Na teia frágil dos dias
Não deixes que a tua voz se cale
antes de ser eco.
Não deixes que a magia desvaneça.
Que nada na vida se interrompa
antes que aconteça.
Que nenhuma luz se extinga
enquanto os olhos a pedirem.
Que nenhuma carícia se perca
antes das mãos entardecerem.
Porque tudo o que acontece
na teia frágil dos dias
se esgota num imprevisível instante,
num golpe de vento
ou no rasgão fugidio de um poema.
Albino Santos
In: Poliedro. Viseu: Seda Publicações, 2023. p. 71