26.7.07

Amanhecer

Pascal Renoux


Quisera perseguir o ângulo mais nítido do olhar
e encher de pressentimentos felizes
o exacto momento, em que a noite
adia um movimento de asas e se faz luz,
amando, maravilhada, as múltiplas
penumbras da paisagem.
Mas, apenas o vento permanece para adivinhar,
sem alarido, a textura da vertigem, em que se
movem as angústias de um azul exposto
à velada brisa da manhã.


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

7 comentários:

  1. e todos os dias deveria ser assim.

    um grande beijinho, graça.

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  2. Pela manhã as metáforas são sempre maia belas e mais sublimes, quando a luz que ama as penumbras da paisagem te descerra as pálpebras...


    Um beijo!

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  3. Agradeço a tua informação sobre a autoria do poema " As Amoras". De facto , tinha conhecimento de que Eugénio de Andrade era o autor mas encontrei o poema atribuído a Sophia de Mello Breyner mais do que um vez. Não se tratará de uma co-autoria?
    Responde no meu blog, por favor.
    Beijinhos

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  4. Venho, mais uma vez, agradecer a tua gentil informação.Também sou uma apaixonada pela poesia e tenho uma bibliografia razoavelmente extensa e, de facto, não encontro em nenhum dos livros de Sophia este poema. Obrigada pela tua atenção.
    Beijinhos

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  5. Obrigada Helena pela visita.
    Alice, um grande beijo para si também.
    A.S, também amo as manhãs e as penumbras que me descerram as pálpebras. Obrigada. O que é que aconteceu ao teu blog? Um beijo.
    Sophiamar, tudo certo agora. Um beijo.

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  6. A angústia de outro início, de outro recomeço, no "azul exposto" de cada manhã. O olhar havia de se perder maravilhado nos cambiantes de luz e penumbra, mas a luz (que à "brisa velada" parece tão limpa e silenciosa), não deixa lugar para esconderijos. Não são fáceis as manhãs, não. Toca-me a subtileza com que seu o poema tão suavemente me fala dessa angústia fininha dos amanheceres.
    Um beijo

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