2.5.07

Exausta de esperar



Exausta de esperar, descanso o olhar
na silhueta de veleiros pintados de negro.
Depois, desenho, em minha insónia, um pássaro,
que me sobrevoe a infância, hasteando,
bem por dentro da meninice, um rosto paterno,
para que a boca me não sangre de orfandade.

Naufragaste numa noite
em que o brilho da lua adormeceu
e deixaste-me uma ilha por herança.


Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. que fortuna, graça! que fabuloso tesouro uma ilha. a exaustão tem assim uma morada de repouso *

    (fui eu que apaguei o comentário anterior, peço desculpa, beijinho)

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  3. Olá Alice. Gostei do seu comentário. De facto a ilha pode ser uma morada de repouso para a exaustão, mas pode também tornar-se um local de exílio, não é? Um beijo.

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  4. Por vezes é preciosa a paragem quando o stress e a monotonia reina.
    É preciso recarregar as baterias para que as nossas agradáveis Poesias circulem abundantemente.
    Se levamos tudo até ao limite das nossas capacidades por vezes o preço a pagar é demasiado alto.
    Um Poema bem urdido e com uma imagem expressiva e significativa.
    Um abraço e que a Poesia perdure e perdure.

    Nem sempre a boa disposição
    pode tomar conta do nosso coração
    se nos falta dedicação e animação
    contentemo-nos à laia da emoção.

    Permanecer no vazio
    é correr para o abismo
    onde espreita o perigo
    ansioso por laçar o perdido.

    Criar Poesia não é fácil
    nem sempre as ideias abundam
    as incertezas e barreiras rondam
    e cabe a ti Amiga seres hábil.

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