5.2.07

Em seara alheia


Sobre esta terra me deito e digo sol
Digo-o na teimosia branda do casario,
onde à noite as mulheres,
todas de esperança vestidas,
enfeitam de pequenos búzios
a terrível margem do silêncio

Ah, ninguém já ousa semelhante Viagem!
Ou sequer, um frágil aceno,
como quem convoca, no rendilhado
das areias, a beleza de uma miragem;
espécie de visão fulgurante
onde uma porta auspiciosa se firma

Sobre esta terra me deito e digo sol
Digo-o com o feliz desalento que sempre trago,
com o desapego de duas mãos
na fértil aridez do DesertoVictor Oliveira Mateus
In: Pelo Deserto as Minhas Mãos. Sassoeiros : Coisas de Ler, 2004

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