O debandar das andorinhas
Stephen Alvarez
Quando o inverno se anuncia,
com o debandar das primeiras andorinhas,
empilhamos a lenha no telheiro.
O frio há-de devassar, sem explicação,
o cheiro da casa e a terra,
impiedosamente alagada,
ocultará a seiva dos pomares.
Junto à lareira, buscarei o teu olhar
para aquecer as mãos.
Graça Pires
De Quando as estevas entraram no poema, 2005
Olhos como brasas... Ficam para sempre a iludir-nos o gelo.
ResponderEliminarAbraço grande.
Na minha tenho por hábito
ResponderEliminaraquecer o olhar nas cabeleiras
do lume
Por vezes ardo até às cinzas
e só depois amanheço
no pomar
Lindo...
ResponderEliminarempilhamos tanta coisa, pelo menos acendemos as lareiras (quem as tem... eu só lá na aldeia) e aquecemos as mãos e o corpo...
Doadora de ternura.
ResponderEliminarTransformas o frio em cálido.
Bjs
Ana
gostei do poema e a imagem é espantosa!
ResponderEliminarboa semana!
Graça, enquanto em Portugal o inverno se anuncia, aqui vivemos uma das primaveras mais secas de todos os tempos. Resultado dos desajustes climáticos, verdadeiro crime dos homens do nosso tempo. Fico a pensar nos poetas de tom cósmico, como eu e você. Sentimos a rotação da terra no latejar dos nossos pulsos.
ResponderEliminarAmiga, como sempre, seu texto é belíssimo!
Saudade. Grande beijo.
O poema traz-me saudades do inverno, dos rituais do frio que nos reunem em torno do lume e dos afectos. O verão é centrípeto, o inverno congrega-nos.
ResponderEliminarUm beijo, uma boa noite
É o ciclo da vida..Depois da euforia do Verão o recolher do Outono e do Inverno, com o renascer na Primavera....Adorei o texto....
ResponderEliminarO poder das estacións, da súa influencia sobre nos...
ResponderEliminarUnha aperta de outono.
:)
Calor estranho esse feito de olhos e silêncios...
ResponderEliminarBelo!
Abraço.
Olá Licínia. Gostei dos "olhos como brasas", apesar do gelo.
ResponderEliminarObrigada Mar Arável pela visita e pelas palavras.
Luis às vezes até empilhamos os sonhos...
Obrigada Anonimus pela ternura.
Maria, a tua visita é sempre um gosto.
Alexandre você tem razão: "verdadeiro crime dos homens do nosso tempo". Saudades.Volte sempre.
Os rituais do frio no campo. A lareira acesa. As conversas noite adentro. Também gosto Soledade.
Vladimir e Marinha de Allegue os poetas gostam de falar dos ciclos da vida e do rodar das estações como um pretexto para falarem de si próprios.
Tinta Permanente, o olhar, o silêncio, o afecto explicam...
Um abraço a todos.
poema-labareda. belo
ResponderEliminarBonito.
ResponderEliminar... no final da tarde de forte cor âmbar
ResponderEliminartrazem no regaço das lembranças
... miúdos gritos ... quero crer de piápias*
voando ao entardecer.
... Graça, retiro do teu poema ... "junto à lareira" ... e acrescento;
... junto a lareira, olho o fogo de forte cor âmbar, ... e não posso esquecer-te, contudo, ... posso aquecer-me.
* piápias = andorinhas.
... teu blog "Ortografia do olhar" é belo, um forte e carinhoso abraço, Graças.