Ouço em modo
de oração antiga
pausadamente rezada
o bolero de ravel.
O ritmo invariável
quase silencioso
elevando o tom.
Como água imóvel
retida refreada
até ao tumulto crescente
de rios que se juntam
para galgar a sede.
Graça Pires
De Talvez haja amoras maduras à entrada da noite, 2015, p. 37
E deslizamos serenamente....numa certeza, numa oração pela Paz...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Um bolero que aquece a alma! 👏👏👏😘
ResponderEliminarPoesia tão linda quanto o bolero de Ravel!
ResponderEliminarÓtima semana!
beijos, tudo de bom,chica
Olá, querida amiga Graça!
ResponderEliminarRealmente é para ser ouvido da forma como poetou.
Um clássico aos ouvidos de uma poetisa vira poema.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Nóssa! Que lindo.
ResponderEliminarVou reler depois, escutando um bolero de Ravel.
Deve ser como você criou.
Boa semana!
Apaixonei-me pelo Bolero de Ravel em 1976. Quando vi pela primeira vez um concerto na Televisão, pela Orquestra Filarmónica de Berlim. Foi amor à primeira vista.
ResponderEliminarÉ fascinante e envolvente de principio ao fim. Maravilhoso!
Belo poema, amiga Graça!
Beijinhos, carinhosos de amizade, e feliz semana com tudo de bom.
Mário Margaride
Bom dia e uma excelente segunda-feira. Cheia de conquistas e coisas boas. Obrigado pela linda poesia, minha querida amiga Graça.
ResponderEliminarEntre os poucos discos de música clássica do meu pai, havia um deles que me marcou musicalmente (A escassez valoriza as mercadorias). Tinha o Bolero de Ravel e o Le Mer e o Aprés Midi d'un Faune do Claude Debussy. O ler o seu poema consigo recordar-me claramente do crescendo de emoções que o Bolero me trazia. Aquela repetição espiralada da mesma frase musical a caminho dos seus. Olhe que não é fácil, Graça, descrever uma música num poema, mas de facto conseguiu. Pelo menos, para quem já conhece essa música/excerto(?). Quanto ao Debussy, tornou-se um dos meus compositores favoritos. Debussy na música, Pessanha na poesia, fizeram-me apreciar desde que conheci o movimento simbolista. Os franceses Verlaine e Mallarmé também são muito bons. O Baudelaire também. Mas tenho uma tradução surreal das "Flores do Mal" da Maria Gabriela Llansol. É pena que as pessoas estejam sempre a tentar pôr-se em "bicos dos pés". E penso que a tradutora, neste caso, tentou se sobrepôr à obra. Quando comprei o livro não detetei. Agora tento lê-lo em francês com os meus parcos recursos. Recomento o Albatroz: "
ResponderEliminarSouvent, pour s'amuser, les hommes d'équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.
À peine les ont-ils déposés sur les planches,
Que ces rois de l'azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d'eux.
Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule!
Lui, naguère si beau, qu'il est comique et laid!
L'un agace son bec avec un brûle-gueule,
L'autre mime, en boitant, l'infirme qui volait!
Le Poète est semblable au prince des nuées
Qui hante la tempête et se rit de l'archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l'empêchent de marcher.
Tradução:
Às vezes no alto mar, distrai-se a marinhagem
Na caça do albatroz, ave enorme e voraz,
Que segue pelo azul a embarcação em viagem,
Num vôo triunfal, numa carreira audaz.
Mas quando o albatroz se vê preso, estendido
Nas tábuas do convés, — pobre rei destronado!
Que pena que ele faz, humilde e constrangido,
As asas imperiais caídas para o lado!
Dominador do espaço, eis perdido o seu nimbo!
Era grande e gentil, ei-lo o grotesco verme!...
Chega-lhe um ao bico o fogo do cachimbo,
Mutila um outro a pata ao voador inerme.
O Poeta é semelhante a essa águia marinha
Que desdenha da seta, e afronta os vendavais;
Exilado na terra, entre a plebe escarninha,
Não o deixam andar as asas colossais!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
O tradutor é um dos icones da minha cidade. Delfim Guimarães nasceu no Minho, mas foi um dos benfeitores que transformou a Porcalhota na bela (em 1890) Amadora. Agora, perdeu parte da graça, infelizmente. Mas no príncipio do século XX, era uma bela vila emergente, progressista e republicana. Haveria muito para contar sobre a Amadora. Leiam o livro de BD do José Ruy, "levem-me neste sonho acordado". Estão por lá os principais factos. Na última versão do livro, acrescentou uma vinheta com o grupo de teatro que faço parte: Teatro Passagem de Nível, onde o emérito ilustrador amadorense pode encontrar nos seus últimos anos uma família. Foi lindo.
Beijos, Graça. E desculpe a extensão do comentário.
Também já publiquei este poema da nossa amiga Graça.
ResponderEliminarE publiquei também aquela que considero a mais vibrante direcção do Bolero de Ravel : Sergiu Celibidache, 1971.
Abraço, semana feliz.
Também gosto, é inspirador. A música ainda é o que nos vale para manter o espírito fortalecido.
ResponderEliminarBoa semana. Um abraço.
Great blog
ResponderEliminarQuerida Graça,
ResponderEliminarNeste Bolero de Ravel, a música transforma-se em prece, e os versos, como as notas,,elevam-se com delicada persistência.
Senti o poema como um sussurro que se vai tornando rio, num crescendo de beleza e emoção contida. A sua escrita toca como a música que evoca: profundamente, sem pressa, e com uma intensidade que cresce dentro de quem lê.
Belíssimo trabalho poético.
Boa semana com saúde e Poesia.
Deixo um beijo.
:)
Boa tarde Graça,
ResponderEliminarQue poema tão belo!
Leio-o no como se estivesse a ouvir o Bolero de Ravel e as suas sílabas e palavras são autênticas notas musicais, que me sussurram o Bolero.
Um momento poético de excelência.
Parabéns pela inspiração, minha Amiga e Enorme Poeta.
Tenha uma boa semana.
Beijinhos,
Emília
Atronadores excelsos cuase silenciosos verso amiga Graça, gran Poeta!! Tan acordes al Bolero de Ravel!!
ResponderEliminarAbrazo admirado!!
Um poema perfeito para uma grande obra!
ResponderEliminarLer-te é como escutar o próprio Bolero de Ravel — uma construção que começa serena, mas cresce com uma intensidade que nos toma por inteiro. As tuas palavras dançam entre a música e o sentir, criando uma coreografia de imagens e memórias que encantam. Um texto que pulsa, como o ritmo constante de Ravel. Desejo-te uma excelente semana!
ResponderEliminarCom carinho,
Daniela Silva
https://alma-leveblog.blogspot.com
Es un bello bolero y un hermoso poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarLeio-te como se fosse reza
ResponderEliminarDe pronto, me sinto rio
e a esses rios me junto
...
A sede não nos resistiu
Beijinho
Ouvi em silêncio as notas e acordes (de memória) do Boleto de Ravel à medida que lia o seu intenso poema, embora pareça tão curto. Lia e relia até soar a última nota.
ResponderEliminarÉ sempre prazerosa a leitura dos seus poemas, Graça!
Um beijo, minha amiga!
Verdade, Graça. O Bolero de Ravel é também isso.
ResponderEliminarBoa semana
Adorei o poema e a imagem que o acompanha.
ResponderEliminarSenti o Bolero de Ravel como uma metáfora do amor, da paixão.
Recorrendo às palavras da poeta, ritmo elevando o tom, tumulto crescente galgando a sede.
Maravilha!
Beijinhos
Querida Graça
ResponderEliminarAinda bem que encontro aqui a amiga São, que nos tem
emocionado com as suas publicações em que nos fala
de Sergiu Celibidache, que em 1971 dirigiu de forma
épica este Bolero, que toma o nome do compositor, Maurice
Ravel. Também há o filme que tive o grande prazer de ver em
companhia de amigos, com a excelente interpretação do
bailarino Jorge Donn.
E o seu poema nos relembra esta obra eterna e nos fala dela
com o seu talento inestimável. Obrigada, amiga.
Beijinhos
Olinda
Tal como o Bolero de Ravel, um poema sublime que nos toca a alma.
ResponderEliminarBeijinhos
That's a beautiful, evocative description of Ravel's Bolero. Comparing its unvarying rhythm to an "ancient prayer" and the growing intensity to rivers joining to "quench thirst" perfectly captures its unique power.
ResponderEliminarLindíssimo e emocionante poema que se lê com o Bolero de Ravel a vibrar na alma e a despertar os sentidos. É como uma oração antiga pausadamente rezada onde, em crescendo, o ritmo se altera e eleva, tal como "rios que se juntam para galgar a sede." Adorei !!!
ResponderEliminarBeijo.
O Bolero de Ravel é uma icónica música incontornável.
ResponderEliminarContinuação de boa semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Um pequeno tão grande poema , querida Graça ! Tocou- me particularmente a tua façanha magnífica na comparação em que assente toda a beleza da tua arte neste poema : toda a “ bolsa” da água numa incontinência desmedida esperando explodir , esperando a batuta do tempo para soltar toda a sua força qual boleto de Ravel .
ResponderEliminarObrigada, minha querida Amiga ! 😘
Olá querida Graça, ah o Bolero de Ravel é arrepiante, inspirador. Cada vez que escuto sinto emoções diversas, bjsss
ResponderEliminar🪶🧐 Olá Graça,
ResponderEliminar🌾 Sexta-feira surge como uma pena dourada
🌾 Sobre o ombro do tempo que a semana amassou.
🌾 Ele desliza em silêncio, em manto de veludo,
🌾 A fadiga adormece nos arredores deste dia.
🌾 Eu vou oferecer-lhe, entre a hora e o relâmpago
🌾 Uma doce "boa tarde" como o ar de um mistério.
🌾 Deixe ele perfumar sua alma com um suspiro estrelado,
🌾 Como o brilho discreto de um sol descansado.
🌾 O trabalho desaparece, os minutos se calam,
🌾 E se toca com o dedo um fragmento de mal-estar
🌾 Esta doce vertigem entre pausa e esquecimento,
🌾 Onde a mente se agita, e o coração diz obrigado.
🌾 Então, que esta sexta-feira seja um limiar de luz,
🌾 Onde se apanha a calma como se apanha um rio.
🌾 E que a tarde, em sua respiração encantada,
🌾 Te seja uma carícia, um momento dedicado.
📜 Beijos💋 🅁🄴🄶🄸🅂 🐾⛱♡
Olá, amiga Graça.
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar um feliz fim de semana com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
ola amiga mais um lindo poema parabens desejo um lindo e feliz fim de semana bjs saude
ResponderEliminarOlá, amiga Graça,
ResponderEliminargostei muito deste seu belo poema,
uma bela obra de arte.
Parabéns, um bom final de semana.
Beijo, amiga.
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Uma música grandiosa, de melodia inconfundível.
ResponderEliminarAbraço amigo e boa semana.
O poema, belíssimo, faz bem jus ao tema musical que o inspira
ResponderEliminarUm beijo, Graça!
El poema se acerca a la naturaleza del bolero de Ravel. Un abrazo. Carlos
ResponderEliminarOlá, amiga Graça,
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar uma feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Un pezzo che mi cattura e quasi ipnotizza...
ResponderEliminarUn saluto