1.12.12

Em momentos propícios ao silêncio das águas




Torna-se nítida a textura das conchas
esboçadas em areias onde a lua se despenha
quando o momento é propício ao silêncio das águas.
Um denso azul cresce em espuma
sobre os lábios inacessíveis à passagem
dos mastros assombrados.
Procuro o teu corpo.
Um percurso de répteis contaminou-me o ventre.
Para resistir à morte rastejo pela noite
em busca das sombras que se transfiguram em aves.
Procuro o teu abraço.

Graça Pires
De A incidência da luz, 2011