1.9.07

Uma armadilha no peito

Paul Strand


Em madrugadas, vagamente obscuras,
descrevo sombras longínquas,
que perseguem a minha sombra.
Os mais premonitórios sulcos nocturnos
brilham-me nos pés.
Uma armadilha no peito relembra
a exacta adolescência das pálpebras,
quando exibia, no sorriso,
a luz da primavera.
Era menina e havia nos meus olhos tanta fé
que, nem o céu nem o mar excediam,
em grandeza, o meu olhar.


Graça Pires
De Não sabia que a noite podia incendiar-se nos meus olhos, 2007

9 comentários:

  1. bonito poema a dimensão de um olhar de criança simétrico ao de um adulto.

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  2. equilíbrio na assimetria

    um belo olhar

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  3. Anónimo9:00 a.m.

    gostei de ler este poema,
    em que se entrevê, com algum desencanto, uma incursão nostálgica a um passado de inocência e luz pueril...

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  4. Graça, amo essse poema. Saudades.

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  5. Anónimo12:16 p.m.

    Lindo, lindo, lindo!

    Gostei imenso!

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  6. Um poema lindo e profundo.
    A tua escrita tem alma.

    Adorei!

    Um abraço com carinho*

    Fanny

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  7. Lindíssimo, Graça. Mais um lindo poema. Obrigada pela partilha.

    Beijo.

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  8. Obrigada a todos pela vossa visita e pelas sensíveis e carinhosas palavras. Um beijo.

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