Faz uma casa de areia e conchas.
Pinta-a de cor nenhuma,
nenhuma porta, nenhuma janela,
Vivemos na transparência do sonho.
Encosto-me à luz quando
deixamos porções de nós
coladas, suspensas,
rentes à pele fina das memórias,
como mares e instantes.
Como se tu ainda fosses luz
em cada degrau, cada aresta,
cada palavra.
São rumores de existir.
Ecos do coração. Retalhos.
Perdas. Silêncios. Mãos dadas.
Noites.
Beijos que o coração devolve.
Lília Tavares.
In: Casa de conchas. Prefácio de José António Falcão. Modocromia, 2022, p. 64