Amedeo Modigliani
Gosto
de me levantar de madrugada,
quando
ainda são anilados
os
vultos de quem passa.
Gosto
de reter, no fundo do olhar,
o
instante primeiro do dia, para recuar
ao
tempo em que coleccionava barcos
de
papel e deles me tornava marinheiro.
As
vagas, lembro, começavam
nos
meus dedos quando sobrepunha
o
mastro sobre a quilha, com búzios
cristalinos
a enfeitar os pulsos.
E
visto-me de branco
como
se fosse a menina
que
descobre a primeira sede,
ou
a primeira nascente,
ou
a primeira paixão.
Graça Pires
De Fui quase todas as mulheres de Modigliani, 2017, p. 38
Linda tela e poesia da Anna vestida de branco...Branco prta uma semana linda iniciar...beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarUm belo poema e sou fascinado pela pintura de Amedeo Modigliani.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Belo poema!
ResponderEliminarQue todos os instantes primeiros dos dias da poeta sejam inspiradores, para continuar escrevendo versos deslumbrantes.
Gostei MUITO, amiga Graça.
Beijo.
As memórias... quando a luz ainda é só nossa....
ResponderEliminarLindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Há um tempo em que tudo se desenha, com as cores mais claras, há um tempo em que tudo parece ao alcance da mão. Depois, na obediência a rituais sagrados, tudo se desvanece no dever, quse escravidão.
ResponderEliminarNunca me canso de o dizer: é tão bom lê-la, Graça!
Abraço :)
Muy bella tu poesía, un placer leerte.
ResponderEliminarQue tengas una feliz tarde, preciosa.
Besos enormes.
Nada como o branco recortado no azul do mar!
ResponderEliminarSempre belas, as palavras deste recanto!
Beijos, Graça :)
Graça, impressiona-me grandemente a qualidade e sensibilidade de tuas palavras, e a profundidade das imagens que crias. É sempre mágico mergulhar em tuas letras e delas retirar tantos prazeres.
ResponderEliminarGrande beijo, Mestra. Sabes mesmo como encantar pessoas...
Fui levada a uma simplicidade de vida...
ResponderEliminarGostei demais de suas palavras e da tela.
Abraços e feliz dia.
ResponderEliminare nas madrugadas ainda escassas de luz
é mais puro o pensamento
o sonho
o enleio
e o branco condiz sempre
com a pureza da alma
:)
Adoro essa maneira gostosa
ResponderEliminarde como você faz suas poe-
sias. Suas, não. Nossas, pois
as faz para nós, seu povo,
seus amigos. Adoro a pintu-
ra desse italiano que nas-
ceu muito bem, mas morreu
em Paris, muito melhor.
Beijos, Graça.
Belas as palavras, bela a imagem, Graça.
ResponderEliminarBoa semana. Beijo
Excelente poema. Parabéns. Adorei :))
ResponderEliminarHoje:- [ Poetizando e Encantado]-Conto as pétalas, e almejo a tua graça .
Bjos
Votos de uma óptima Segunda- Feira
Uma mulher de branco é um diamante mulltifacetado. Atrai as cores do universo. Como este poema, Graça.
ResponderEliminarBeijinho.
Boa tarde Graça! Lindo poema, o branco é a cor da paz e da pureza e nos transmite tranquilidade.
ResponderEliminarAbraço.
Brilhantes palavras!
ResponderEliminarAdorei!
=)
Bjinhos
Nesta selva
ResponderEliminarpoesia ao poder
Bj
Poema lindo de mais!!
ResponderEliminarBeijo. Boa noite
E esta Anna pode ser qualquer uma de nós, mesmo que não estejamos vestidas de branco; revi-me nela ao voltar atrás , na minha meninica, bricando com vários elementos da natureza que nos permitam a construção de belas casinhas onde dentro dormiam as bonequinhas por nós imaginadas. Corriamos pelas areias da praia, procurando as conchinhas mais perfeitas e quando encontravamos um búzio pequenino, por nos chamados de beijihos, era como se tivessemos descoberto uma pedra preciosa; tempos que não voltam, mas que fizeram de nós as mulheres que somos hoje, pessoas maduras , mais sábias, mas, por vezes, mais nostálgicas; tudo mudou e, forçosamente, mudamos nós, embora continuemos a usar a cor branca e com ela tentemos sempre transmitir paz à nossa volta. Inevitavelmente, a minha alma clareou ao ler-te, Graça. Muito obrigada! Um beijinho e boa noite
ResponderEliminarEmilia
Lindo.
ResponderEliminarabraço Graça
Olá Graça querida
ResponderEliminarLindo poema...
Beijos e uma semana linda pra você.
Ani
Que lindo Graça.
ResponderEliminarUm poema que passa uma ternura embrulhada num saudosismo lindo.
Viajei nos barquinhos e senti o gosto dos primeiros pingos das chuvas,
que deslizavam pelo rosto de menino feliz com seus barcos.
Semana proveitosa e maravilhosa querida amiga.
Beijos
Sempre molto belle le tue poesie, i miei complimenti è sempre un piacere poterle leggere.
ResponderEliminarUn saluto ed un abbraccio carissima.
«E visto-me de branco
ResponderEliminarcomo se fosse a menina
que descobre a primeira sede,
ou a primeira nascente,
ou a primeira paixão.» Revejo-me no seu poema, querida poetisa Graça Pires.
Além da beleza ímpar faz-nos viajar até à infância.
Belíssimo. Aplauso.
Beijinhos poéticos.
Bom dia, Graça,
ResponderEliminarseu poema é como um ritual, vestir- se de branco para relembrar
o tempo da infância, quando tudo era possível, magia dos olhos ao ver ainda na madrugada
vultos, pessoas vestidas com a cor da madrugada.
A imagem é também muito sugestiva.
Grande abraço!
Querida Mestra Poetisa, Graça Pires !
ResponderEliminarEnxerguei no texto, tão claro, todos os
detalhes inseridos.
Simplesmente, maravilhoso !
Parabéns, nobre Escritora.
Aceita, por favor, o meu fraternal abraço,
aqui do Brasil !
Sinval.
Boa tarde, Graça. Uma poesia tão delicada e linda. A lembrança incorporada no presente, muitas vezes faz bem.
ResponderEliminarEu me vi aqui.
Parabéns.
Beijos na alma e linda semana de paz.
A pureza do pensamento... e da nossa verdadeira essência, nas memórias primordiais de criança, no simbolismo do vestido... brilhantemente traduzido em palavras, Graça!
ResponderEliminarMais um belíssimo momento poético... profundo e sublime! Características habituais, em tudo o que vou apreciando, por aqui...
Um beijinho grande! Continuação de uma feliz semana!
Ana
Graça, minha querida amiga, como vai?
ResponderEliminarGrata pela sua visita e carinhoso comentário. Vou fazendo o que posso e sei, melhor ou pior.
Olhando a foto, não direi que a acho bonita ou sensual, mas tem a sua própria beleza, que me parece austera, mas a Anna de Modigliani era assim. Talvez os meus olhos não saibam ou não estejam preparados para apreciar pinturas deste calibre. É isso, pois!
O poema é um misto de tantas coisas, sobretudo emoções e lembranças. Que fazer delas e com elas? Pô-las no papel e deixar que os outros as interpretem e as vivam, um pouco, também.
Os barquinhos de papel, que a Graça fez, julgo, e eu também, proporcionavam-nos tanta felicidade e até parecia, que íamos partir. Mas não, ficávamos ali na nossa casinha esperando as ondas da mente para galgarmos o mar e o espaço que queríamos alcançar. E como se isso não bastasse, vestíamo-nos de branco, vestido feito pela costureira, para personificar a candura, o primeiro namorado, enfim, a paixoneta, esquecida depois, naturalmente.
Embora eu esteja a imaginar estas "cenas" na infância e/ou a adolescência, as suas palavras bem podem pertencer ao estado adulto. Tudo fica bem e se adapta, logo que o queiramos.
Gostei mto do que escreveu, indireta e eruditamente, ao seu modo, afinal, embora nunca seja fácil para mim interpretar o que pretende transmitir, mas isso é tarefa só minha, pke o poeta, apenas, escreve.
Um beijo com imensa estima e consideração.
Boa noite Graça,
ResponderEliminarUm poema muito belo em que a Poeta utiliza as suas sublimes metáforas para, por momentos, viajar até ao tempo da infância em que tudo era branco e puro como a "primeira sede".
Um beijinho, minha Amiga, e continuação de uma boa semana.
Ailime
Olá Graça!
ResponderEliminarUm belo poema , onde cabe um pouco da vida de cada um de nós...revi-me em muitas coisas e na saudade também.
Aproveito para agradecer a visita e o carinho que pressinto sentir por mim, e pelas palavras que muito de vez em quando, vou deixando no meu espaço.
São essas, as visitas que me enchem a alma!
Beijinho afectuoso com muita admiração.
Hola guapa que xuli las fotos.
ResponderEliminarGracias por el paso por el blog y dejar tu huella.
Besos
https://poemasdaminhalma.blogspot.pt/
ResponderEliminarBoa noite, Graça!
Bela poesia... e veste-se de branco, como se fosse uma menina.
Uma infância de vivas reecoradações.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Luisa Fernandes
Madrugada, o instante primeiro do dia, a primeira sede, início de todas as sedes.
ResponderEliminarE o branco, mistura de todas as cores, paleta da vida onde inscrevemos os nossos sonhos.
Beijo, Graça, e obrigado por tanta beleza.
Encantadora ode às primeiras, oníricas, lembranças e aos sucessivos primeiros marcantes momentos ao longo da vida!
ResponderEliminarMuitos parabéns e obrigado por partilhar beleza que alimenta o mais profundo do espírito
Bom resto de semana
Beijo
VB
E eu gosto demais dos teus poemas!
ResponderEliminarLindo! Imagem e poesia, mágicas!
Beijos! =)
A Poeta 'captou', neste olhar duma profunda tristeza, a mulher-menina que vê os barcos partirem, com todos os sorrisos em arcas ancoiradas, num mar de segredos.
ResponderEliminarE o cais, vazio, vira as costas à barra, quando o tempo deixa as marés suspensas na memória.
Gosto muito deste poema, e do motivo que a inspirou: este rosto
enigmático, por vezes sereno, mas a transparecer uma tristeza, na pose que o Pintor tão bem expressou.
Um beijo, minha Amiga Graça.
ResponderEliminarGRAÇA,
a cada nova postagem uma superação evidente e para nós seus leitores um prêmio literario e continuado.
Excepcionais as usas postagens!
Um abração carioca.
Um poema maravilhoso e puro...
ResponderEliminarTenha uma boa noite e um lindo amanhã...
Uma das recordações mais belas ficam na infância, o branco do vestido já dá um certo sinal de ternura ao poema. Jamais teríamos um saudosismo que não fosse agradável, puxado lá da memória feliz. Barquinhos, casinhas, bonecas, sonhos e a ânsia de crescer. Tem uma canção que diz:
ResponderEliminar"É melhor ter um joelho ralado, dói bem menos do que um coração partido". Lá atrás, ainda dava para sonhar sonhos ternos.
Belo poema, amiga, estilo Graça Pires!!!
Beijo, amiga.
Sedução impar inserta neste maravilhoso poema. Lindo demais.
ResponderEliminarDeixando um Abraço
* Amor em Desejos Indefinidos *
Uma doçura de poema!
ResponderEliminarMemórias doces da idade da inocência, plenas de encanto e sedução.
ResponderEliminarA menina vestida de branco "que descobre a primeira sede, ou a primeira nascente ou a primeira paixão."
Muito, muito belo!
Beijo.
É lindíssimo, este poema!
ResponderEliminarBeijinho
Eu não gosto nada de me levantar de madrugada...
ResponderEliminarMas gostei muito do teu poema. É excelente, parabéns.
Bom fim de semana, amiga Graça.
Beijo.
Sempre que cá venho e a leio fico com um sorriso nos lábios. Maravilhoso Graça. :)
ResponderEliminarBelisssimo poema, Graça, belissimo !
ResponderEliminarBeijinhos com amizade e admiração, bom fim de semana
Este seu poema é belíssimo, inscrito da voz feminina
ResponderEliminarno patamar da sua excelência poética, Graça.
As artes excelentes (obras de Modigliani) e seus
poemas a se conjugarem e em uma unidade brilhante
expressiva.
Um beijo, bom fim de semana.
Olá, Graça Pires
ResponderEliminarPrimeiro quero dar nota da circunstância de haver semelhança no tema do trabalho que publiquei, ontem, com o magnífico que agora aqui encontro. Até nos vocábulos. Já tinha lido há mais dum ano o seu livro "Fui quase todas...", não houve intencionalidade pelo que direi que há coincidências! Não na qualidade que sou um aprendiz.
O que escrevi foi ditado por um "filme" em que sou protagonista de forma expontânea e afectiva. A motivação surgiu da morte de Júlio Pomar.
Há pouco, não cheguei a concluir o meu comentário, como era perceptível. A gaiata do barco sobrpõe viagens imprevistas.
ResponderEliminarComentando o poema...
Levanta-se,a Anna, todas as anas, consoante o negro se revela no olhar (magoado), inundada de certezas passadas. Tem a noite e o dia, em livre arbítrio, para dilatar as madrugadas da caminhada que é (ainda) o tempo da esperança. E revê-se na constância do ar que respira.Por isso quer:" me visto de branco / como se fosse a mesma"...
A Poeta tem na mão sempre uma réstia para me/nos iluminar. As metáforas, as imagens e os símbolos do sagrado, guardados no "eu", são expostos, delicadamente, numa poética que brilha pela sua transparência, que (en)caminha para a "transcendência".
Resta-me agradecer, um bj.
Lembranças da infância da época da ingenuidade, de sonhos impossíveis... Lindo poema, carrega-nos para uma época lúdica de saudades.
ResponderEliminarBeijinhos, Léah
Olá, Graça!
ResponderEliminarUm poema belíssimo, delicado poema, querida amiga, que se encerra com esta estrofe bela e de grande significado:
E visto-me de branco
como se fosse a menina
que descobre a primeira sede,
ou a primeira nascente,
ou a primeira paixão.
Parabéns, querida amiga.
Bom final de semana.
Beijo.
Pedro
cântico(s) singular(es) o teu, minha amiga
ResponderEliminarnesta tua revisitação poética às "mulheres de Modigliani, vestidas de todas e cores.
e todas as dores.
hoje, de branco, uma verdadeira celebração primaveril
a fermentar a(s) primeira(s) sede(s)...
muito belo, Graça.
beijo
Graça, querida,
ResponderEliminarLevantar de madrugada traz o frescor do dia, o primeiro instante da manhã...
Já a pureza do branco que se quer reter ao se vestir com essa cor, é algo até cultural.
Acho que me enrolei, mas me fiz entender, estou com sono...
Beijo
E na tranquilidade do amanhecer se soltam as recordações.
ResponderEliminarMaravilhoso poema
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
anilados os vultos e a ante-manhã
ResponderEliminareu ainda gosto de fazer barcos de papel e a Anna veste-se de branco
um abraço, Graça
Minha querida Gracinhamiga II
ResponderEliminarSe a Poesia não existisse - e felizmente existe - eras tu quem a criava toda vestida de branco qual Anna pincelada por Modigliani. Sempre te disse que se se pode definir Poesia basta definir-te o que não é, de todo, tarefa fácil, mas é empolgante. Este poema cuja brancura, cuja pureza é sinónimo de candura é mais do que um poema é um hino ao nascer do Sol e também ao nascer da humanidade que nos deixa embevecidos perante tanta beleza aliada a tanta doçura e tanta alegria mas também tanta melancolia. Lindo, lindo, lindo.
Muitos e muitos qjs deste teu amigo e adorador
Henrique, o Leãozão
_____
Tal como havia avisado acabo de publicar na Nossa Travessa um novo artigo de minha autoria intitulado É difícil viver com um irmão mongoloide. Com ele inicio uma saga que se inspira nas narrativas da nossa Amiga Elvira Carvalho a quem agradeço o “empurrão”…
Oi, querida! Gosto tantos dos seus poemas, do seu olhar para a vida e de toda sensibilidade que encontro em cada palavra ;)
ResponderEliminarBoa semana!
beijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
As primeiras horas, os primeiros instantes como se tudo nascesse de novo, intacto e puro; as horas da inocência.
ResponderEliminarUm abraço.
"E visto-me de branco..."
ResponderEliminarCada poema teu é como se também me vestisse de branco. Neste, o branco ainda é mais branco.
Bjo
Gosto de a ver aqui neste poema.
ResponderEliminarPrimeira nascente
Primeira paixão,doce Graça
Adorei.
Abraço e brisas doces **
I really like this poem. Thanks for sharing this interesting post. I really love it.
ResponderEliminarI really like it. It’s very helpful for everyone. Very Amazing and Interesting blog. Thanks for sharing...
ResponderEliminarI really like it. Very Amazing and Interesting blog. Thanks for sharing...
ResponderEliminar