Indagamos, em uníssono,
o avesso dos dias
retalhados por mãos adversas,
para não nos equivocarmos
com o rosto deste mundo
em constante calafrio, em arriscada deriva.
Porque estes são tempos exasperantes
de perder as pátrias e as casas
e os pais e os irmãos e os amigos
e os nomes e a memória.
E nas imensas planícies enegrecidas
é desabrido o som dos que bradam
quando as crianças ensurdecem no silêncio.
A meia-haste, arvoramos a rugosidade
das cinzas e o rasgão do medo,
para não permanecermos alheios
à saturação dos que sangram,
dos que tombam, dos que resistem.
retalhados por mãos adversas,
para não nos equivocarmos
com o rosto deste mundo
em constante calafrio, em arriscada deriva.
Porque estes são tempos exasperantes
de perder as pátrias e as casas
e os pais e os irmãos e os amigos
e os nomes e a memória.
E nas imensas planícies enegrecidas
é desabrido o som dos que bradam
quando as crianças ensurdecem no silêncio.
A meia-haste, arvoramos a rugosidade
das cinzas e o rasgão do medo,
para não permanecermos alheios
à saturação dos que sangram,
dos que tombam, dos que resistem.
Graça Pires, reeditado
Such a powerful and haunting reflection on loss, resilience, and the overwhelming weight of these turbulent times. The imagery of shared grief and the struggle to remember amidst silence and chaos is deeply moving.
ResponderEliminarNinguém , com sentimentos, consegue ficar alheio à triste situação essa retratada na tua linda poesia! beijos, ótima semana! chica
ResponderEliminarÉ uma enorme tragédia o que o mundo está a viver. As guerras estão a destruir o ser humano, em toda a sua dimensão. Todos os dias morrem crianças, mulheres, inocentes de todas as idades. Que os senhores do mundo sedentos de sangue, ignoram, na sua ânsia de poder.
ResponderEliminarIntenso e verdadeiro poema, que traz a nu essa realidade.
Gostei muito, amiga Graça.
Deixo os meus votos de uma excelente semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
não permanecendo alheio
ResponderEliminarà saturação dos que sangram,
dos que tombam, dos que resistem
ergo teu poema
como bandeira
contra a desumanização
crescente
e inquietante
Beijo solidário
Olá, querida amiga Graça!
ResponderEliminarUm poema bem pertinente à problemática mundial atual que todos estamos vivenciando e sofrendo junto.
Os horrores que ocorrem nos genocídios dao mesmo exasperantes, como bem disse.
Parece o final de um ciclo onde o ser humano é um brinquedo nas mãos dos poderosos, sem nenhum pudor ou sensibilidade.
Só o sangue nos olhos reina.
Tenha dias abençoados e protegidos do mal!
Beijinhos
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarO mundo atravessa momentos conturbados muito graves, em atentados constantes, que se vão agravando dia após dia.
O sofrimento humano é cada vez maior e não há forma de terminarem estas atrocidades, estes genocídios.
Um poema excelente que relata e alerta para o caos em que o mundo está a cair.
Beijinhos, minha amiga e Enorme Poeta e uma boa semana.
Emília
A dor humana num olhar....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Esta oportuna postagem da Graça emociona-nos e interpela-nos. Como refere a nossa poeta estes são:
ResponderEliminar«...
tempos exasperantes
de perder as pátrias e as casas
e os pais e os irmãos e os amigos
e os nomes e a memória. ..»
Lembrei-me de um livro que li há pouco tempo «A mais breve história de Israel e da Palestina", Michael Scott - Baumann, Ideias de Ler» onde vem o seguinte testemunho de David Grossman:
" ... Temo a vida entre pessoas que têm uma obrigação para com uma ordem absoluta. As ordens absolutas exigem, no final, atos absolutos e eu sou um homem parcial, relativo e imperfeito, que prefere fazer erros corrigíveis a realizar façanhas sobrenaturais."
Bem hajas Graça
ManuelFL
Um poema que apela à difícil graça da comiseração e da empatia. Esta demanda traduz-se em "A meia-haste, arvoramos a rugosidade/ das cinzas e o rasgão do medo,/ para não permanecermos alheios/ à saturação dos que sangram". O Homem lobo do outro Homem, não pode ser uma determinação divina, pelo menos daquele Deus em que eu acredito, mesmo sabendo que cristãos provocaram 60 milhões de mortos nas duas grandes guerras mundiais. Porque não sejamos ingénuos, uma guerra não tem como nefasta consequência as irreparáveis mortes que produz, mas também: "Porque estes são tempos exasperantes/ de perder as pátrias e as casas/e os pais e os irmãos e os amigos
ResponderEliminare os nomes e a memória.". Que a paz esteja connosco, Graça. E que estas desgraças causadas pela ganância e pelo ódio não sacrifiquem as nossas famílias, os nossos amigos. Boa semana
Amiga Graça,
ResponderEliminarAs guerras são uma das piores e mais antigas práticas da ignorância humana.
Boa semana.
Beijos!!!
O mundo parece um mau filme, eivado de momentos de mau gosto, intolerância, guerra. Caminharemos para a extinção humana, ou aproxima-se a era do super homem de Nietzshe. Afinal só é super na maldade, desfaçatez e falho de vértebras. Quão optimista era Nietzshe quando o anunciou!
ResponderEliminarPoema e foto muito tristes, e o pior é que são reais.
ResponderEliminarBoa semana com saúde.
Um beijo
:)
Assino por baixo as palavras de Luís Palma Gomes.
ResponderEliminarInfelizmente e ao contrário do que muitas pessoas incompreensivelmente afirmam a História repete-se, sim.
Abraço com estima, minha querida Amiga, serena semana.
Que poema poderoso e impactante! Sua habilidade de capturar a dor e a angústia do nosso tempo é verdadeiramente impressionante. A maneira como você entrelaça as imagens de perda e resistência ressoa profundamente, trazendo à tona uma reflexão necessária sobre o mundo que habitamos.
ResponderEliminarA força das suas palavras ecoa a urgência de estarmos atentos ao sofrimento alheio e à fragilidade das memórias. É uma chamada à ação e à empatia, que toca a alma. Parabéns por essa obra tão sensível e significativa!
AFAGOS POÉTICOS EM SEU 💗
🐾
Boa tarde de segunda-feira e uma excelente semana. Obrigado pela visita e comentário minha querida amiga Graça. Dona Izabel repartiu seu talento e usou o barro para mudança da sua vida e de outras pessoas.
ResponderEliminarVai pelo mundo uma tristeza e... tanto sangue.
ResponderEliminarBoa semana.
Um abraço.
Actualíssimo. O mundo sangra; as vozes doem; os corações apertam-se...
ResponderEliminarBeijinhos, amiga Graça. Boa semana!
Tristes palabras Por qué los humanos no aprendemos y seguimos repitiendo errores. Mucho sufrimiento producen las guerras.
ResponderEliminarBuena semana.
Un abrazo.
Profundo y desgarrador poema. Los seres humanos somos nuestro enemigo más duro. Te mando un beso.
ResponderEliminarVersos que sacuden, que duelen casi diría... que invitan a la reflexión.
ResponderEliminarUn lujo siempre leerla amiga Graça.
Abraço grande y agradecido una vez más.
Uma bela reedição tão atual do mundo mau que vivemos.
ResponderEliminarUm mundo da ganancia, da intolerância, do desamor.
Não há como ficar inerte e florescer um alheamento ao que nos cerca.
Bonita e critica inspiração amiga.
Imagem ilustrativa por si diz muito.
Bjs e feliz semana Manuela.
Bom dia, Graça
ResponderEliminarAs guerras são terríveis, fruto do egoísmo humano, que Deus tenha misericórdia de tantas famílias que sofrem muito, bjs querida.
O pior é que de tão constantes retratos de miséria humana já os calafrios se confundem com os suores, dada a imensa incapacidade de poder interpretar a confusão que se faz dentro de nós. Parece que existe um sonambolismo colectivo nesta realidade tão indigna.
ResponderEliminarFotografia e poema tão consonantes, minha querida amiga! Um grande abraço!
Simplesmente extraordinário, este poema!
ResponderEliminarTenho de lhe dar os parabéns, Graça.
Fez-me sentir um arrepio na espinha...
A foto em perfeita consonância com as palavras.
Estive de férias nos States até princípios de Setembro, mas o regresso não foi nada pacífico. À chegada, montes de problemas para resolver: de saúde de familiares (incluindo cirurgias - filho, filha e neto). Depois, com a minha cadelinha que vai ser operada às 2 pernitas - já estava no bloco para a primeira cirurgia quando o veterinário parou porque a análise ao sangue revelou anemia e ele não arriscou a operar nessas condições (ela é muito pequenina, pesa menos de 5 quilos). Está a fazer tratamento e a aguardar que os valores normalizem para ser operada. Enfim, tem sido muitas preocupações. E ainda continuam...
Por isso, e não só..., vou fazer uma pausa no blogue. Fiz ontem uma postagem de despedida - mas é só um "até já" 😉
Deixo um abracinho,
Uma semana feliz.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Tempos difíceis para muitos... 😘
ResponderEliminara mighty and touching poem dear Grace !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarhats off to you for incredible expression
a portrait of helpless forced to die and migrate
i always wonder about united nations justice system on such occasions
is this world still a jungle where powerful can do whatever they want
a huge question on the claim of humanity unfortunately
Duelen las lágrimas de tantos seres indefensos, los hombres nunca sientes ese dolor cuando inician una guerra despiadada, algún día serán castigados.
ResponderEliminarExcelente Texto
Querida Graça, grande poema, um alerta comovente para a insaciável ânsia de destruição do homem. Importa não nos resignarmos, nem calarmos.
ResponderEliminarBeijo amiga. Um Outono ameno, com muita saúde.
Todo o horror espalhado pelas guerras que destroem a vida humana em todas as suas dimensões está bem plasmado neste perturbante poema. Perdem-se pátrias, pais filhos e amigos. "Não podemos ficar alheios aos que sangram, aos que tombam, aos que resistem."
ResponderEliminarA foto retrata bem toda a desgraça
Bellamente escrito. Lo siento por la gente también. Hubo una inundación en Polonia. Lamentablemente, los nuevos administradores se negaron a ayudar a las víctimas de las inundaciones. Curiosamente, fueron los habitantes de esta región los que anteriormente habían votado por estos políticos.
ResponderEliminarSaludos y los invito a ver mi nuevo cuadro.
Imagem inquietante.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Olá, amiga Graça
ResponderEliminarPassando por aqui, relendo este belo poema que muito gostei, e para desejar um feliz fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Ficar impassível diante de um cenário tão desolador, não é uma atitude que possa ser considerada humana.
ResponderEliminarBom final de semana.
"estes são tempos exasperantes
ResponderEliminarde perder as pátrias e as casas
e os pais e os irmãos e os amigos
e os nomes e a memória"
Tão certo, querida Graça. E di-lo
com emoção, com aquela sensibilidade
e talento que a caracteriza.
Vivemos tempos terríveis, tempos que
se repetem infelizmente.
Que tenha dias abençoados, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Poema tragicamente belo!
ResponderEliminarUm abraço
Um belo poema traduz uma trágica realidade.
ResponderEliminarSim, o rosto do mundo está desfigurado, retalhado por mãos criminosas
que fomentam o medo, a destruição, a morte.
Nas imensas planícies enegrecidas, os pássaros já não cantam. Apenas se escutam gritos desesperados. Somente a sombra da morte se passeia...!!
Uma boa semana minha Amiga Graça.
Beijo.
Os pobres são sempre os que ficam pior...
ResponderEliminarOs sem país, os sem teto e os países pobres que acolhem...
Um excelente poema que foca uma dura realidade.
Um beijo, Poeta amiga.
~~~
A imagem é angustiante e fala por si.
ResponderEliminarO mundo está do avesso e, pelo que me é dado ver, as coisas tendem a aumentar. Valha-nos o Universo.
Gostei muito do seu poema, que percebi.
Beijos, querida Graça.
É tão triste vivermos na tragédia!
ResponderEliminarAs nossas crianças cada vez se sentem mais perdidas, os sorrisos cada vez são mais escassos e a debilidade psicológica cada vez mais bate às nossas portas!
Minha querida Graça que venham dias melhores e mais sorridentes!
Um doce abracinho recheado de esperança!
😀👄😀Megy Maia
Profundo e sentido poema.
ResponderEliminarMeu Deus, quanta dor, sofrimento e morte as guerras trazem.
O mundo cada vez está mais insano e mais cruel.
Beijinhos
Um poema poderoso e pungente, Graça. Sua reflexão sobre os tempos difíceis e a perda de tantas coisas importantes realmente ressoa. A força das palavras é imensa e tocante. Grande beijo.
ResponderEliminarOlá, amiga Graça
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar uma feliz semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
El mundo de hoy hecho poesía en tus versos, en su peor versión: la desolación y los desplazamientos de etnias y comunidades por guerras intestinas y externas. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarOlá, doce Graça *
ResponderEliminarNunca será demais ler tão belo e dorido poema.
Uma realidade tão tenebrosa onde esta imagem diz tudo.
Abraço e brisas doces ****