempo em que a vida era plena de sonhos.
Eu digo,tal como uma canção antiga "Quanto caminho andado desde o primeiro poema..." Parabéns por todos os livros de poemas, já muitos e maravilhosos, que publicaste durante estes 25 anos.
A imagem é tão singela e leve como o tempo da infância.
Beijo.
Lindo poema. Tenha um ótimo fim de semana.
ResponderEliminarIsabel Sá
http//brilhos-da-moda.blogspot.pt
Vinte e cinco anos que passaram sem fazerem dano, creio. O modo de encarar a vida é diferente, a poesia continuou bela e sentida. Parabéns duplos com o meu abraço.
ResponderEliminarLinda infância.... Beijo Lisette.
ResponderEliminarUm passeio pelo mundo da infância traz melancolia, eis que o tempo se foi e com ele nossa espontaneidade simples e livre de policiamentos. Seu primeiro livro comemora um feliz aniversário, pela riqueza que se nota, de seu conteúdo, aqui exemplificado. Bjs.
ResponderEliminarAh, como eu gosto de
ResponderEliminarvisitar seu blog...
Aproveito para deixar
um beijo cheio de
saudades.
.
Oi, querida amiga, Graça Pires !
ResponderEliminarEsse retorno ao tempo, por caminhos já
conhecidos e, agora, via "destino/origem",
é uma saudação à vida expectadora, que se
encontra à margem, para aplaudir e vaiar.
No teu caso, certamente, só aplausos !
Parabéns e um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.
E a Grécia aqui tão perto a dardejar
ResponderEliminarApetece abraçar a «menina rosada de sonhos nos bolsos», subir com ela o rio sem margens, em demanda do «tempo das cerejas ou da migração dos pássaros».
ResponderEliminarGraça Pires introduz nesta procura de «um deus imaginado» tonalidades ou acordes que insinuam uma dor a que a autora responde «[procurando] teimosamente / o rasto da brisa / que me invade o corpo …».
Assim, neste poema, incluído no seu primeiro livro publicado, Graça Pires combina, com uma arte que é só sua, frescura e transparência de escrita, com maturidade de expressão e sentimentos, o que nos comove e exalta.
no âmago! sem remissão possível...
ResponderEliminarlago (ou rio) que serena, apesar de tudo!
belíssimo
beijo, Graça
ResponderEliminar...e "sem mais nem menos", nem demais, nem de menos...
cada palavra na medida exacta: a reconstrução da infância. Belíssimo poema que, por dentro viajado, trás o som, o cheiro e a imagem, da memória consultada, do sonho de ser lembrado...e amado.
Li e reli e não deixo de admirar...
Um grande beijo, minha amiga!
Bom dia Graça.
ResponderEliminarMeus parabéns pelo seus 25 anos da primeira obra prima, pois seus poemas são lindos, o livro deve ser algo divino, imagine lindas poesias como essa para lermos. Essa poesia é maravilhosa. Um feliz domingo. Beijos.
Uma poetisa de corpo inteiro!
ResponderEliminar(Tão bom ler-te.)
Beijinho meu
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarMuito belo o seu poema!
Há sempre um rio que se entranha em nós e nos faz regressar aos tempos da infância!
Um beijinho e bom domingo.
Ailime
Graça Pires
ResponderEliminarA infância fica sempre numa doce poesia, esta é verdadeiro canto, um verdadeiro poema em sua honra.
beijos
Um dia seremos de novo crianças
ResponderEliminarBelo sempre
Bj
Um poema maravilhoso que me fez reviver momentos da minha infância.
ResponderEliminarParabéns pelo aniversário desse marco tão importante, o editar do seu primeiro livro.
Beijinhos
Maria
É certo que estamos sempre neste regressar.
ResponderEliminarQuem sabe recobrar aquela criança não a deixa dormir,pois é ela que nos dá as mãos quando tudo parece turvo e os adultos falham.
Linda inspiração querida Graça.
Uma semana de paz e luz com belas inspirações.
Meu carinhoso abraço
Beijo
ResponderEliminarComeço por agradecer a visita e o comentário que deixou no post anterior do meu blog "Momentos Perfeitos"
Muito belo o seu poema!
Lindo demais. Parabéns!
Tenho novo post, sobre uns dias em Monte Gordo!
Não posso ir para o Alentejo nem para o Algarve, muito menos para o interior do País no Verão, morro de calor. Passo mesmo muito mal com altas temperaturas...
Fiz essa experiência em anos anteriores e dei-me mal
fico por casa...até Setembro, quando as temperaturas começam a baixar!
Sábado saí de Monte Gordo com 40º meti-me no IC 1 e fiz toda a viagem sempre entre 42º e 44º que atingi na Mimosa (Alentejo)....
Meu Deus, nem o ar condicionado fazia algum fresco, foi mesmo horrível.
O meu objetivo em todos os meus blogues é sugerir pistas de descoberta de novos lugares a visitar, a partir do que a mim própria mais interessou...
Se quiser pode dar uma espreitadela a:
http://pensamentosimagens.blogspot.pt/
http://momentos-perfeitos.blogspot.pt/
Boa semana.
A inquietante fantasia (in)consciente da infância brinca-nos nos sonhos de que somos feitos. A identificação projectiva a que recorremos, segue sempre os sulcos dos passos que são os nossos e que ligamos ao bom seio das ternas lembranças que o poema reintrojecta, na busca da libertação da nossa necessidade de colher apenas da infância tudo quanto de bom ela conteve.
ResponderEliminarUm poema muito bonito
Beijinhos.
O passado de quando criança...
ResponderEliminarOs sonhos...o sentir...o exrimir!!!
Gostei imenso.
Bj.
Irene Alves
Uma bela Poesia e uma foto lindíssima !
ResponderEliminar...e porém, é imperativo revisitar!
ResponderEliminarMuito bom!
É sempre muito bom voltar à infância... Reviver momentos felizes e prazeirosos!
ResponderEliminarBjusss
bom verâo..
ResponderEliminarbeijos.
e apenas sei que o sonho
ResponderEliminar---------
Os sonhos !,... são eles que nos fazem seguir em frente.
Que a felicidade esteja por aí.
Beijinho
MANUEL
Poema lindo, com estrelas no âmago das palavras...
ResponderEliminarBeijos, Graça!
Boa tarde, regressar ao momentos de infância que nos marcou para toda a vida, é maravilhoso e inevitável.
ResponderEliminarPoema maravilhoso como todos que escreve, passaram 25 anos desde a primeira publicação do seu primeiro livro, parabéns pela suas publicações e poemas, também pela motivação que continua a ter para criar novos e lindos poemas.
AG
Olá Graça,
ResponderEliminarUm excelente Poema que nos remete para a Viagem no Tempo e para uma Consciência plena do Momento presente .
Obrigado pela presença e pelas Palavras deixadas .
Um Beijinho
Luis Sousa
Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens
ResponderEliminaré um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
Ficarei radiante,mas se desejar seguir, saiba que sempre retribuo seguido
também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
Sou António Batalha.
Sempre que leio este poema arrepio-me. Revejo-me nele como se um espelho estivesse na minha frente.
ResponderEliminarCreio que foi este poema que me levou a si, Poeta. Li-o há muitos anos e, creio até, que o partilhei num dos meus blogues iniciais que, infelizmente, foi-me eliminado pelo servidor.
O caminho até si tem sido feito através dos versos que compõem a sua poesia e que tocam a alma de quem a lê. Especialmente a minha.
Parabéns.
Obrigada!
Um abraço de carinho.
Otília
que se pode dizer doce Graça!
ResponderEliminarO tempo, nao pesa, neste Regresso.
Só a Graça para tornar 25 anos, Agora!
Abraço e brisas doces****
Olá, Graça.
ResponderEliminarVoltar à infância, assim, "sem mais nem menos", é reviver o espanto das descobertas.
Já há vinte e cinco anos atrás, a poeta nos descobria a "posição das estrelas no âmago das palavras" =)
Uma doçura de poema.
E lindo é poder regressar ao passado e trazer suas jóias, ainda tão atuais.
um bjn amg
Numa palavra, EXCELENTE...!!!
ResponderEliminarGraça, tenha um bom resto de semana.
Abraço.
Felizmente temos esse privilégio de poder voltar no tempo!
ResponderEliminarVocê sabe como usar as palavras de uma forma muito graciosa.
Seus versos são encantadores! Bravo!
Um grande abraço!