Já isolei o coração. Lavei os olhos
com sal até sangrar toda a doçura.
Coloquei as mãos numa gaveta de silêncio.
As lágrimas estão em confinamento desde
o primeiro dia. Adiei o medo para quando
necessário. Adiei tudo o resto, na verdade.
Vestidos novos, beijos, viagens e poemas.
Adiei até os filhos. O amor pelo amor.
Entretanto, nas legendas de um filme
leio que a esperança é uma coisa
perigosa. E no entanto, digo,
no entanto há concertos nas varandas
e gestos novos nascidos como planetas
antes desconhecidos. E no entanto
há rosas desenhadas nos nossos rostos.
Feridos, os nossos rostos, ardendo de dor.
E no entanto, é o abraço das cicatrizes
Que nos salva.
Virgínia do Carmo, 2020
Lido pela autora no sarau poético, no dia 7 de Abril, dia Mundial da Saúde, em homenagem a todos os profissionais de saúde que, com enorme sacrifício estão na linha da frente deste combate que a todos assombra.
Poema profundo, comovente, perfeito retrato escrito dos tempos difíceis que o mundo está a sofrer. Lindo de ler
ResponderEliminarDeixando cumprimentos
Lindo poema esse e a autora bem fez ao homenagear esses heróis que estão na linha de frente para esse período enfrentar salvando vidas... Gostei! beijos, chica
ResponderEliminarrepito-me! e repetirei sempre
ResponderEliminarfosse o mainstream cultural bem diferente, como deveria
e teríamos a Graça Pires e a Virgínia do Carmo como nomes cimeiros
no actual panorama da poesia portuguesa
o poema é belíssimo
e exemplar do universo poética da Virgínia
abraço ambas.
Linda, linda, a homenagem de Virgínia do Carmo àqueles que se expõem ao perigo para salvar vidas. Nunca é demais aplaudir, seja de que maneira for.
ResponderEliminarMinha amiga Graça, gostei que tenhas compartilhado.
Beijo, boa semana, saúde.
Graça Pires o belo e actual poema é sobretudo, um contributo para louvar a abnegação de muitos profissionais.
ResponderEliminarBeijos
Mais um belo poema!! Adorei:)
ResponderEliminar-
Arrepio na mente ...
-
Beijos e um excelente semana.
"Vai ficar tudo bem"
Quien dijo que todo está perdido, nos dice Fito paez, en una de sus canciones, coincidiendo con este poema que estimula a no perecer. Un abrazo desde mi cubil colombiano
ResponderEliminarCarlos
Bonito poema. Parabéns à Virgínia por tê-lo escrito e e à Graça por no-lo dar a conhecer.
ResponderEliminarBjs
Regina Gouveia
Poema próprio para o momento. A poeta
ResponderEliminarvê amor onde muitos nada enxergam.
Um beijo, Graça. Te amo.
Beijos e, se cuide. Fique em casa.
Eu estou kkk
pois a vida nestes dias nao estam a ser facis mas mas o teu poema ele da que pensar mt bonito bonita partilha amiga bjs saude
ResponderEliminarBela e merecida homenagem aos verdadeiros heróis. Bjs.
ResponderEliminarViviamo di questi "eppure"
ResponderEliminarBella poesia
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarQue dizer deste fabuloso poema que fala duma forma tão bela e tão atual, numa homenagem sentida e tão merecida aos profissionais de saúde que estão dando a vida pela vida!
Fiquei muito emocionada.
A Virgínia poetiza com alma e coração.
Muito obrigada pela sua tão generosa partilha.
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana com saúde.
Cuidemo-nos.
Ailime
Um belo poema com uma intenção ainda mais bela, o que o torna ainda melhor. Um beijo, Graça, espero que esteja tudo bem contigo.
ResponderEliminarA poesia nunca quis salvar o mundo
ResponderEliminarsó ajudar
Bj
Basta contemplar
ResponderEliminarnão há vírus que protejam os desvalidos
Bj
Gosto muito da Poesia da Virgínia do Carmo.
ResponderEliminarEste Poema e' uma bela homenagem ao nosso
Serviço Nacional de Saúde e aos seus profissionais.
Recital Poesia
Uma boa semana, minha Amiga Graça.
Recebe um beijo com afecto e obrigado por partilhares este momento.
São loucas estas horas que nos atravessam.
Dias que passam ébrios de silêncios.
Ausências sentidas de cheiros e sons
Como se tudo fosse perdido ou nunca sentido.
Parece irreal. Já começo a ter saudades
Da poluição, do barulho dos carros, dos
Aviões sobre-lotados e das praias formigadas de gente.
E, no entanto, la' fora as aves tomam conta das ruas vazias,
Os hospitais lutam pela vida humana e as crianças nascem
Separadas das mães. Luta-se a cada segundo, enquanto eu,
Confinado, vejo o mundo passar, sentado, sem nada fazer. LM
Está cabalmente descrito o ambiente que nos rodeia e nós dentro dele. Um poema e tanto.
ResponderEliminarTão bonito!
ResponderEliminarQue bom que há gente que consegue traduzir tudo em palavras!
Beijinho.
Una buena cultura es mucho mejor que una buena comida.
ResponderEliminarÓtimo poema. Emocional, inspirador. Como só uma poeta sabe dizer. Vou procurar mais poesia dela.
ResponderEliminarGrande abraço, Graça. Muito obrigado por revelar.
Graça:
ResponderEliminarSo' para aditar que o "Recital Poesia" também esta' disponível (entre outros) em:
https://youtu.be/oDCiom6bmUM
bjs
Um poema que espelha bem aquilo que todos sentem e que alguns vivem mesmo à frente, mas é preciso. A poetisa soube expressá-lo muito bem.
ResponderEliminarIsolemos, por agora, tudo ou quase, e depois façamos o Festival do Amor.
Beijos, querida amiga Graça!
Um belo e oportuno poema de Virgínia do Carmo. A poesia a alertar, a dizer da vida - agora tão confinada.
ResponderEliminarBeijos, amigas Graça e Virgínia.
Que maravilha do poder de criação e de sua generosidade em trazer Graça.
ResponderEliminarSuas garimpagens em Searas são ótimas.
Bom ver a poesia valorizada e a serviço da humanidade.
Adorei ler.
Uma semana maravilhosa com todos os cuidados.
Beijo amiga.
Minha Mestra, Graça Pires !
ResponderEliminarEm "Seara Alheia", um desabafo da alma, da Poetisa
Virgínia do Carmo, e muito bem aproveitado neste
momento angustiante.
Obrigado, Amiga, por partilhar conosco !
Um fraternal abraço, aqui do Brasil !
Sinval.
Um poema atual que nos faz refletir!
ResponderEliminarGosto da escolha!
Será possível isolar o coração....
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
A esperança que nunca deve morrer...
ResponderEliminarUm desabafo, uma prece....
Brilhante...
Obrigada pela partilha.
Beijos e abraços
Marta
É impossível permanecer indiferente a tais palavras. Há, pois, que continuar a guardar o medo e tentar descobrir novas formas de existência.
ResponderEliminarUm beijo e boa semana
Graça
ResponderEliminarEste poema da Gina é um grito de esperança
para nos acalmar o medo
muito real, muito dorido, muito verdadeiro
esperemos com fé e sereenidade...
boa escolha!
beijinhos às duas Poetas
:)
Mediante a crueldade a que estamos submetidos são vértices como este da Virgínia que nos doem ainda mais pela extrema beleza com que nos transmite este confinamento e na ausência da pele
ResponderEliminarMas quanta beleza quando se entrevê uma rosa em cada rosto !
Obrigada, querida amiga Graça
Parabéns à Virginia
Que lindo ese sentir de esperanza peligrosa, muy buena descripción.
ResponderEliminarAbrazo
Belíssimo!
ResponderEliminarE "é o abraço das cicatrizes
Que nos salva."
Boa semana!
beijinhos.
Bela partilha.
ResponderEliminarUma bela fotografia da vida com pandemia, que é um recorte da totalidade vivenciada por cada de nós e todos ao mesmo tempo. Belíssimo poema de Virgínia, a aprendiz de feiticeira cuidando de livros.
Um beijo, minha amiga Graça!
Amiga Graça,
ResponderEliminar“... leio que a esperança é uma coisa perigosa...”
O poeta e ensaísta argentino, “Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo”, disse:
"A esperança é o mais sórdido dos sentimentos!"
Mas, creio que precisamos ir na contramão disso.
Belas estas tuas letrinhas unidas umas nas outras!
Beijos! E cuide-se!!!
A Primavera chegou e o nosso pais, já conhecido como um belo jardim se encheu de flores dos mais variados perfumes, formas e cores, mas, sabes, Amiga, nem me apercebi da sua chegada; como diz o poema desta " seara alheia " também adiei tudo e começo a sentir uma tristeza pela falta dos afectos, dos abracos, das conversas com os amigos. Estou-me sentindo como Fernando Pessoa quando escreveu aquele poema que a nossa Amiga Olinda partihou no seu Xaile: nada interessa e começa a faltar a ontade para fazer tudo aquilo a que me propus no inicio do isolamente ;esstou a estranhar-me; parece que não sou eu quando, nas poucas saidas que faço, me afasto das pessoas feito um bicho peçonhento que nem ousa olhar para o lado e que troca de passeio, quando vê uma pessoa , ao longe, vindo em sua direcção. Tenho de mudar de atitude; esta não sou eu ! Tenho dito que depois deste virus, o ser humano vai mudar para melhor, mas, não sei...Será que não vamos continuar assim, com medo de contágio ? Não diminuirão os abraços, os beijinhos e as visitas àquele
ResponderEliminarvizinho que vive só? Não continuaremos com essa sensação de peçonha por todo o lado? Espero que não, Amiga! E assim vai o meu estado de espirito, Graça, cansada, preocupada, desanimada. Tem de passar e as idas à minha varanda " cheirar a primavera têm de aumentar. Obrigada pela bela poesia que nos ajudad a colorir estes dias dificsis. Beijinhos e votos de que estejam todos bem
Emilia
Graça, minha flor!
ResponderEliminarQue poema! Lendo também os comentários, vi um onde cita Jorge Francisco,muito sábio onde diz que a esperança é o mais sórdido dos sentimentos.
Em tempos de pandemia, há heróis que se calam, há vítimas que gritam no silêncio, há oportunistas insensíveis e os desesperados por esperança.
Cuide-se, beijinhos.
Excelente em todos os parâmetros...
ResponderEliminarExcelente!
Grata pelos bons momentos de leitura.
Beijinhos, querida Poeta.
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ResponderEliminar"Já isolei o coração. [...]
Adiei o medo para quando necessário"
A ternura é a determinação
lado a lado
a dizer-nos alto
que quando isso acontece
tudo é possível.
até salvar o outro, o próximo,
até a humanidade.
O poema vale o que vale,
mas sempre mais, muito mais
que workshops de humanização.
Aparentemente são só palavras,
mas diferentes,
umas estão cheias
de sentidos, sentimentos,
outras são cascas ocas.
Muito bem construído e escolhido.
Beijo Amiga Graça.
O que nos separa agora é o que nos unirá depois. Esse abraço tão desejado, o amor posto de lado.
ResponderEliminarLindo poema.
Tocante, lindo e sensível poema! Aplausos!...
ResponderEliminarVamos adiante... Meu carinho...
Conheço a poesia da Virgínia há anos. É uma grande poeta. E este poema, muito bem conseguido, é um exemplo da excelente poesia que ela faz.
ResponderEliminarGraça, um bom resto de semana.
Beijo.
ResponderEliminarBelo! A poesia da Virgínia tem sempre alguma coisa que nos faz suster a respiração.
E a tua também, Graça. Já pedi o "A Solidão É Como Vento" à Virgínia.
Felicito-te por mais esta publicação com um abraço apertadinho.
Beijo
Lídia
Lindo!
ResponderEliminarSem palavras, é esta a nossa experiência neste momento! É um adiar de tudo o que queremos viver!
Abraço e muita saúde!
Emocionante pensar da forma desenhada no poema.
ResponderEliminarE,toda a tristeza vai embora porque o mundo amanhecerá diferente ,brevemente.
Vou pesquisar e ler mais a autora que nao lembro de ter lido antes.Adorei!
Quanta gente maravilhosa escreve coisas maravilhosas!Você é uma dessas!
Obrigada pela seara pródiga Graça.
com meu abraço
e que cuidemo-nos para apreciar os concertos,também do lado de fora da janela.
ResponderEliminarBom dia, Querida Graça
Nesta sua "Seara alheia" há muito para colher.
E neste poema, palavras que nos colocam no cerne dos dias
que vivemos em conjunto, confinados, mas unidos
pela mesma esperança.
Minha amiga, os meus parabéns pela publicação de
um novo livro de Poesia. Votos de sucesso.
Beijinhos
Olinda
Bom dia Graça
ResponderEliminarQue poema lindo amiga, muito emocionante. Este tempo de pandemia é uma reflexão de tudo o que é importante para todos nós e para darmos valor ainda mas a vida. Beijos
Olá, como tem passado?
ResponderEliminarMuito bem!
Não é preciso dizer de que se trata.
O poema diz tudo!
Sudações poéticas!
powerful and deep ,a very mature and highly sensitive poetry dear Grace
ResponderEliminari thank you for sublime selection to share and to enhance our aesthetic wisdom
Não adianta temer sofrer, porque no fim o que nos levanta é o que sobra de nós depois de sofrer. E cada um tem a sua própria cota. Dê meu beijo na Virgínia. Acho que a conheci no Facebook.
ResponderEliminarE um beijo, Graça. Obrigada pela postagem.
Todas as homenagens aos excelentes profissionais de saúde que temos, são poucas.
ResponderEliminarProfundidade, e emoção em toda a linha... que tão bem descreve, a panóplia de sentimentos que nos ocorrem em tantas áreas, em que esta epidemia, veio afectar!...
ResponderEliminarMagnifica partilha, que tão bem captou o espírito, destes tempos actuais, e de tantos sentimentos... até contraditórios, mas que a voracidade destas impensáveis vivências, tem implicado!...
Adorei ler! Beijinho
Ana
É o terceiro poema que leio do teu novo livro " A solidão é como o vento" . Parece haver um trilho que segues, desta feita, agarrando as dores do mundo.
ResponderEliminarMesmo assim, os poemas são brilhantes. A facilidade com que te entregas e dominas os temas, é tocante.
E eu quero um exemplar, querida Graça. Ainda terás o meu endereço? Manda! À cobrança, claro.
Um abraço de admiração e amizade.