23.9.19

As primeiras chuvas de setembro


Katia Chausheva

Antes da queda, o pássaro ferido deteve-se
na árvore mais frondosa para cingir a haste
quebrada em suas pupilas ausentes do brilho.
Tinha voado para além das nuvens
quando os braços do vento tornaram interdita
a distância azul que perseguia.
Ao cair da noite demandou o abismo
para ajustar o voo à viagem já vencida.
E com asas de orvalho urdiu
as primeiras chuvas de setembro.

Graça Pires
In: Soltícios e Equinócios: antologia. Coordenação de Emanuel Lomelino. Lisboa: Edições Vieira da Silva, 2016, p. 63

52 comentários:

  1. Olá:- Pura fascinação poética. Gostei da imagem.
    .
    POEMA ** O mar e o destino **
    .
    Feliz início de semana

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  2. E entramos em Primavera pelo sul e os pássaros cantam felizes,
    e que as flores os afaguem, antes que um vento o cesse de voar.
    Um poema bonito em poesia e emocionante nas asas feridas.
    Uma semana linda para você Graça.
    Flores de nossa Primavera para você.
    Beijo amiga.

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  3. Intenso e lindo teu poema... As chuvas alcançam mesmo nos voos... Gostei muito! Feliz OUTONO! bjs, chica

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  4. Tão bonito de sentimento !! :)

    -
    Melancolia das manhãs ...
    Beijos e uma excelente semana!

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  5. E entra também a tristeza e as cores de Outono....
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  6. Querida Graça, vocês aí entrando no outono vento, chuva, trocando de estação; nós aqui entrando hoje na primavera depois de um inverno meio longo pro meu gosto, pois gosto de alegria e sol. Mas essa troca de estação mostra e destaca a beleza de cada estação, principalmente primavera e verão. E o outono, é renovação!
    Beijo, amiga, uma ótima semana!

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  7. Que lindo poema! (ando um pouco distante, a cabeça baralhada, a paz mal conseguida)

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  8. Bom dia de Outono, cheio de reflexões, querida amiga Graça!
    O pássaro vai voar mais sereno se ocultando dos perigos em árvores frondosas nessa belíssimas Estação aí.
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  9. Este poema certamente ficará como parte da sua antologia, Graça. Sua perfeição o torna um dos meus favoritos entre as maravilhas que eu já li de você.

    Abraços, poeta.

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  10. Graça,
    Tem uma frase minha que diz: "Não sou daqui, não sou dali e não sou de lá... De certa forma, somos todos aves migratórias!"
    Muito bom o teu poema!
    Que seja-bem vinda a primavera!
    Beijos!!!

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  11. Eu diria que a Graça fez o poema inspirada na foto, mas sei que não.
    Este poema é intenso e comove, pela sua perfeição e remete-nos para uma intensa reflexão sobre este voo inusitado do pássaro, no seu ousado voo.
    Também nós por vezes temos esta ousadia, mas vamos sobrevivendo, apenas com as feridas, mas não temos o condão de urdir as chuvas de Setembro.
    Gostei, reli e fiquei a pensar!
    Um grande momento de poesia!
    Boa semana amiga Graça e que essa inspiração nunca lhe falte!
    Beijinhos
    :)

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  12. Ah... um pássaro ferido,
    Nada seria e é tudo
    À Primavera, pois mudo
    Não há canto a um canto tido

    À fauna que dá sentido
    À flora e sobretudo
    Às flores. Se não me iludo,
    O encanto indefinido

    Vem do canto encantador
    De um pássaro ao seu amor
    Que procria à Primavera.

    E assim restará a dor
    Da fêmea que em clamor
    Pia do ninho à espera!...

    Grande abraço! Laerte.

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  13. Tão bonito, Graça...
    e como não desejar "asas de orvalho", quando, ferido o pássaro,
    a distância do azul se alonga, contra o vento?!...

    gostei muito

    beijo, minha Amiga

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  14. As primeiras chuvas de Setembro são as melhores chuvas. Porque alimentam e dessedentam a terra; purificam o ar e tornam-no mais transparente, matam insectos indesejáveis, regam-nos as plantas e lavam o mundo por igual.
    E há o cheiro a terra molhada, esse cheiro bom da natureza.
    É um poema bonito

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  15. Gosto de pássaros e de setembro mês que nasci e as flores acordam.
    Boa semana.Bjs.

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  16. this is intense and touching dear Grace !

    Remarkably done!

    i saw the wounded bird ,stuck in storm ,with faith and hope as wings :)
    they will bring him land and serenity for sure
    blessings!

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  17. Parabéns, querida amiga Graça, pelo comovente/belíssimo poema e escolha da imagem do pássaro ferido.
    Gostei muito desta tua postagem com as cores do Outono.
    Beijo, boa semana.

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  18. Hello Graça,
    Your words about the end of the birds life are wonderful.

    Big kiss, Marco

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  19. Lindo demais o seu poema, Graça! Uma expressão marcou a minha leitura: "Ajustar o voo"!
    Boa terça-feira e o meu abraço...

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  20. e’, realmente, um grande momento de poesia,
    como acima escreveu a Piedade, Graça!
    ir além do sonho e o preço pago, no
    último voo, trágico, com o destino traçado.
    transmutar a perfeição, neste poema que, de fim
    tão triste, emociona pela beleza “de orvalho” urdida.
    um beijo, minha querida amiga.

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  21. Achei muito interessante atualemnte esta sua postagens. Parabéns!
    Número dos famosos

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  22. pois nos por aqui ja cheira a outono mas o teu poema ele é lindo e deixa a pensar bjs

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  23. O pássaro que voou mais alto que as nuvens,
    que regressou ferido a uma árvore frondosa onde se abrigou, trazendo chuva benfazeja...
    Gosto das primeiras chuvas de Setembro e da amenidade do início do Outono.
    Um Outono muito agradável, Graça.
    Beijinhos, minha Amiga.
    ~~~~~

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  24. Eu, no momento, tenho um pouco
    do passarinho, da nuvem que o vi
    e da árvore que o acolheu.
    Beijos, poeta. Muitos.

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  25. "Antes da queda, o pássaro ferido deteve-se
    na árvore mais frondosa para cingir a haste
    quebrada em suas pupilas ausentes do brilho [...]".

    Gostei muito, querida amiga Graça, do teu "As primeiras chuvas de setembro", poema de grande beleza. Parabéns!
    Uma ótima semana Graça.
    Um beijo.
    Pedro

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  26. Aunque con alas rotas llegó a la sima, bello poema. Interesante
    Abrazo

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  27. Um voo de uma vida... intenso, belo e tão profundo quanto a vida...

    Gostei da escolha da imagem, beijinhos

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  28. Mas é a vida... mesmo a morte é.

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  29. Na vida costumamos agir como os pássaros e alçar altos voos para depois quedar-nos cabisbaixos quando os sonhos não se realizam
    A beleza poética do seus versos, encanta-me, Graça
    Grande beijo e terno abraço

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  30. Ah, as primeiras chuvas da estação. E como são mais dolorosas vistas pelos olhos de um poeta.
    Belo poema, como sempre são os seus poemas.
    Um beijo amiga.

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  31. Um lindo poema.
    Nem sempre conseguimos alcançar o azul, a chuva nos pega desprevenidos pelo caminho.
    Um abraço
    Sônia

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  32. O ciclo de vida que aparentemente termina no início de cada Outono (Fall), como faz notar a autora - Graça - com a genial imagem do pássaro que cai; mas, "(...)com asas de orvalho urdiu as primeiras chuvas de Setembro." Aqui, a água, elemento fertilizador por excelência, começará a tecer, também, um novo ciclo multiplicador da própria vida.
    Mais um excelente poema, minha amiga.
    Bom resto de semana.

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  33. Querida Escritora/Poetisa, Graça Pires !
    Já presenciei, muitas vezes, esta triste
    cena de morte...
    A chuva cai, tenho certeza, por solidariedade
    à dor, que já não pode ser remendada.
    Tristeza à parte, lindo e realista o texto.
    Parabéns !
    UIm fraternal abraço, aqui do Brasil, e um
    feliz final de semana !
    Sinval.

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  34. Que doce e linda imagem de primavera!
    Que as chuvas reguem tudo de mais bonito.

    Abraços!

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  35. Com as primeiras chuvas de Setembro, a fruta madura cai, as folhas soltam-se ao vento e, nós? por um momento pensamos no ciclo da vida.
    O seu poema é isso e muito mais. bj.

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  36. Aqui somos confrontados com a própria vida!
    A chuva que nos traz a água que,
    juntamente com o Sol, nos alimenta e dá
    forças; O pássaro que se eleva e acaba caído
    ferido de morte.
    São ciclos que se completam e sobre os
    quais deveríamos reflectir e tirar conclusões
    sobre a nossa acção e responsabilidades.

    Adorei. Admiro bastante a sua escrita, minha
    amiga.

    Beijos

    Olinda

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  37. Antes da queda tinha voado para além das nuvens.
    Quando chegou o interdito demandou o abismo.
    As chuvas de setembro anunciam a mudança de estação, mas já nada podia impedir a viagem já vencida.

    Magnífico o poema, uma sonata construída com palavras.

    Beijo.

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  38. Um poema de excelência.
    Como é habitual por aqui, de resto.
    Graça, um bom fim de semana.
    Beijo.

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  39. as primeiras chuvas de Setembro são bem-vindos . A natureza suplica de água
    abraços

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  40. Boa tarde Graça,
    Um poema muito belo urdido com a sua estética poética que tanto admiro.
    Um grande beijinho, minha Amiga e enorme Poeta.
    Tenha também uma boa semana.
    Ailime

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  41. Ah, Graça, que belo!

    Beijo meu

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  42. "E com asas de orvalho urdiu
    as primeiras chuvas de setembro."

    Em poesia tudo é possível. E é na queda que a tornas redentora. Sobes tão alto, Graça!

    Abraço festivo.

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  43. Com esse belo poema chegamos na primavera por aqui.
    Tenhas uma boa entrada de mês de outubro.

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  44. Me gusta el espíritu mítico de este poema pluvial. Un abrazo. carlos

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  45. Um poema dolorosamente outonal, tão límpido, de uma clareza crua e bela, num modo que só a querida Poeta sabe transmitir.
    Parabéns, Amiga Graça Pires.

    O pássaro sou eu?
    de garras e asas tolhidas
    e a impiedosa força que chama
    ao chão da terra?
    Como há-de manter-se o voo
    o quilíbrio no galho incerto
    se o vento o frio a chuva crescem
    se a escuridão encurta a luz dos dias
    que aí estão?

    Beijo.

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  46. E quantas vezes voamos para além do que nos é permitido, só para alcançar um pouco mais de azul, um pouco mais de luz numa constante inquietação de ir um pouco mais além! Resta-nos recolher ao abrigo mais próximo, ainda na expectativa de um voo solar. Mas abate-nos a noite da vida, num qualquer outono.
    Que imenso prazer é saborear a tua poética!
    Um abração, querida amiga!

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  47. O pássaro "tinha voado para além das nuvens" em busca do azul. Um sonho que excedeu os seus limites e o fez cair e ferir as asas. "E com asas de orvalho urdiu as primeiras chuvas de Setembro".
    Um poema cheio de imagens profundas e de grande sensibilidade. Uma maravilha, bem como a foto que o ilustra.
    Beijo.
    teresa p.

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  48. Quando as asas voam para além do limite e as forças se quebram
    pode ser que a chuva seja um abraço.

    Gostei muito. Palavras conjugadas que dão muito gosto ler.

    Boa semana!

    Beijinhos.

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  49. o pássaro
    tecido em linguagem
    antes rijo de sangue
    débil
    resvala, desliza
    no escuro caminho
    mensageiro de nosso último apelo,
    "urdindo" a chuva em suas asas.

    Um beijo, minha amiga Graça!

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