Era cruel atravessar aquele tempo, onde faltava a tua voz.
Houve, porém, uma noite em que disseste: meu amor
e o coração alvoroçou-se-me no peito.
Foram as minhas primeiras núpcias,
soube-o mais tarde,
quando o começo do outono deixou
um lume aceso nos meus olhos
e uma imensa clareira fez ecoar no meu hálito,
não só o teu riso,
mas, ainda, uma antiga inocência
que trazias sobre os ombros.
Da noite, perdi o sentido das margens,
porque parti, sem norte,
à procura da época dos duelos por amor.
Hoje, teço no teu peito, indizíveis naufrágios:
não para morrer,
mas para ser salva de pretéritas e futuras solidões.
De Reino da lua, 2002
Belíssimo, assim como a imagem da escultura.
ResponderEliminarVim voar aqui pra te desejar um maravilhoso final de semana.
Abraços esmagadores.