Nenhum nome rasga o hálito da escrita.
Nenhum poema nasce de um cansaço submisso.
Corre em minha língua um rio transtornado
e sobe-me, à altura do peito, a raíz de caligrafias
ocultas. Digam-me: em que areal escondem,
as gaivotas, o desterro de seus voos ?
Há sempre uma história ligada à deriva dos navios,
que anuncia a aprendizagem de estranhas cumplicidades.
Graça Pires
Nenhum poema nasce de um cansaço submisso.
Corre em minha língua um rio transtornado
e sobe-me, à altura do peito, a raíz de caligrafias
ocultas. Digam-me: em que areal escondem,
as gaivotas, o desterro de seus voos ?
Há sempre uma história ligada à deriva dos navios,
que anuncia a aprendizagem de estranhas cumplicidades.
Graça Pires
De Uma certa forma de errância, 2003
levanta voo o poema, como navio sem margens. belo, pois claro!
ResponderEliminarestranhas mas bonitas... essas cumplicidades...
ResponderEliminarA descobertas dessas estranhas cumplicidades é o desafio do escritor de ficção, não necessariamente do poeta, que se satisfaz (e alimenta) com o pressentimento das mesmas cumplicidades. Mais, para o poeta, o desvendar dos mistérios pode ter como resultado o seu desinteresse pela matéria que lhe suscitou o sentimento poético.
ResponderEliminarEstarei enganada, Graça?
Beijos ternos.
o poema é feito de cumplicidades, entre a realidade escrita e a realidade ela-mesma e, a nível do texto, entre as palavras, os sentidos, os referentes que evocam, todo um universo de nomes submersos, «desterrados» e à «deriva», que o poeta vai tornando cúmplices na página do seu poema (e não num «cansaço submisso», claro, mas destemido...)
ResponderEliminargostei de ler as tuas «estranhas cumplicidades», Graça!
Repito-me - gosto muito da cadência e da tua poética.
ResponderEliminaré essa história que faz com que um rio transtornado seja necessário ser divulgado
ResponderEliminarTalvez as duas, ao sabor do vento.
ResponderEliminarGostei das tuas palavras e agradeço a passagem.
bj
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
Obrigada Herético. Tento levantar voo sempre que posso: "como navio sem margens". Um abraço.
ResponderEliminarLuis, as cumplicidades são sempre misteriosas... Um abraço.
Não está enganada, Maria C. O poeta alimenta qualquer pressentimento e qualquer mistério,mas também se alimenta deles. Um beijo.
Obrigada Maria M. por estas eloquentes e sensíveis palavras. Volta sempre. Um beijo.
Helena, quem não gosta de um elogio repetido? Um beijo.
Teresa, é sempre boa a tua visita. Um beijo.
Obrigada Gui pelas palavras e pela visita. Um abraço.
Lindo!!!
ResponderEliminarObrigada.