na costa azul de frança.
Recordo o uivo dos cães, o cantar dos melros,
o quebranto que me tolhia os dedos,
as folhas do outono terrivelmente belas.
Meus olhos procuravam e achavam
uma fatalidade qualquer.
Como uma premonição,
um acto sacrificial,
um chão movediço.
Pelas sombras possuída
procurava o inacabado gesto
de aprisionar a luz em meu olhar,
quando cobri meus ombros
com o xaile vermelho
para enfeitar a vida,
agora em mim tão extenuada.
Os sons que se ouviam
eram de um tempo
nunca mais lembrado,
nunca mais esquecido.
Os cavalos, gritando,
vieram no seu trote.
De meu brilho se tomaram.
Cavalgaram as ruínas do meu peito
e meu silêncio sustiveram na garganta.
O coração, tão breve,
ficou suspenso
por uma névoa
que, num instante, se dissipou.
Devagar bailando.
Devagar morrendo.
Graça Pires
De Jogo sensual no chão do peito, 2020, p. 53-54
Quando a idade pesa na memória é bom reler aquilo de que gostamos.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
ResponderEliminarQuerida Graça
Esta passagem do seu livro dedicado a Isadora,
leva-me a prever o pior, esse sentido premonitório
que a possui em Paris.
"O coração, tão breve, ficou
suspenso por uma névoa que, num instante, se dissipou.
Devagar bailando. Devagar morrendo."
E sinto que a sua estrela terrena vai se apagando.
Mas não o seu talento que perdurará no tempo.
Boa semana.
Beijinhos
Olinda
Mas deixou a Luz presente no esvoaçar do corpo....
ResponderEliminarLindo...
Beijos e abraços
Marta
Aplaudindo daqui! Linda poesia! Ótima semana! beijos, chica
ResponderEliminarSublime!!
ResponderEliminarNa desfilada da vida, quase se perdem todos os caminhos.
Duros corcéis da guerra adormecidos, são agora um vento de morte pelo mundo.
Por dentro de tudo corre um rio de amarga solidão, negro e profundo.
Uma boa semana com muita saúde, minha Amiga Graça.
Um beijo.
Bom dia, amiga Graça,
ResponderEliminarMais um belíssimo poema aqui nos presenteia.
Recordações, que fazem parte do universo do sentir, e que diambulam vertiginosamente pelas nossas emoções.
Gostei muito, deste excelente trabalho.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Um belo poema de que gostei bastante.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Olá doce Graça*
ResponderEliminarHá lembranças assim, que cavalgam sobre o peito.
Vale há o xaile vermelho que ajuda a enfeitar a vida, devagar, devagar.
Gostei muito.
Abraço e brisas doces **
Como gosto de a ler, minha amiga Graça. E como gosto das inúmeras faces da sua poesia. O que dizer deste poema em que a sondagem do humana se plasma pelo lirismo, mas cada palavra nos dá a dimensão que nos leva além do sentido das coisas ditas. Um belo poema. Mais um belo poema para aplaudirmos.
ResponderEliminarUm beijo, minha amiga! Um bela semana!
Tão, mas tão bela, esta memória, Graça!
ResponderEliminarEsses cavalos - os mesmos ou outros, não sei - também eu os sinto, não em trote, mas em imparável galope e nunca me sustendo o silêncio na garganta, que bem mais podem do que posso eu, toda ruínas, toda sem brilho.
Um beijo
E como é belo quando o poeta assume a personagem.
ResponderEliminarUm poema excelente, como sempre.
Boa semana, amiga Graça.
Beijo.
amo a tua poesia querida poeta, gosto de me sentar aqui e ler a tua poesia, senti-la em toda a dimensão, o frio grita e uiva, corta-me a carne, mas consegui aquecer-me em cada verso teu, obrigada por partilhares tanta beleza que me deixou mais rica, abracinho em ti Graça Pires, foi um sentir que me dá folgo e enxuga o meu peito, uma semana com tudo o que desejas
ResponderEliminarBoa tarde Graça,
ResponderEliminarTão belo este poema que diz muito do que foi a difícil e penosa vida de Isadora e que de forma sublime a Poeta tão bem interiorizou.
Gostei imenso e os meus parabéns por tão bela criação.
Beijinhos, minha Amiga e Enorme Poeta.
Tenha uma boa semana.
Ailime
ResponderEliminarEste poema que tanto nos emociona e nos enreda é uma magnífica elegia de Isadora Duncan que desafiou o seu tempo com a sua arte.
Coração tão breve, procura inacabada, movediço chão, devagar bailando, devagar morrendo.
Beijo
Um poema docemente triste. Morrer é devagar, sempre, mesmo que tenhamos pressa de viver. A morte só vem quando quer, quando o tempo a chama.
ResponderEliminarPoema muito bonito que me encantou ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos cordiais e poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Che turbinio nelle tue parole che sembrano nubi arrivate a presagire tempesta.
ResponderEliminarComplimenti.
Ciao amica Poetisa, ti auguro una bella settimana piena di salute e serenità.
Um beijo
Fruto de la introspectiva expansión que su poética logra es esta serie sobre Isadora, amiga Graca. Un lujo leerla.
ResponderEliminarAbrazo admirado una vez más...
que bonito gostei muito feliz semana bjs saude
ResponderEliminarVaya si el pasado funesto vuelve a azotarnos en la metáfora de los caballos restallando sobre el pecho. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarGostei muito deste poema!! Parabéns!
ResponderEliminar.
Pode a esperança ser o meu porto seguro...
.
Beijo e uma excelente semana.
A poesia confirma-se nestas suas palavras.
ResponderEliminarUm abraço.
Que lindo poema, amiga Graça, gostei muito das metáforas!
ResponderEliminarHá tristeza, mas na tristeza vemos muita beleza. Muita sensibilidade.
E aplaudo você daqui, minha amiga.
"Devagar bailando.
Devagar morrendo."
Uma feliz semana, querida Graça,
deixo um beijo.
E vamos bailando o baile da vida, até ao momento em que o pano cai e a peça acaba.
ResponderEliminarUm poema sublime!
Beijinhos
Olá, querida amiga Graça!
ResponderEliminarAmei o final no belo conjunto.
Digo que devagar vivendo com tudo que se tem direito e devagarzinho se vai morrendo.
Lindíssimo de se ler, esvoaçante poema com leveza e beleza.
Tenha novos dias abençoados!
Beijinhos
Beautiful.
ResponderEliminarwww.rsrue.blogspot.com
Também gosto muito 👏👏👏😘
ResponderEliminarUm poema belíssimo.
ResponderEliminare o final?!
devagar bailando
devagar morrendo
Poesia Pura e Intensa.
boa semana com saúde.
beijinhos
:)
Maravilhoso!
ResponderEliminarAmiga, te abraço e que tenhas óptima semana
Versos llenos de vida y con el corazón emocionado y añorante. Tiempos dejados atrás con nostalgia. Versos perfectos y armoniosos. UN ABRAZO DE PAZ Y AMISTAD.
ResponderEliminarMuito bonito este poema de desalento (ou assim o li eu). A Graça tem em si o molde das palavras, a curva perfeita e criadora que ondula e dá forma ao poema.
ResponderEliminarBoa semana, Graça
Uma maravilha que apetece ler e reler, minha amiga. A tua poesia é de facto bela, melodiosa e percorrida por uma nostalgia doce, por onde apetece ficar.
ResponderEliminarUm beijinho, grata.
Boa noite minha querida amiga Graça. Obrigado por dividir mais um pouco do seu texto e livro maravilhoso conosco. Uma excelente quarta-feira.
ResponderEliminarBailemos
ResponderEliminarenquanto a morte não chega
Beijo
Prenúncio da impermanência do tempo onde as memórias galopam em catadupa no chão do peito mas onde toda a beleza da vida usufruída é pintada num quando tão beleo, tão único!
ResponderEliminarUm trecho descritivo de uma Natureza tão vívida, tão cheia de cor!
Quanta beleza, querida Graça!
Desulpa a ausência
Um grande beijo!
Poema triste, como triste é a despedida da vida. " Devagar bailando devagar morrendo." Muito belo e emocionante que nos obriga ao silêncio.
ResponderEliminarBeijo
Gostei de reler este poema, que talvez seja o melhor poema da série Isadora.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, amiga Graça.
Um beijo.
O sentido da vida tem muito que ver com a consciência da nossa finitude.
ResponderEliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
Nos dias frios é bom revestir-nos de cores quentes.
ResponderEliminarBelíssimo poema!
Beijinhos.
Sempre maravilhosos os poemas desse livro, minha amiga. Sua obra é ímpar! Parabéns! Um beijo
ResponderEliminarQue lindo poema, quanta sensibilidade.Jogo de palavras e imagens que me encantam. Amei. Parabéns.
ResponderEliminar"Devagar bailando
ResponderEliminarDevagar morrendo" . É isso a vida. Para alguns. Que também há quem baile ou morra numa pressa de relâmpago.
Boa semana, Graça.
Um poema que é um primor,
ResponderEliminarAmiga Poeta!
Devagar quando o tempo
não tem mais tempo para dar
Divagar o reduto do beco
com a abas das asas de rojo
no prenúncio do último rubor
Um resto de vermelho a fingir?
Um beijo.
Boa noite, amiga Graça,
ResponderEliminarPassando por aqui, relendo este excelente poema que muito gostei, e desejar um feliz fim de semana, com muita saúde.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Con nostalgia bien descrita la naturaleza. Aunque sabemos que moriremos...Bailemos.
ResponderEliminarBuen fin de semana Graça.
Un abrazo.
ResponderEliminarOLÁ GRAÇA
ADOREI o início,
transportou-me logo para lá...
Tenho na lembrança um dia frio
na costa azul de frança.
Parabéns!
HOJE...Venho dizer que fiz outro post num outro blog onde já nada fazia desde AGOSTO, aqui:http://momentos-perfeitos.blogspot.com/
aos poucos hei-de chegar aos blogues todos, se Deus quiser
Matéria, assunto não me falta!
Falta sim saúde, isso é o pior,
mas continuo na esperança que os amigos me visitem
Beijinho da Tulipa
a passar por cá para conhecer mais um bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
ResponderEliminarSuas palavras cheias de mestria enchem minha alma.
Penso a morte é certa por isso bailemos, bailemos.
Um beijinho no seu coração,Graça.
Gratidão!
💟😀💟 Megy Maia
Hello Graça,
ResponderEliminarI like your blog. İf you want we follow each other. :)
Have a good day..
Here my blog; http://morduslerkitapligi.blogspot.com
Poeta Graça Pires, belas lembranças nos elevam a patamares altos nas nuvens, assim como esse teu tão belo poema nos faz navegar por entre os vários ares das memorias. Gostei imenso. Gostaria que lesse "Poesia bordada", meu texto anterior que, também, trata-se de minhas lembranças. Grande beijo.
ResponderEliminarComo lo expresa esa bella palabra de su idioma lusitano, es una bella saudade. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarBelo! Muito belo!
ResponderEliminarE tantas vezes se morre na própria vida... que quando ela efectivamente acontece... só pode ser mesmo um renascimento!
ResponderEliminarUma vida de brilhos... mas muitos desencantos... magistralmente aqui retratada, com a genialidade de sempre...
Beijinhos, Graça! Bom fim de semana!
Ana