Jean Dieuzaide
O navio não voltou – gritaram as mulheres.
O arpão dos gemidos sangrando suas bocas.
Foi o vento – disseram os homens
e desenharam na areia o madeiro e a vela.
Foi o escuro – falaram os meninos.
Tinham sonhado toda a noite com piratas.
E o velho sábio, antigo como as tempestades,
que sabia de cor a braveza dos marinheiros,
há muito que avisara: ninguém
se salva
de um naufrágio com a
bagagem às costas.(1)
Graça Pires
De Uma claridade que cega, 2015, p. 24
(1) Séneca - Cartas a Lúcio
(1) Séneca - Cartas a Lúcio
Deu porá sentir bem o momento! Linda e forte poesia e mensagem nela! beijos, chica ótima semana!
ResponderEliminarBelo, porém muito triste:))
ResponderEliminarHoje-:-Somos a base que nos eleva, somos emoção
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira.
Um excelente poema, gostei e aproveito para desejar e uma boa semana.
ResponderEliminarAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Haunting...
ResponderEliminarFoi o Mar....quando a tempestade se fechou em si...
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Graça Pires, poema que mesmo retratando a tragédia dos homens do mar, não deixa de traçar boa imagem, dessa mesma tragédia.
ResponderEliminarBjs
É uma alegoria com uma mensagem profunda por trás! Sábio. beijos
ResponderEliminarComo sempre, surpreendente! Amei!
ResponderEliminarAdorei a imagem.
-
Uma lenda das adegas
Beijo e uma excelente semana!
E o velho sábio, antigo como as tempestades sabe de cor o peso da bagagem que carregamos.
ResponderEliminarBeijinho
Carmo Baião
Boa tarde de paz, querida amiga Graca!
ResponderEliminarBagagens nos fazem ficar com a alma pesada...
Nao nos deixam concentrarmos no foco do que desejamos conquistar.
Ha tantas possibilidades do nao retorno do mar com vida.
Voce deixa um toque especial nos poemas que constroi. Muito bom passar aqui... Saio contemplada.
Tenha dias abencoados e felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de pazbe bem
Bjm
Hello Graça,
ResponderEliminarImpressive words of these lost human.
Big hug, Marco
Poema profundo, Graça. Eu li como uma homenagem a tantas vidas naufragadas, a tantos heróis anônimos do mar... Sua poesia sempre emociona, amiga.
ResponderEliminarAbraço muito grande.
Quizás deba para lograr sortear la tormenta, ser ligero el equipaje como en la canción, de Nino Bravo. Un placer leerte. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarContigo a poesia ganha incomensuráveis dimensões
ResponderEliminarBj sempre
Tão metafórico o poema quanto intensa a angústia de um náufrago com bagagem às costas.
ResponderEliminarGosto do modo de dialogar com Sêneca e deste "zumbido" sobre o futuro do homem, não apenas sobre o mar! E como gosto da asa leve do seu canto!
Um beijo, minha amiga Graça!
Boa tarde Graça,
ResponderEliminar"O navio não voltou" e os corpos abandonados na praia, exaustos, na esperança do regresso.
Um poema muito belo, profundo, que emociona.
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana.
Ailime
bonito mas triste ao mesmo tempo parabens por mais um poema com alma bjs
ResponderEliminarQuantos ficam na areia e o navio nao voltou. Excelente.
ResponderEliminarBoa semana
A frase de Séneca muito bem aplicada num poema
ResponderEliminarexpressivo e metafórico.
Foi um prazer lê-lo e apreciá-lo.
Uma semana ótima, minha Amiga.
Abraço
~~~
Lindo, lindo, magistral poema sobre o Mar, barcos que naufragam, marinheiros que vão e não voltam
ResponderEliminar.
Votos de uma semana feliz.
Cumprimentos poéticos.
E eu digo mesmo mais, seja ou não marinheiro, ninguém se salva com a bagagem às costas. Toda a salvação - seja isso o que for - requer despojamento.
ResponderEliminarUm poema que chora e faz chorar.
ResponderEliminarBoa semana.Bjs
Este me emocionou ao ler o livro Graça.
ResponderEliminarUma inspiração que imagino a dor no momento de cada verso, de cada expressão.
Só os grandes poetas conseguem colocar tanta dor numa esperança vã.
A beleza do triste só a poesia.
Beijo amiga e feliz semana.
Bom ter suas obras em mãos e assim reler e sentir sua força.
Olá Graça!
ResponderEliminarUm poema vestido de filosofia.
Quantas e quantas vezes, sinto necessidade de pegar na "trouxa" e levar só o que me faz falta.
Antes, muito antes de reciclar o lixo, importa aliviar a carga que trazemos dentro de nós.
Gostei do poema e da metáfora.
bj.
Há tantos navios que não voltam....infelizmente.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Escreve com tanta criatividade e sensibilidade!
ResponderEliminarParabéns
Beijinho
A braveza dos marinheiros não ignora as palavras avisadas do velho sábio, muito menos o grito das mulheres e o sonho dos meninos. Apesar do vento e das tempestades continuarão a desenhar na areia o madeiro e a vela. Porque é essa a sua condição.
ResponderEliminarTristeza de mar con penas de sus criaturas.
ResponderEliminarAbrazo
velhos assim que vêm das entranhas do tempo!
ResponderEliminare que ocupam toda a paisagem...
belíssimo, querida Poeta
beijo, minha Amiga
Muitos são os navios que não regressam, afundam-se com todas as dores que trazemos no peito e fica o corpo sem a alma, fica o corpo sem vontade da vida.
ResponderEliminarUm poema numa forma muito bela de nos trazer um retrato sofrido.
Um beijo.
Foi o vento, foi
ResponderEliminarFoi o escuro, foi
Foi a bagagem, foi
A Poeta a sentir o sentido da nortada
A Poeta a ver na escuridão do escuro
A Poeta a saber do peso da bagagem
A Poeta a dar-nos as emoções que sentiu no dorso do verso do horizonte à praia de gente sem horizonte
Muito grato, cara Amiga.
Um beijo.
Li, reli, e fiquei sem palavras! (Aqui me acontece vezes sem conta...)
ResponderEliminarAo juntares palavras tuas às de Séneca o efeito foi brilhante e emocionante por demais.
Teimamos em não despegar da bagagem que trazemos às costas... e do mar revolto, na escuridão da noite, o navio não volta!
Beijo, querida amiga!
Densamente forte e reflexivo. A dor da esperança perdida...
ResponderEliminarUm abraço grande nesta quarta-feira...
ResponderEliminarNos naufrágios da vida ou em momentos-chave, em que se decidem
coisas importantes não nos falta o peso da bagagem, coisas supérfluas
que nos impedem de devassar a escuridão e enfrentar as tempestades.
Belo poema, minha amiga. Fico presa às suas palavras que me
levam sempre numa proveitosa viagem ao interior de mim.
Beijinhos
Olinda
ResponderEliminar...não nos faz falta...
:)
Palavras sentidas e intensas num poema sublime.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
Intenso e profundo.
ResponderEliminarE a sabedoria do velho vale tudo.
Que belo!
Beijinhos
:)
Fantástico, confesso que, "viajei", aqui com a minha imaginação,
ResponderEliminarlendo esse gostoso texto, muito obrigado por posta-lo!...
Beijinhos com carinho!!!
Querida Graça, que triste essa foto e o poema, mas ambos belos! Retratam perfeitamente as dores do mundo, penso que é o que mais existe. Nos 'intervalos' o mundo sorri...
ResponderEliminarBeijo, boa semana!
horrifying reality dear Grace !
ResponderEliminaryou painted the pain and fear so powerfully
i wonder when people with power will care about their common man and will stop using them for their selfish aims
i agree we don't need it
Isto toca tanto. E remete-me para um texto recente que tanto me comoveu e que partilho consigo
ResponderEliminarhttps://www.publico.pt/2019/10/30/p3/cronica/carta-1891941.
Beijinhos,
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/
Os receios dos naufrágios atormentam as famílias dos pescadores. É um pesadelo bem real. E, com o mau tempo que se instalou hoje, o perigo é ainda maior.
ResponderEliminarMas o seu poema é magnífico, gostei imenso.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.
"O navio não voltou". Um drama real, onde a esperança e o desespero se entrelaçam. É O choro e os gritos das mulheres, a tristeza das crianças e visão conformada dos que olham para a situação como um destino natural de quem anda no mar.
ResponderEliminarO velho sábio, "que conhecia a braveza dos marinheiros há muito que avisara: Ninguém se salva de um naufrágio com a bagagem às costas..."
Um poema intenso e emocionante. Maravilhoso, tal como a foto, que impressiona muito.
Beijo.
Belíssimo! Dores da vida que matam.
ResponderEliminarPor vezes temos de despojar-nos do que nos carrega, para que o mar e as tormentas da vida não nos subjuguem, como um naufrágio.
Beijinhos, amiga Graça.
Um poema muito belo e profundo, que valoriza com imensa sensibilidade, as vidas perdidas, dos que têm no mar, a sua forma de subsistência!...
ResponderEliminarAbsolutamente tocante, Graça! Gostei imenso!!!
Finalmente de volta, a este inspirador espaço, do qual já tinha imensas saudades, depois de um longo interregno meu, deste universo que é a Net...
Sempre um prazer imenso, Graça, apreciar os seus notáveis poemas!
Beijinhos! Desejando-lhe a continuação de uma feliz e inspirada semana...
Ana
Gostei muito deste seu poema, Graça (“O navio não voltou”),
ResponderEliminarque é um dos poemas que compõem o seu livro
“De Uma claridade que cega”, 2015.Parabéns
Bom final de semana, Graça.
Um beijo.
Seus poemas despertam pensam e sensações tão diversas que parecem inconciliáveis.
ResponderEliminarPiratas tirando uma soneca. Adorável.
ResponderEliminarSeu sentimento artístico é requintado.
Elogio aos sentidos.
Eu amo sua fotografia.
O melhor elogio.
Do Japão, ruma ❃
Tragédia que do fim dos tempos povoa os olhares do destino.
ResponderEliminarSó o "velho sábio" conhece o verdadeiro sentido do despojo; da alma na leveza da passagem.
Belo poema, minha querida amiga, construido como se a fatalidade fosse
Mistério.
Um bom fim-de-semana, Graça
Um beijo.
ResponderEliminarNum mar, nem sempre azul, quantas vezes sucumbimos com o peso que carregamos no fardo que por vezes é o barco da vida!
Esperemos a bonança na praia ainda quente e macia.
De ti, querida amiga Graça e sem mais palavras...
Aquele abraço!
Nice idea!! Thank you so much for such information. I’ve been waiting patiently for your next blog.
ResponderEliminarbest british schools in sharjah
Querida Mestra / Poetisa, Graça Pires !
ResponderEliminarDiante do cenário, descrito com tanta fidelidade,
somente um "Sábio" poderia explicar a dor e o
resultado da brutalidade...
Parabéns, Amiga. Belíssimo texto!
Um carinhoso abraço. aqui do Brasil.
Sinval.
Assim como o Velho do Restelo, de Camões, esse velho sábio entende de naufrágios e marinheiros. E eu sempre fico triste lendo poemas sobre naufrágios. Mas você sempre faz magistralmente.
ResponderEliminarBeijinhos, minha amiga.
Deixemos para trás os fardos que possam impedir a nossa salvação...recomecemos sempre!
ResponderEliminarTodo o meu respeito à sua obra, Graça.
Um forte abraço.
pois não!
ResponderEliminarNo princípio e no fim, somos apenas nós.
beijinhos Graça