23.1.07

Não desvies os olhos

Manuel Fazenda Lourenço

Não desvies os olhos: vejo neles a nossa casa,
virada a nascente, recolhendo a imprecisa luz
do amanhecer.
Deixa-me pintar, nas paredes, o canto
das andorinhas, que nos atravessam os dias
em pleno verão, ou, diz-me tu, o silêncio
das cigarras ao final da tarde.


Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005

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