Francesca Woodman
Envelhecemos com uma vara
de medir o sol na linha do olhar.
Não entendemos os sinais inscritos
nas margens do abismo.
Nem os bosques onde se abrigam
as sombras e a chuva.
Nem a misteriosa relação dos astros
no lado mais silencioso dos céus.
Um surdo alvoroço ecoa, fúnebre, na paisagem
quando, para além das montanhas, o piar dos pássaros
é tão nítido como o sopro do medo que transtorna
a leve inclinação das planícies.
Graça Pires
De Uma vara de medir o sol, 2018, p. 59
Bom dia:- A verdade é que vivemos quase um clima de terror e nada mais ouvimos ou pensamos para além do sentir.... o medo.
ResponderEliminar.
Votos de uma semana feliz
Tão bonito, Graça. Assim uma coisa de poesia à solta.
ResponderEliminarBom dia:)
Linda poesia,Graça. Continuas inspirada sempre!Que bom! Isso nos encanta e é bom aqui estar! beijos, te cuia! Fica bem! chica
ResponderEliminarE tudo fica diferente....
ResponderEliminarLindo....
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Sim... continuamos a ser muito ignorantes em relação a tudo o que nos cerca.
ResponderEliminarabraço Graça
Bom dia de paz e saúde, querida amiga Graça!
ResponderEliminarUma imagem como se estivesse nas trevas... Lembrei-me de um canto:
Indo e vindo, trevas e luz,
Tudo é Graça,
Deus nos conduz...
Só assim consigo serenar em meio às incógnitas reinantes, amiga.
Tenha dias abençoados livres do vírus impiedoso!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Graça Pires julgo que já ninguém utilize a vara a medir a inclinação do sol, reporto- me à pré-adolescência: no campo, para determinar a hora do "jantar" ao meio-dia, era vulgar se recorrer a um caniço, por cuja sombra se avaliava. "recordar é viver".
ResponderEliminarBeijos
Um poema fantástico que (me) serve de reflexão! Obrigada. Graça Pires!
ResponderEliminar-
Eu posso...
-
Beijos. Uma excelente semana...Fiquem em casa.
... entretanto os melros continuam a cantar
ResponderEliminare devagar a vida continua
Bj sempre
" Um surdo alvoroço ecoa, fúnebre, na paisagem
ResponderEliminarquando, para além das montanhas, o piar dos pássaros
é tão nítido como o sopro do medo que transtorna
a leve inclinação das planícies."
Parece o atual momento em que vivemos com o corona vírus, mas o pássaro do poema da sinal de vida quando canta, vamos ter fé apesar do medo e de ver nossos semelhantes serem atingidos por esses que usam o estilingue com um vírus invisível e em sua maioria mortal.
Os pássaros parecem enxergar o que não vemos, pois ainda cantam.
Uma tarde abençoada para você. Beijos.
Olá Graça
ResponderEliminarPoema interessante, bjs querida e uma ótima tarde.
Lindo e mágico poema!
ResponderEliminarAdorei a imagem. Ela parece se mover!
A Poeta, ao escolher e publicar este belo Poema,
ResponderEliminartraz-nos a incompreensão dos sinais ecoados para la'
das montanhas e da silenciosa aproximação das margens.
Porem, deixa-nos a esperança, um esvoaçar de sonho,
um leve medo que proteja e abra caminhos.
Poderemos envelhecer, sim, mas o Tempo da'-nos a perspectiva e
a doce certeza dum Mundo feito de Beleza.
Ou nao fosse a Poesia, um desabrochar em flor...
Gostei imenso.
Um Beijo< minha Amiga Graça. Bem-hajas!
O piar do pássaro apagará os nossos medos, sim!
ResponderEliminarObrigada pelo poema, o poema sagrado, alimento de cada dia...
Beijinho
Graça
ResponderEliminarum poema interessante e muito intenso e com tanta reflexão, que até parece que foi escrito agora nestes momentos angustiantes que atravessamos.
muito actual, muito reflexivo.
Beijinhos
:)
temos que ter paciencia pois tudo vai passar e vamos todos ser mt felizes mt bonito desejo mta saude feliz semana
ResponderEliminarCuánta relación con estos tiempos que vivimos, cuando la naturaleza nos reclama por el daño a su equilibrio. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarGraça,
ResponderEliminarA Poesia nos auxilia nesse
tempo tão complicado.
Pois pensamos e criamos
e na falta do convívio
vamos registrando nossos
versos, muitas vezes
o fazemos para não enlouquecer.
Lindos versos.
Bjins no desejo que Vc e os Seus estejam bem.
CatiahoAlc.
https://delasdelesouviceversa.blogspot.com/
https://reflexodalma.blogspot.com/
https://fragmentosdeserluaflor.blogspot.com/
Graça adorei.
ResponderEliminarO medo sempre nos transforma, como agora. Pode ressaltar o melhor de nós, a solidariedade e a empatia, ou pior de nós, como a corrida ao supermercado.
Um beijinho e boa semana,
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/
Tu amas a la cultura
ResponderEliminarToda a vida é um alvoroço de tal ordem que uma antiga descoberta ainda hoje nos assombra.
ResponderEliminarSaudações poéticas,
Juvenal Nunes
Minha querida,
ResponderEliminarsinto uma vara a barimbar no olhar e no corpo. É que estamos no auge de um surdo alvoroço e não vemos terra à vista.
Muito belo e oportuno este poema.
Um beijo. :)
Nossa, amiga, bem no nosso momento esse poema,já publicado. Na "linha do meu olhar" não vejo paisagem aqui da minha janela, somente minhas plantas. Não saio há dias e faço exercícios em casa. Só dá para ver o céu, a chuva, o sol em algum momento da manhã; e, quando houver lua, somente depois de meia-noite. Mas ouço bastante os vizinhos.
ResponderEliminarNão, nunca entendemos os sinais, nunca aprendemos com os erros passados. Resta esperar...
Beijo, querida.
O poeta confronta o medo com versos e metáforas iluminados e inspiradores ... Outro grande poema, Graça, para esses tempos tristes.
ResponderEliminarAbraço sempre admirado.
Bonito poema!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Beautiful.
ResponderEliminarSirvo-me das palavras de Goethe para comentar este belo poema da Graça:
ResponderEliminar«Cerra os olhos, espeta as orelhas e, do mais suave som ao mais selvático barulho, do mais simples tom à mais elevada harmonia, do grito mais violento e apaixonado às mais gentis palavras da doce razão, é a Natureza que fala, revelando o seu ser, o seu poder, a sua vida e a sua afinidade, para que uma pessoa cega, a quem é negado o mundo infinitamente visível, possa captar a infinita vitalidade daquilo que pode ser ouvido.»
A belíssima fotografia que escolheste , transporta- nos para o medo do abismo que presentemente nos assola
ResponderEliminarA Natureza que tanto amo , este Eu Poético faz com que a veja mais receosa pois em vez da Luz vejo sombras . Em vez das aves canoras , ouço o guincho e o esvoaçar torto dos morcegos ...
E tanto , tanto me trazes para reflectir !
Quão bela é a tua poesia , minha doce amiga !
Teabraço 🌷
Boa tarde querida amiga Graça
ResponderEliminarSeu poema reflete muito o quê estamos a passar. Lhe desejo de coração quê você e toda a sua família saiam vitoriosos dessa guerra, onde o inimigo ataca sem nem ao menos pordernos vermos. Mas vamos confiar e não nos entregarmos ao medo. Por maior que seja a escuridão, o sol voltará a brilhar. Forte abraço. 💚⚘💥
Penso que a Graça não consegue escrever nada que fique abaixo do extraordinário…
ResponderEliminarParece-me um poema diferente, sem aqueles seus fundamentos (que tanto gosto) com suporte no elemento mar.
Um poema que nos aproxima de um fim, talvez, como alguém diz acima, um poema sagrado…
Um beijo e boa semana
Boa noite Graça,
ResponderEliminarMuito belo este poema que dá título ao seu maravilhoso livro "Uma Vara de Medir o Sol"!
Na verdade, não temos visto os sinais e tantos têm sido como prenúncio de algo como o que agora grassa entre nós.
Que durante estes tempos tão difíceis saibamos enxergar com o olhar bem atento tirando as devidas lições que possam alterar os nossos comportamentos, para encararmos o mundo com uma visão mais transparente.
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Votos de boa saúde para si e todos os seus.
Ailime
.
ResponderEliminarGraça, toda vez que leio seus versos
me sinto mais próximo dos poetas e mais
distante das minhas poesias, se as soubesse
fazer. Como, meu Deus, essa mulher pode ir
tão fundo na alma da gente pra dizer o
que nos emociona e encanta? E que jogo
bonito das palavras na composição dos
sentidos.
Um beijo virtual e boa tarde.
Olá, Graça!
ResponderEliminarUma maravilha o poema (Um surdo alvoroço)! Nele está expresso a sensibilidade e o talento da Poeta. Já está dito, pois, querida amida, que gostei muito deste seu belo poema. Parabéns!
Votos de uma boa semana, com os cuidados com a saúde, Graça.
Um beijo.
Pedro
As palavras fluem ao sabor do tempo que vivemos . Os poetas,melhor do que ninguem usam a paleta ortografica para o definir.
ResponderEliminarBeijo amigo,
Ana
Maravilhosa inspiração... que me remeteu para os tempos de agora... estranhos... impensáveis... e para os quais... já havia tantos sinais... mas que a humanidade, foi sempre preferindo ignorar...
ResponderEliminarExcelência, como sempre, ao mais alto nível, por aqui, Graça! Gostei imenso!
Beijinhos! Uma semana, o melhor possível, dadas as circunstâncias!
Ana
Em nós é que tudo existe e não se extingue jamais.
ResponderEliminarEste poema aviva o drama que vivemos, traduz metaforicamente o medo que nos acomete e a chama vacilante da vida que nos escapa por entre os dedos.
A vara de medir o sol talvez não nos dê conta do sentimento de medo em cada um de nós.
Só uma antena da raça poderia pintar um retrato tão duro da realidade e tão poético ao mesmo tempo. Malgré tout, um belíssimo poema!
E cuide-se, e aos seus!
Beijos, minha amiga!
Morremos e deixamos a natureza respirar
ResponderEliminarUm encanto de escrita.
ResponderEliminarQuem assim escreve é poeta. E dos grandes.
ResponderEliminarExcelente poema, os meus aplausos.
Graça, continuação de boa semana.
Beijo.
ResponderEliminarUm poema quase premonitório dos tempos que estamos a viver.
Se a natureza continua viçosa, os passarinhos a chilrear num
louvor à Primavera, nos nossos corações começamos a ver a
cor do abismo.
Vacilar ou não está nas nossas mãos. Enquanto depender de
nós, que o canto e a alegria sejam o nosso suporte diário.
E o olhar de compaixão e entreajuda naquilo que estiver
nas nossas possibilidades e nos for permitido pelas
contingências dos dias que estamos a viver.
Sempre a admirá-la, minha amiga Graça.
Beijos
Olinda
ResponderEliminarwhat a gift you have dear Grace
i don't know if someone else has such mastery over expressions ,how magnificently you painted the whole scenario we are experiencing as life
thoughts fit to chosen words as perfectly seems beyond perfection
image is utterly mature and goes with poetry to all measures
i am so happy to have you as my friend!
stay blessed and well !
Que imagem maravilhosa Graça!
ResponderEliminarDe um livro que adorei ler e releio.
Um poema magico Graça no infinito de nosso medo,
um sopro a medir nossa inquietação com a vara do tempo.
Maravilhoso ler suas poesias encantadas.
Cuidar e cuidar amiga.
Beijo
Muito bom!
ResponderEliminarNão sabemos nada, mas achamos que temos muito conhecimento, e olhamos tantas vezes desconfiados para os outros e o mundo.
Proteja-se!
Beijinhos.
Este magnífico poema retrata o tempo incomum e dramático que se vive atualmente.
ResponderEliminar"...o piar dos pássaros é tão nítido como o sopro do medo que transtorna a leve inclinação das planícies."
A foto é maravilhosa.
Beijo.
ResponderEliminarEnvelhecemos
sim, essa é a realidade
por isso ainda mais me custa
estar aqui "parada" e o tempo a passar!
Apetecia-me hoje um bosque mágico, onde pudesse
andar sem me cruzar com ninguém
Onde as sombras seriam minhas companheiras!
Lindo poema
Obrigada pela partilha
e muito obrigada pela sua presença nos meus blogues
Quando quiser
(porque segundo dizem agora há tempo para tudo)
aqui vão alguns links meus
https://meusmomentosimples.blogspot.com/
https://orientevsocidente.blogspot.com/
Bom fim de semana.
Beijinho da Tulipa
Intrigante poesia, gostei.
ResponderEliminar"Não entendemos os sinais inscritos
nas margens do abismo."
Acredito que soubéssemos o que viria adiante, jamais aprenderíamos a seguir em frente, ou pior, deixaríamos de nós encantar.
Desejo um ótimo final de semana.
Poema escrito em 2018, mas onde se "adivinha" o cenário actual. Afinal a Graça sabe ler os sinais...
ResponderEliminarUm beijinho, Graça :)
Parece um surdo alvoroço, porque é o nosso interior que sente um tamanho alvoroço,
ResponderEliminarCom o medo que sentimos a cada noticia dada: ninguém ouve esse alvoroço por mais ruido que ele faça dentro de nós. Parámos, finalmente e finalmente a natureza respira de alivio; foi preciso um ser minusculo, imvisivel, dar a ordem e nós embora contrariados, obedecemos; ficamos em casa, deixamos de consumir em exagero, deixamos de desperdiçar e de poluir. Vamos resistir a tudo isto e despois? Creio que seremos pessoas melhores. Tentemos, pelo menos! Graça, um poema, como sempre, maravilhoso e que serve de alento nestes momentos dificeis; consegue acalmar o alvoroço em que todos nos encontramos; uma alvoroço silencioso, para não atrapalhar o alvoroço daqueles que estão connosco em clausura. Obrigada, querida Amigae espero que estejam todos bem. Um beijinho e boa noite
Emilia
Um poema lindo e mais bela é a pintura dele que você faz com as palavras.
ResponderEliminarBeijão no coração.
Agora,
ResponderEliminarsabemos a morfologia do lado obscuro da Lua
"The Dark side of the moon"
tão bem cartografada no chão do Poema.
Nestes dias vivemos na certeza da incerteza:
veremos a luz que há-de pulverizar o medo?
De passos tolhidos desesperamos
na dúvida dos dias a acontecer
Cara Amiga, encenou magistralmente neste Poema, com uma densidade dramática intensa, a impensável incerteza que nos estava reservada.
Desejo-lhe a si e aos seus a maior riqueza que se pode desejar - a saúde.
Beijo.
Magnífico como toda a tua escrita, minha querida amiga.
ResponderEliminarParece que adivinhavas...
Beijo doce.
Doce Graça, sempre bom chegar aqui
ResponderEliminare de novo ler as suas palavras, sempre tão cheias de tanto.
Deixo um abraço e o desejo que desse lado sejam leves e doces as brisas *****
É, o seu poema combina sim com as perplexidades do tempo presente... Indefinições e anelos profundos...
ResponderEliminarBoa semana... Meu abraço...
Adoro lê-la. É sempre tão bom visitar esta página.
ResponderEliminarBoa semana Graça com muita saúde!
Vanessa Casais
https://primeirolimao.blogspot.com/
Muito belo, este poema é uma ótima escolha para estes dias
ResponderEliminarsobressaltados e temerosos.
Beijinhos, Amiga Graça.
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"...o piar dos pássaros
ResponderEliminaré tão nítido como o sopro do medo que transtorna"
Sente-se a inquietação neste teu poema, minha amiga.
Nestes dias de uma tristura sem fim, é bom ler-te.
Ontem, domingo, reli as 11 cartas de Marta para Maria. Uma fascinação!
Beijo, Graça. Por favor protege-te.
É verdade! Envelhecemos e pouco ou nada percebemos!
ResponderEliminarOs sinais são difíceis de interpretar e só revelam meias verdades!
Creio que um dia tudo será revelado!
Beijinho e muita saúde!
Mestra, Escritora / Poetisa, Graça Pires !
ResponderEliminarA sutileza desta Poesia, ao descrever a passagem
pela vida, só pode ser comparada ao imperceptível
desnível da Planície, como bem observas no texto.
Parabéns, Amiga !
Uma ótima semana e um carinhoso abraço, aqui do
Brasil !
Sinval.