Amedeo Modigliani
Uma
brisa fria vem roçar-me a cara
nesta
primavera desabrigada,
onde
os pássaros rodopiam
uma
valsa estremecida,
como
se temessem o vento.
Falo
pouco nestes dias,
em
que me cobre
uma
luz lívida e muda.
Cubro
os pulsos com os folhos da blusa
para jurar silêncio, quando a mancha
do
luar atingir o peitoril da janela.
Na
borda da cadeira em que me sento
poiso,
ao de leve, as minhas mãos
frias,
quase de pedra.
Tenho
a cingir-me o peito
um
xaile de merino para abafar
as
batidas desoladas do coração.
Graça Pires
De Fui quase todas as mulheres de Modigliani, 2017, p. 43
Bom dia. Muitos parabéns, excelente poema. :))
ResponderEliminarHoje:- Não nego, que o meu coração se apaixonou.
Bjos
Votos de uma óptima Segunda-Feira
Poema intenso e cheio de sentimento! LINDO! bjs, ótima semana,chica
ResponderEliminarAdoro estas tuas mulheres (sim, mais tuas que de Modigliani)
ResponderEliminarabraço
Neste blogue repito-me, repito-me, repito-me...
ResponderEliminarGraça, gostei MUITO deste poema. É tão ternurento, tão sentimental, tão teu!
Obrigada por o partilhares.
Que passe logo esta “primavera desabrigada”.
(É linda a mulher com xaile vermelho.)
Beijo, poeta!
Poema lindo demais!! Parabéns. Amei! :)
ResponderEliminarBeijos e uma excelente semana!
Em que o frio deixa a alma nua, só...
ResponderEliminarLindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
mt bonito gostei mt bjs
ResponderEliminarBellos versos, un placer disfrutar de tu entrada.
ResponderEliminarQue tengas una feliz tarde.
Un beso.
Graça Pires
ResponderEliminarMais um do teus poemas que tanto me prendem. Confesso que sou fã!..-
Beijos
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarUm poema muito belo e tão ajustado à primavera que se faz sentir… nestes dias em que o silêncio quase nos verga e o frio gelado que se infiltra no nosso ser quase nos paralisa.
Um beijinho, minha Amiga, e uma boa semana.
Ailime
E " desse tempo " em que as crianças brincavam na rua, em que as cancelas ficavam abertas, revejo mulheres de" xaile vermelho " aconchegando-o o mais possivel ao peito para não deixar entrar o frio, pois gelada já estava, muitas vezes a alma; procuravam as casas onde, por felicidade, houvesse um poço e lá iam elas buscar a água num cantaro de barro, equilibrado na cabeça e em cima de uma rodilha. Eram duros aqueles tempos e depois da magra " ceia" sentavam ao pé do lume refletindo na dureza dos dias e no frio da noite escura, durante tanto tempo iluminada por candeias de petróleo ou velas de cera. Aconchegavam ainda mais o xaile que, raramente era de cor vermelha e acariciavam as mãos frias e ásperas de tanto trabalho. Conheci de perto estas mulheres, pois vinham a minha casa buscar o cântaro da água e também lavar as roupas no tanque que a minha mãe enchia para elas; o frio eram muito, a água gelava as mãos, mas elas lá continuavam firmes na sua árdua tarefa. Pior que o frio da água era o gelo da alma e por isso, a maioria das vezes o xaile era negro; o vermelho de merino estava guardado na caixa de madeira para ser usado na festa da aldeia, altura em que se permitiam a uns dias de maior alegria. Fizeste-me voltar à minha aldeia, Graça e recordar todas as mulheres que aqui tens homenageado e também as crianças que, felizes, comigo brincavam, indo de casa em casa em plena liberdade e sem medos. Obrigada, querida amiga! Muito, muito belos, os teus poemas. Um beijo
ResponderEliminarEmilia
ResponderEliminarGRAÇA PIRES,
o recolhimento enseja melhor diálogo com o nosso umbigo, acalma as pressões indevidas e inapropriadas de um mundo lá de fora que não nos dá descanso e sobretudo ao voltarmos para nós mesmos respiramos o ar que naquele momento não compartilhamos com ninguém.
E não serrá por egoismo, mas sim por absoluta necessidade de sobrevivência.
Um abração carioca e excelente semana, Graça.
Olá, minha querida amiga!
ResponderEliminarNão me esperava, pois não? Mas, eu não sendo imprevisível, por vezes, não resisto a coisas boas, ao belo e este seu poema, baseado na imagem, na mulher de xaile encarnado, fez-me escrever, aliás, ato que nunca me apetece, diga-se -rs.
precisamos todos de calor e de ternura, venha ela do tempo atmosférico ou de qualquer outro lugar ou de pessoa, mas desejamos aconchego, luz, sossego quente e mente ensolarada.
Foi bem ler, mto bom ler as suas palavras e estar um bocadinho com a Graça.
Um beijinho nessa face, que quero quentinha.
Boa noite, querida amiga Graca!
ResponderEliminarUm xale para encobrir um coração desolado... que linda imagem poética... o frio toma conta de nós... na falta de amor, ainda mais...
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm fraterno de paz e bem
marazul.blogspot.com/2018/06/no-embalo-do-amor.html?m=1
Hello Graça,
ResponderEliminarWonderful words with a nice image of that woman.
So nice all these poetic words.
Big hug, Marco
Uma riqueza de poema!
ResponderEliminar=)
Bjinhos
Há frios assim, que apenas o calor de outras mãos aquece
ResponderEliminar(um um xaile de merino, claro)
um dos meus poemas predilectos, deste teu belo livro
(gostei muito de ver-te com o Manuel, e agradeço muito o vosso abraço)
beijo, minha amiga.
grato.
ResponderEliminarDias frios trazem calores poéticos... Gostei muito da referência ao "Xaile Vermelho", minha cor predileta...
Mensagem profunda, Graça, neste lindo poema... Precisamos de amor e vida "calientes"...
Beijinho
Parece que o Inverno veio passar a Primavera a Portugal...
ResponderEliminarMas enquanto foi permitindo que sejam escritos poemas tão belos como este... pois que se deixe estar.
Aconchegada no xaile vermelho as nãos conservarão o calor necessário para que a Graça possa continuar a brindar-nos com os seus excelentes versos.
PS : Permita-me que lhe recordo que amanhã (às 0 horas do dia 6) haverá nova postagem na minha "CASA". Terei todo o prazer em vê-la por lá…
Feliz Terça-feira e uma boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
As mãos frias arrimadas na madeira dissimulam a fome de gestos. Prolonga o inverno, apesar do vermelho ainda marcado por fora e dentro no peito.
ResponderEliminarBj. grato, GP.
Querida Poeta, lendo teu poema uma tela se descortinou diante de mim, não a do Modigliani, mas uma tão linda e perfeita como a que pintaste com tão belas palavras. Amei
ResponderEliminarBeijinhos, Léah
Graça, as batidas desoladas do coração, em momentos de brisa fria, exigem este xaile de merino e a postura de uma deusa paramentada. Lindo.
ResponderEliminarHá como que um enigma – uma revelação? – nesta pintura de Modigliani. O xaile vermelho – de uma cor forte, primária, associada à paixão – é uma evocação, a nostalgia de algo que parece perdido, longínquo, um desencontro.
ResponderEliminarO poema da Graça é assim uma elegia, um lamento, e um hino ao amor, no que ele tem de entrega sem limites e, talvez por isso, de vulnerável:
«Na borda da cadeira […] as minhas mãos
frias, quase de pedra. Tenho a cingir-me o peito
um xaile de merino para abafar
as batidas desoladas do coração.»
Beijo.
Olá Graça!
ResponderEliminarMais uma poema temperado com ingredientes de primeira qualidade.
pouco importa se o xaile é feito com pura lã ou não. Se o frio nos chama devemos, pois, dar resposta com um aconchego, seja ele um xaile ou um sorriso.
bj.
Gosto muito.
ResponderEliminarAs batidas do coração esperam o Verão que tarda em chegar. Também as batidas do meu...
Beijinhos.
Mais que lindo, criança!
ResponderEliminarDesculpe, mas não me controlo
quando te leio, oh, poeta e
mulher!
Beijos.
.
Lindo e profundo!!
ResponderEliminarbjokas =)
Uma primavera silenciosa onde a mulher com o seu xaile vai esperando novas madrugadas.
ResponderEliminarHaverá alturas, em que parecemos carregar um Inverno por dentro... por força das circunstâncias da vida... talvez uma Primavera... nos devolva também a vida por dentro... conforme nos vamos inspirando, em tudo o que se renova, à nossa volta...
ResponderEliminarMais um trabalho, de leitura maravilhosa, que nos toca fundo...
Beijinho! Desejando-lhe a continuação de uma excelente semana...
Ana
Boa tarde, mais um poema lindo que partilha, a vida é continuidade por momentos, nem todos são com a bela primavera, mas são superados.
ResponderEliminarContinuação de feliz semana,
AG
Excelente poema, parabéns pela inspiração.
ResponderEliminarBom fim de semana, amiga Graça.
Beijo.
Bem desabrigada esta primavera, Graça
ResponderEliminarLindo
beijinho
ResponderEliminarO frio custa mais a suportar quando vem num tempo que já deveria ser ameno. É como o sentimento da esperança por algo que se anseia e que tarda em chegar deixando o coração em sobressalto com "batidas desoladas".
Maravilhoso!
Beijo.
É, de facto, profundamente triste esta
ResponderEliminardama de Modigliani...
Transparece, sim, uma desolação atroz e
impressionante.
O Poema «desta primavera desabrida» está
lúcido, denota grande sensibilidade e
literariamente excelente.
Terno abraço, Poeta Amiga
~~~
há uma tristeza sem fim
ResponderEliminarna espera do olhar, onde
nem todas as flores fazem primaveras.
e tudo é um deslizar do tempo,
no silêncio das mãos.
um poema muito intenso, minha Amiga, com todos os segredos a querem espreitar.
e a nostalgia a nos inundar.
belo.
(que mais posso dizer, além dos
muito bons comentários, que retive?)
um beijo, querida Amiga Graça.
As batidas desoladas do coração, profundo amiga
ResponderEliminare há beleza neste clima desabrigada por um verão.
Um show de inspiração na elegância Graça Pires,
que fico admirando e aplaudindo de pé.
Carinhoso abraço de toda paz amiga.
Beijo
Que bonito, Graça!
ResponderEliminarBom fim de semana! ;)
beijos!
https://ludantasmusica.blogspot.com
Gracias por tu paso por mi blog te lo agradezco ya que hay un tipo que me pueta discupa la palabra pero es asi.
ResponderEliminarBesos
Oi, querida Poetisa, Graça Pires !
ResponderEliminarQue lindo texto descritivo, Mestra !
Senti, até, o frio instalado nas mãos
da modelo, descansando no braço da
cadeira.
Parabéns, Amiga de tão longe...
Um carinhoso abraço, aqui do Brasil.
Sinval.
um xaile vermelho deveria aquecer as mãos e o coração
ResponderEliminartalvez o sangue a chorar com ele e a mulher sozinha na cadeira onde se senta
muito bonito, Graça!
Belo, sentido e nostálgico poema.
ResponderEliminarBom domingo e uma excelente semana.
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Muito belo, Graça!
ResponderEliminarBeijo
O xaile de merino anda pelas arcas antigas como se nelas se abafassem "as batidas desoladas do coração". E essa "valsa estremecida dos pássaros" ateia ventos poéticos.
ResponderEliminarTão bonito, Graça!
Beijinho.
Uma desolada Primavera, diria eu, aqui expressa de forma poeticamente elevada.
ResponderEliminarMais uma vez muitos parabéns, com votos de excelente semana
Beijos
VB
as batidas desoladas do coração.
ResponderEliminarPasse a estação fria e vá para um morno lá.
Admiração ao seu lindo mundo.
Desejo a todos o melhor.
Saudação e abraço.
Do Japão,ruma ❃
Querida, gosto muito dessa ideia de recolhimento. Tenho vários poemas e textos sobre o tema. Acho que o principal é:
ResponderEliminarPoema para o inverno
O vento do outono
abraça a nova estação,
que chega com sua
ordem de recolhimento.
Como em um rito,
novos rumos se fazem
no casulo dos dias
à espera dos ciclos
das estações.
No rastro das névoas,
os sonhos não nascidos
escondem-se.
A vida lateja no
cortejo de idéias submersas.
Palavras extremas
aguardam o movimento
de fuga no vento,
ninho das idéias.
Há um poema intacto
no caminho do tempo
que aguarda o inverno,
mas só renascerei
na primavera.
Solange Firmino
Meu beijo
Tão lindo e tão nostálgico.
ResponderEliminarDá para sentir as batidas do coração.
Adorei
Brisas doces**