Ao cair da tarde, anda no ar o olhar dos deuses.
É novembro. A folhagem dissipa
a monótona semelhança das pedras.
Os crisântemos têm vogais errantes
que desconhecemos, como seres mortais.
Rente a um gráfico de promessas excessivas,
soletramos a enorme leveza do silêncio :
Canto gregoriano impresso na garganta.
Começo da sedução no feno dos olhos.
Rua sem sentido em forma de coração.
Graça Pires
Os crisântemos têm vogais errantes
que desconhecemos, como seres mortais.
Rente a um gráfico de promessas excessivas,
soletramos a enorme leveza do silêncio :
Canto gregoriano impresso na garganta.
Começo da sedução no feno dos olhos.
Rua sem sentido em forma de coração.
Graça Pires
De Labirintos, 1997
Quanta beleza neste poema, Graça. A tua poesia é, verdadeiramente, inspirada. Através dela, sou transportada em surpreendentes e inimagináveis vôos. Obrigada, amiga. **
ResponderEliminarGostei. Por ele - o poema - e pelo facto de Novembro ser o mês em que trago toda a minha vida à flor da pele. E do sangue.
ResponderEliminarContinuas, como pétala, a lembrar-me, com a tua poesia, que a doçura pode sobrepor-se às nossas dores. E ser perfumada e discretamente colorida, como um lilás orvalhado.
Graça, querida, sim, estou a preparar o meu novo livro. O Victor vai escrever um breve ensaio para as orelhas. Dentre as epígrafes, haverá duas extraídas de poemas seus. Inclusive uma delas abrirá o volume. Estou reformulando, repensando a obra estruturalmente. Já escolhi a foto da capa: Edouard Boubat. As margens ao redor da fotografia serão brancas, aliás todo o livro será branco: símbolo da leveza. Acho que tudo vai dar certo. Também estou com saudades. Beijão, amiga. Até breve.
ResponderEliminarVenho retribuir a visita e ouso pedir que quando voltares(sim, eu espero que voltes...)deixes comentários no(s) endereço(s) expostos, uma vez que ali não está nada: funciona só como portal.
ResponderEliminarDesta vez terias lido um poema do nosso comum amigo João Carlos.
Bom fim de semana.
Ah! Gostei do poema!
é novembro e o ano recomeça. Pelo menos na tradição antiga
ResponderEliminarbom ano
Destas coincidências, também editei hoje um poema chamado "novembro".
ResponderEliminarOs crisântemos, a "semelhança das pedras"..., rituais que me custa não ter podido cumprir este ano.
Mas achamos um sentido e um consolo nas coisas mais imprevistas: adorei o 1º verso deste poema.
Um beijo
A imagem fez-me lembrar uma música... November Rain.
ResponderEliminarQuanto ao poema. Uma vez mais, muito bom... com um excelente final.
Belíssima este soletrar "a enorme leveza do silêncio".
ResponderEliminarDeixei-te na Linha de Cabotagem um desafio.
Fermosas palabras para un mes melancólico...
ResponderEliminarUnha aperta xa de novembro.
:)
como é belo o "canto gregoriano" dos crisântemos!...
ResponderEliminarpressentem-se deuses traquinas rebolando-se no feno!no prazer pagão de ser...
adorei.
"gregorianamente" me inscrevo no teu belo novembro...
ResponderEliminar___________________.
Um piano belo de palavras
ResponderEliminarconquistadas
ao vento
Obrigada Maria. A tua opinião é sempre tão calorosa... Um beijo.
ResponderEliminarJoão Carlos, que posso eu dizer?
Novembro: o mês em que trago toda a minha vida à flor da pele. E do sangue.
A poesia pode sobrepor-se às nossas dores. Tu o dizes. Um beijo.
Alexandre, fiquei entusiasmadíssima com o livro. Como se fosse meu. Um beijo.
Sim São, voltarei e irei ao endereço certo. Um beijo.
Teresa, na tradição antiga, bom Ano para ti também. Um beijo.
Soledade, as coincidências também são imprevistos...Um beijo.
Obrigada Alquimista pelas palavras.
Um abraço.
Helena, aceito o desafio. Um beijo.
Marinha de Allegue, obrigada e unha aperta xa de novembro.
Herético, gostei da interpretação que fizeste do poema. Um abraço.
Estás inscrita Isabel. Um beijo.
Mar arável, obrigada pelas sensíveis palavras. Uma braço.
A enorme leveza do vazio...
ResponderEliminarsente-se mesmo nestes Novembros...
Gostei muito do seu poema.
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