22.1.07

O chamamento da lua

Rolfe Horn

A norte da tristeza, deixo a memória
a meia haste, fazendo o luto
de futuros desencantos.
E entro pela noite: ilha de sonhos exilados,
onde me torno o único sobrevivente
de um enredo imaginário.
Tenho estrelas marinhas
fossilizadas nos pés,
promissores de aventuras.
Quando o mar se enfurece,
o meu cabelo ondula, devagar,
como quem maneja mal os equívocos,
ou tem uma pressentida alegria
a latejar no corpo.
Perturbante, é o silêncio
que se ergue a sul dos navios,
quando os peixes adivinham
o chamamento da lua.

Graça Pires
De Reino da lua, 2002

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