Ana Pires Livramento
Olho para além dos sinais visíveis do horizonte.
Há um caos na trama dos dias apressados.
O pão há muito não tem o sabor da seara.
No verão o aroma dos figos e da urze
já não transpõe a ombreira da porta.
Nos muros caiados a violência do sol
atinge o olhar incauto dos que amam as sombras.
As vozes caladas das mulheres são um áspero bulício
contra as casas com frinchas nas janelas.
Nas mãos de toda a gente lateja um ritmo veloz
um impulso extraviado um gesto evasivo.
Instantes que perturbam a incerta imensidade do tempo.
Graça Pires
De O improviso de viver, 2023, p. 10
E tudo vai mudando.
ResponderEliminarPara melhor e para pior...
Excelente poema, como sempre.
Boa semana cara amiga Graça.
Um beijo.
Bom dia de Paz, querida amiga Graça!
ResponderEliminarJá não se faz mais dia como antes.
Tudo mudou em termos de tudo...
Seu poema tão profundo e expressivo demonstra a dura realidade da vida e do caos reinante.
Uma névoa turva invade o Universo nos deixando cheios de incertezas dolorosas.
Tenha um Advento abençoado!
Beijinhos
Já só mesmo a memória para nos avivar o colorido, doce, macio, perfumado e melodioso sabor da vida. Boa semana, beijinhos...
ResponderEliminarbeautifully put dear Grace!
ResponderEliminarthe ugliness of the reality the dark face of the world where power concentrated in few hands using the common men for their own dirty goals
i truly long for the day when common men will look back and realize how badly they served the worst aims of some power addicts since always and what they have harvested till now a day by day ruining world and erasing peace .how unfortunate to cut the tree we relay upon as specie tree of humanity
A vida é feita de constantes mutações. Temos que nos ir adaptando e tentar o mudar o paradigma.
ResponderEliminarBelo poema, amiga Graça.
Gostei muito.
Votos de uma excelente semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Ião bela, Graça, esta Memória dos Sentidos...
ResponderEliminarSim, são "Instantes que perturbam a incerta imensidade do tempo." que passa e nos faz ir passando.
Um beijo!
Os dias são apressados...parece que ninguém goza o momento, aquele momento....
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Acredito até, que hoje o tempo não se conte da mesma maneira. Dormimos à pressa.
ResponderEliminarBoa semana.
Um abraço.
ADOREI a foto e a poesia! Lindas! E quero agradecer teu carinho pelo meu niver! Obrigadão! beijos, chica
ResponderEliminarDepirados versos dan forma a introspectivas detecciones sensoriales. Un lujo leerla, Graça cada vez más Poeta!!
ResponderEliminarAbrazo pleno de admiración.
Boa tarde
ResponderEliminarUm poema que adorei ler.
O poema desenha um cenário de desencanto e alienação, em que o progresso parece ter apagado memórias essenciais e vínculos primordiais. No entanto, por trás da crítica ao presente, há uma saudade pungente de tempos e experiências que valorizavam o sensível, o natural e o humano.
Gostei muito.
Boa semana com saúde e paz.
:)
Em tempo.
ResponderEliminarGostei muito da foto de suporte.
:)
Gostei bastante. Obrigada pela partilha!!
ResponderEliminar.
A rapidez do tempo...
Beijos e uma ótima semana.
Boa noite Graça,
ResponderEliminarNada é como dantes!
Os aromas, os sabores, o tempo que, na sua efemeridade, passa por nós sem o reconhecermos.
É o mundo em mudança, numa transformação que assusta.
Muito belo o seu poema, minha Amiga e Enorme Poeta.
Beijinhos e uma boa semana.
Emília
Tudo passa, tudo se modifica, só vão restando as memórias que nos preenchem...
ResponderEliminarQue o caos nos seja leve e também passe e se desfaça.
Beijinhos
Profundo poema . te hace pensar. Te mando un beso.
ResponderEliminarO olhar é lindo e despertou a sua alma poética! Boa semana Graça
ResponderEliminarGraça, minha querida, está belíssimo esse poema,
ResponderEliminartantas coisas lembramos e que não voltam mais,
podem até, mas não com o gosto e da maneira que lembramos.
Outros tempos. Evoluímos em tantas coisas, mas esquecemos
dos sentimentos - o mais importante. E o tempo corre mais, me parece...
Aplaudo você daqui de longe, amiga!
Um feliz mês de dezembro!
Beijinhos.
Minha querida amiga Graça,
ResponderEliminarAcredito que as mudanças acontecem em ciclos. Somos pessoas constituídas da mesma matéria genética e biológica, mas, com intelectos que se adaptam aos tempos que vivemos.
Beijos e ótimo começo de dezembro!!!
Todo cambia amiga. Buenos recuerdos de otros tiempos. Me encanta la foto.
ResponderEliminarBuen Diciembre Graça.
Un abrazo.
Querida Amiga, um dos teus mais belos poemas, este !
ResponderEliminarBeijinho com voto de saúde, estupendo Dezembro e tudo de bom.
Bom dia, Graça
ResponderEliminarPoema reflexivo, precisamos viver os dias sem pressa, aproveitando cada instante, bjs querida e um ótimo dezembro.
Para já , parabéns a Ana pela belíssima foto que me prendeu o olhar e me esqueci no tempo …
ResponderEliminarDepois , como os teus improvisos te parecem tão previsíveis , minha querida amiga , como um livro aberto que a minha imaginação lê e onde se espraia !
Tão, mas tão longo esse teu “ olhar”!
Um grande abraço !
Foto deslumbrante. Poema que muito gostei de ler. Parabéns pela ilustre inspiração poética.
ResponderEliminar*
Boa semana
*
“Há um caos na trama dos dias apressados!”
ResponderEliminarQue poemão minha amiga Graça. Uma pétala, sem dúvida.
O tempo passa na exacta medida do nosso viver apressado. Permanecemos inteiros, enquanto se mantiverem intactas as lembranças dos dias vividos intensamente, sem pressa.
Beijo. Um Dezembro abençoado.
(Belíssima a foto da Ana. Para admirar sem pressa.)
O maior presente do tempo é o agora , abre-se um novo a cada instante.
ResponderEliminarAs historias se vão,mas memorias permanecem.Sempre um lindo poema seu .
Segui o link do aniversário e deixei registrado minha admiração lá e no seu comentário
Obrigada, Graça. Um feliz Dezembro.
com carinho
ANA, adorei, adorei, adorei a fotografia, que ilustra e ilumina, o poema da tua mãe. Maravilha, sensibilidade e bom gosto.
ResponderEliminarDepois vem o poema, memória dos sentidos, desafio que nos interpela, inquieta e transmite «a incerta imensidade do tempo».
Um privilégio esta "Ortografia do olhar",
Beijinhos para as duas.
A foto da Ana é belíssima!...
ResponderEliminarFelizmente temos recordações de um mundo mais são.
Penso que os tempos que correm, já não há memória dos sentidos...
Há a memória dos celulares...
Excelente, Poeta Amiga.
O meu abraço.
~~~~~~
Apenas os sentidos conservam a memória dos cheiros
ResponderEliminare sabores. Tudo o mais vai-se alterando e tomando
"novas qualidades". E o tempo, imenso, vai aparando
esses golpes até não nos restar novas oportunidades.
Belo poema, amiga Graça. Gostei muito.
Beijinhos
Olinda
Li aqui comentários que afirmam que tudo muda. Não é verdade. Algumas coisas mudam num determinado período de tempo, outras não. Na verdade, há uma síntese entre o antigo e o novo. Há como disse Hegel, um Espírito do Tempo (zeitgest), onde uma realidade indivisa e orgânica se consubstancia, ganhando traços próprios. Existe, por outro lado, sempre uma relação afetiva benévola com o "nosso tempo", "as nossas paisagens", " o nosso modo de ser", por isso "o nosso tempo" era bom, saudável e aprazível. Essas memórias assentam contudo em factos que foram vistos como perversos ou caóticos pelas gerações que nos antecederam. Mas isso para a poesia pouco interessa. A poesia é, ou pelo menos este poema, uma expressão sentimental e assim deve ser lida. E a Graça convoca de forma bastante artística os elementos suficientes para revelar a sua/nossa nostalgia. O que mais me assusta de todos eles é o "ritmo veloz", porque é o veneno da poesia. Se nem tanto para quem escreve, dado que a angústia produz às vezes bons poemas (como é o caso), mas para quem tenta fruir o poema e não consegue fazê-lo, devido à agitação constante em que se vê envolvido. Beijinhos e boa semana,
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