Ansel Adams
Rodeada de mar, convoco o límpido diálogo
dos abismos, para gritar, com Ulisses,
o desejo de ser livre e mortal.
Havia , assim o dizem, uma tempestade em sua boca.
As sereias tomavam-lhe o pulso dos sentidos,
como sulcos de aves no contorno da luz.
A música das marés enfurecia seu sexo.
Contra os rochedos, morriam as gaivotas
enlouquecidas de prazer.
Mas, os deuses fixaram-se no litoral da eternidade,
para lhe indicarem o caminho da morte,
porque ele era, apenas, um homem,
com uma ilha escondida na memória.
Graça Pires
dos abismos, para gritar, com Ulisses,
o desejo de ser livre e mortal.
Havia , assim o dizem, uma tempestade em sua boca.
As sereias tomavam-lhe o pulso dos sentidos,
como sulcos de aves no contorno da luz.
A música das marés enfurecia seu sexo.
Contra os rochedos, morriam as gaivotas
enlouquecidas de prazer.
Mas, os deuses fixaram-se no litoral da eternidade,
para lhe indicarem o caminho da morte,
porque ele era, apenas, um homem,
com uma ilha escondida na memória.
Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003
Uma bela revisitação do mito de Ulisses, uma brava afirmação da grandeza humana perante os deuses: quem quer a eternidade, se tem uma ilha escondida na memória e o sonho de um dia lá chegar?
ResponderEliminarE que saberão os Imortais do esplendor humano, esse esplendor que o poema canta nos versos centrais, em imagens de luz, de vagas, de aves, de prazer, de um corpo que é tanto e é tudo, sendo breve.
E este poema, Graça, também gostei muito dele! De que livro é?
Um beijo, boa noite
Poeta
ResponderEliminarum grito, num desejo, um caminho, uma ilha. a tempestade, Ulisses, a ninfa e o véu na memória
é um prazer ler a sua poesia.
brota dentro de um sonho, um mito onde os versos cantam
gostei muito do poema
um abraço meu
lena
mas os deuses ao indicarem-lhe o caminho da morte (e espero, sim, que grite como Ulisses e encontre a ilha, apesar de por vezes ninguém sabe dizer o que ela tem) imortalizaram-no.
ResponderEliminarTal como todos os que procuram o são. O grito fica gravado em todas as vozes que o ouvem.
gostei bastante
boa noite
Muito bom.
ResponderEliminarUm abraço
Fabulosa, esta narração em forma poética da tragédia Olissipiana.
ResponderEliminarUm beijo.
Excelente!
ResponderEliminarUmn abraço
L.
(Laura)
Bonito. Beijos.
ResponderEliminarNo diálogo dos abismos, o desejo de ser livre e mortal, é onde reside a divindade!
ResponderEliminarSoledade, a mitologia é uma enorme fonte de inspiração, porque os mitos contêm aquilo que nos salva e aquilo que nos perde, as nossas grandezas e as nossas misérias. O mito de Ulisses e Penélope não foge a isso. "Uma certa forma de errância" é o livro onde me tornei, ao mesmo tempo, personagem e espectadora desse mito. Porque, tenho, como toda a gente, uma ilha adiada no peito. Obrigada pelo seu comentário. Um beijo.
ResponderEliminarMinha amiga Lena, prazer é ter a sua visita neste meu espaço e ler as suas palavras. Um beijo.
Teresa, sim, faço questão de gritar o meu desejo de ser livre e mortal. Obrigada e um beijo.
Vitor, Mafalda,Laura, Paula e A.S., obrigada pela vossa visita e por gostarem do poema. Um abraço para todos.