Cristiana Ceppas
da fadiga do olhar, em secreto alarme.
Encostado a muitas solidões está o brado
de quem cala a própria angústia no fermento azedo
que não leveda o pão, tão ázimo,
tão árido, dentro de bocas famintas.
Nem sempre o desenho dos lugares abandonados
fica ligado à superfície vazia do passado.
É no olhar que acontecem todos os abandonos.
Na imagem interrompida de um rosto.
No significado inesperado de uma sombra.
Nas flores apodrecidas na jarra. Na casa vazia.
No ruído insuportável do silêncio.
Invento árvores extintas para que venham aves
de húmidas pupilas pousar em folhas orvalhadas
e refresquem os lábios que se abeiram da nascente.
Graça Pires
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 49
Mais um grande poema em que a inspiração vem da inevitável solidão que se insinua sem darmos por isso.
ResponderEliminarUm abraço.
O olhar não esconde nada... a dor, a fadiga, a paixão...
ResponderEliminarLindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Lindíssima tua poesia e abandonos acontecem e tantas vezes não são explícitos...beijos, linda semana! chica
ResponderEliminarPalavras que afastam a sensação taciturna, sempre encontro aqui em teu “blog”, em tão boas leituras.
ResponderEliminarUm beijo amiga Graça e tenha uma semana abençoada!!!
Mais um belíssimo poema, onde a solidão se esconde secretamente, dentro do lado invisível de nós...
ResponderEliminarGostei muito, amiga Graça.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
"É no olhar que acontecem todos os abandonos".
ResponderEliminarUm poema sublime, como é hábito por aqui.
Boa semana, amiga Graça.
Beijo.
what a beautiful ,marvelous and touching poem dear Grace !!!!!!!!!!!!
ResponderEliminari can read it so many times as it reveals the delicacy of truth exquisitely .
you have genuine gift to say things with such perfection and super elegance ,hats off to you!
health ,peace ,joy!
Belíssimo poema, Graça!
ResponderEliminarQuase me sinto um bicho raro por tanto amar a solidão, mas se a minha solidão implicar risco de vida, tenho quem me acuda à distância de um toque no teclado do velho telemóvel...Talvez não seja a genuína, esta que eu amo.
Um beijo
Que todos os lábios que se abeiram da nascente sejam saciados!
ResponderEliminarBelíssimo poema, como já nos habituaste.
Uma boa Semana Santa e uma Santa e Feliz Páscoa!
Beijinhos.
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarUm poema muito belo e profundo, como é todo o seu livro Antígona passou por aqui.
Solidões que guardam todo um passado e que o olhar retém em tudo o que já não existe.
«Na casa vazia. No ruído insuportável do silêncio».
E assim a vida se vai esvaindo como areias por entre os dedos.
Um beijinho, minha Amiga e Enorme Poeta.
Desejo-lhe uma boa semana santa, com muita saúde.
Ailime
Poema tão de solidão, Graça. Temos de inventar árvores e pássaros cantores que moram no verde dos ramos. Mas hoje vi claramente visto um pintassilgo pequenino trinando como gente grande. Deixou-me aproximar e depois voou de asa aberta, os amarelos das penas a refulgirem. Uma ternurinha a visitar-me (acho que mora aqui e já nasceu este ano).
ResponderEliminarBoa semana, Graça.
Gran poema a esa soledad que a veces buscamos.
ResponderEliminarBuena semana Graça.
Un abrazo.
As suas palavras, extraordinariamente referenciais, fremem de simbolismos ocultos, aos quais se liga todo um encadeamento de dolorosas subjectividades, que a alma aprisiona.
ResponderEliminarAdemais, a leitura deste poema transporta-nos para dimensões inusitadas de mmagoadas mundividências, que se multiplicam, não obstante as mais recentes experiências da mórbida condição humana.
Um abraço
Humberto Maranduva
Otro poema de hallazgos, amiga y gran Poeta. Difícilmente pueda olvidar estos versos. Toda la vida me influenciarán...
ResponderEliminar"...É no olhar que acontecem todos os abandonos.
Na imagem interrompida de um rosto.
No significado inesperado de uma sombra.
Nas flores apodrecidas na jarra. Na casa vazia.
No ruído insuportável do silêncio.
Invento árvores extintas para que venham aves
de húmidas pupilas pousar em folhas orvalhadas
e refresquem os lábios que se abeiram da nascente."
Abrazo admirado una vez más. Continúe cuidándose en salud y con mucha paz.
no olhar que acontecem todos os abandonos.
ResponderEliminarNa imagem interrompida de um rosto.
Bom fim de noite, querida amiga Graça!
Um poema muito de alma, sai do âmago do ser poético com profundidade.
Muito obrigada pelo carinho tão delicado em meus blogs, é um afago em meu 💙.
Tenha uma Semana Santa Abençoada com saúde, paz e Amor!
Beijinhos carinhosos e fraternos
Ia a deixar um "Que belíssimo poema" quando algo de estranho me bloqueia o teclado e oiço a minha mente sussurrando "tens de ser mais concreto"
ResponderEliminarVolto e ler e sou mais directo, sublinhando o que mexe comigo...
"Nem sempre o desenho dos lugares abandonados
fica ligado à superfície vazia do passado.
É no olhar que acontecem todos os abandonos."
Podia escrever um livro
a partir destes teus versos
Beijo
Bello y reflexivo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarAmiga, coincidentemente, hoje pela manhã eu estava relendo este livro enquanto estava no hospital. Eu sempre o levo na mochila porque ele é leve, porém tem "muita leitura", cada página eu leio e releio várias vezes.
ResponderEliminarEu gostaria de inventar árvores para que os pássaros viessem pousar nelas...
Um beijo e ótima semana
Todas as mágoas, abandonos, sacrifícios e solidões se guardam no coração e se refletem no olhar.
ResponderEliminarBelíssimo poema
Beijinhos
É no olhar que acontecem todos os abandonos.
ResponderEliminarNo ruído insuportável do silêncio.
A solidão de que nos fala a poeta está também bem expressa na magnífica fotografia.
Beijos
Gostei deste excelente poema.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
No cabe duda de que eres una gran poeta, tus versos llegan al alma y emocionan al lector, es la sensación que yo tengo después de haberte leído. ¡Cuánto puede expresar una mirada!
ResponderEliminarCariños y buena semana de paz y reflexión.
Kasioles
GP
ResponderEliminarBom dia.
Um poema de memórias, onde a mágoa se entrelaça com a solidão e o abandono.
Muito forte ,e comovente mas escrito com o timbre especial da autora..
Tenha uma boa semana cheia de saúde.
Um beijo
:)
Sim, o abandono é mais de raiz interior do que exterior...
ResponderEliminarMinha querida Amiga, que a tua Páscoa seja realmente doce em companhia dos teus.
Fraterno abraço
Maravilhoso poema!!
ResponderEliminar--
No silêncio do tempo...
Beijos e um excelente dia.
Inventare alberi per gli uccelli che verranno...
ResponderEliminarChe bellezza se sapessimobessere tutti così saggi.
Complimenti amica mia, bella poesia.
Buona settimana ricca di salute e di felicità
Um beijo
Se calam desvelando tudo o que o corrói. Dizer assim é simplificar, pois as belas imagens para revelam com uma estesia todas as nuances da solidão de uma vida pautada pela labuta. São o espelho da alma.
ResponderEliminarUm beijo, minha amiga Graça!
P.S.: Sei que estive ausente por três semanas. Volto feliz!
Quando falas de Isadora, estás a retratar todas as mulheres, na minha modesta opinião, porque todas elas, famosas ou não têm problemas na sua caminhada; todas sonham, todas lutam pelos seus direito, todas sentem, em alguma fase da vida que não são compreendidas, nem valorizadas.; têm todas uma força interior enorme, uma coragem para enfrentar as mais dificeis privações e para não deixar transparecer, principalmente perante os filhos, a amargura que lhes vai na alma. Nem sempre conseguem, porque olhando bem no fundo dos seus olhos nota-se o " abandono " a que são votadas; apesar da casa cheia, apesar da labuta, sentem-se sós...não se preocupam, não a escutam...não a mimam. Muitas não passam de " escravas" numa casa que um dia, sonharam elas, seria um lar onde todos se mimassem, sem autoritarismos e sem discriminação por ser mulher e por isso obrigada a múltiplas funções A noite chega e com ela, chegam o cansaço e a sensação triste de abandono. Há sempre um começar de novo, mas nem sempre esse começo traz algo de novo. Quem dera que assim não fosse, Amiga Graça. Sempre pertinentes e belos, os teus poemas. Muito obrigada e aproveito para te desejar uma Páscoa feliz, com saúde e sempre com muito miminho. Beijinhos
ResponderEliminarEmilia
ResponderEliminarOLÁ GRAÇA
HOJE começo por lhe dizer
que fiz agora mesmo um artigo novo neste blog:
http://orientevsocidente.blogspot.com/
espero que goste!
Depois...
algo diferente:
Vou deixar-lhe um desafio, pode ser?
Entrei no mês do meu aniversário
será na próxima 3ª feira
costumo fazer sempre no dia ou na véspera um post
alusivo ao aniversário
então, pensei no seguinte:
daquilo que conhece de mim,
pois já são uns anos que nos seguimos na blogosfera
é fácil porque EU DOU-ME A CONHECER
fazer uma poesia como melhor achar
pode ser curta, mas que diga algo sobre mim
aceita o desafio?
Envie-me num comentário no blog:
http://orientevsocidente.blogspot.com/
diga por favor se aceita ou não!
Amigas na mesma!
depois vou lá buscar e no dia do aniversário publicarei
se aceitar fico feliz, obrigada!
Boa semana, bjs da Tulipa
Sobre a sua poesia, amei como sempre
e acrescento:
Encostada a muitas solidões, assim estou eu
calo muitas vezes a própria angústia
VERDADE:
É no olhar que acontecem todos os abandonos.
Boa tarde minha querida amiga Graça. As vezes somos abandonados e nem percebemos.
ResponderEliminarÉ difícil a visitar e não ficar deslumbrado com a força contida nas palavras e com a beleza do poema (de todos os poemas).
ResponderEliminarAcabo por repetir-me um pouco, mas para mim, há sempre uma sombra e uma luz nos seus poemas construídos por uma qualidade de escrita ao nível dos eleitos e interpreto a sombra deste poema (bem ou mal) com a solidão, uma solidão que não se quer ou que se tenta combater (pela última parte do poema)
Um beijo e uma semana tranquila e inspirada
No ruido insuportável do silêncio/
ResponderEliminarinventamos +arvores que já não existem--
dom de poeta a prolongar o Tempo.
belo. "invejo-te" este poema!
beijo, querida Poeta
B E L Í S S I M O!
ResponderEliminarTudo bom. Beijinhos, Poeta amiga.
~~~~~~
Quanta solidão expressa no brado de quem cala a própria angústia e no ruído insuportável do silêncio. Este sentimento está bem presente em todo o poema, tão belo e melancólico. A imagem que o ilustra é excelente. Gostei muito.
ResponderEliminarBeijo
Gostei de reler este excelente poema.
ResponderEliminarContinuação de boa semana e uma Páscoa Feliz, querida amiga Graça.
Beijo.
Olá, amiga Graça,
ResponderEliminarPassando por aqui, relendo este excelente poema que muito apreciei, e desejar um Feliz fim de semana, e Páscoa Feliz!
Beijinhos.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Por mais mazelas, por mais que doa, agarrar-se a uma réstia de vida, a um fio de esperança, a um quase milagre...
ResponderEliminarUma Santa Páscoa, Graça!
passando para desjar uma linda e feliz pascoa bjs saude
ResponderEliminarLa foto me ensalma. La soledad no es solo soledad. Hay motivaciones que como bien lo expresas en los versos, solo la mirada lo refleja. Las casas no se quedan solas por sí, ni los jardines se destiñen spontáneamente. Siempre hay una razón humana. Un abrazo. carlos
ResponderEliminarOlá, amiga Graça, gostei muito de seu poema que trata com maestria de uma fase triste da vida, tanto pela idade avançada, como pelo abandono de homens e mulheres. Certamente a longevidade cobra o seu preço.
ResponderEliminarMeus votos de uma feliz páscoa, com os seus.
Um beijo, amiga.
Maravilhoso poema minha querida.
ResponderEliminarDeixo-lhe votos de uma Feliz Páscoa. Beijinho.💝
Belo poema.
ResponderEliminarUma Páscoa Feliz
bjs
Linda poesia. Quantos momentos vivenciamos a solidão. Adorei a foto representativa. Feliz Páscoa 😘
ResponderEliminarP elo Amor derramado
ResponderEliminarA paz enfim reinou
S ó nos resta o Amado
C om todo esplendor
O sol nos vem calado
A contemplar tanto Amor
Feliz Páscoa, querida amiga Graça!
Beijinhos festivos e carinhosos
Um belo e nostálgico poema, sobre abandonos... a vida contempla-nos com uma sucessão de mudanças das nossas circunstâncias, em que a sensação de abandono, de alguma forma se instala em alguma fase de transição... mais efectiva ou mais sentida como tal...
ResponderEliminarSensibilidade no seu melhor, que sempre nos oferece tantas leituras enriquecedoras, Graça...
Deixo um beijinho e votos de uma feliz Páscoa, com saúde, para si e todos os seus!
Ana
ResponderEliminarO olhar deixa perceber a essência das coisas, das nossas
alegrias e tristezas. Dos momentos em que o abandono
é absoluto ou apenas percebido. Das portas que se fecham.
Dos muros que se erguem...
Minha amiga, este seu belo poema aborda esse lado da vida que num
momento ou noutro nos toca a todos. Emocionante.
Beijinhos
Olinda
E dos silêncios onde moram tantas memórias, nem todas nos falam com a mesma voz, a mesma inquietação, a mesma temperança. Algumas roçarão quase uma espécie de indiferença. Mas uma réstea de cor sobrevoa o teu poema para que se faça luz e beleza.
ResponderEliminarTu no teu melhor
Abraço, querida Graça
Leio sempre os seus poemas duas vezes. Soletro as palavras com deleite. É um momento meu. Gosto tanto de a ler Graça.
ResponderEliminarObrigada pelas partilhas.
Beijinhos,
Vanessa Casais
Que lindo!
ResponderEliminarQuantas vezes tentamos esconder a fadiga, a tristeza e somos traídos pelo nosso olhar.
Beijinhos
Indícios imagens do esboroar do edifício fora postas a descoberto, verso a verso o anúncio engrossa o traço do desencantado destino.
ResponderEliminarMuito bom minha Amiga. Bj.
Very Good
ResponderEliminarThanks