De costas voltadas para a fadiga dos dias,
regresso à praia húmida onde nasço
quantas vezes eu quero,
livre do movimento das sombras
que influenciam o percurso dos meus olhos.
No leme de todos os barcos leio o protesto
No leme de todos os barcos leio o protesto
quotidiano dos que nunca se rendem
às imposições previstas em todas as pátrias,
dos que não aceitam morrer sem saber porquê.
E volto, de repente, à absoluta nudez
das árvores despojadas de pássaros,
onde o vento sopra tão rápido
como um rastilho de fé.
Passam, assim, diante de mim
Passam, assim, diante de mim
contos de fadas, visões,
ou apenas remorsos sem memória.
Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1993
Graça Pires
De Outono: lugar frágil, 1993
'Aquela praia ignorada (som da voz do Carlos do Carmo), um albatroz (uma ave), uma luz branca, coada, pela manhã sobre o mar (um local), um fundo azul (uma cor) sobre um cheiro intenso de iodo (um aroma)' ...
ResponderEliminarfoi o que 'vi' neste belo poema...
abraços!
Não sei se
ResponderEliminaros meus olhos
soltam as tuas palavras.
Caminho no meio delas,
acarinho-as docemente,
danço ao som da valsa
que elas me fazem ouvir...
Quero ser
menina eterna
de azul vestida,
como o mar
de asas de condor
e,
aprendendo a voar...
Leio-te, mas será que te entendo?
Será que vês o interior
da minha alma,
que reflecte o meu coração
que te lê, mas não te vê?
Palavras...
que fazem sonhar,
ou
que magoam
como pregos
espetados na
minha forma de amar...
Eis-me,
sensível
tremente
solitária
no meio
de tanta gente.
Eis-me,
de olhos abertos
vendo,
lendo,
querendo.
Eis-me num Mundo,
que não criei,
mas onde possuo
aquilo que mais amei.
Eis-me...
no teu planeta azul...
"...regresso à praia húmida onde nasço quantas vezes eu quero, livre do movimento das sombras que influenciam o percurso dos meus olhos."
E deixo-me embalar pelas tuas palavras, e encontro-me tal como o rio a caminho do Mar...
Poema e imagem, magnificos.
Um abraço carinhoso e fica BEM ;)
Um regresso às origens, à nudez inicial para recomeçar e deixar-me embalar pela musicalidade das tuas palavras.
ResponderEliminarBeijinhossssss
É sempre bom termos presente o nosso natal, e regressar a ele sem qualquer coisa que nos interrompa desse momento tão só nosso!
ResponderEliminarMas sinto uma deliciosa e suave revolta como se de uma longa luta se tratasse...
Gostei de ler-te novamente. :)
Bem-vinda à minha pequena lista de blogues que visito regularmente :)
Boa Sexta-feira.
Um outro belo poema, como já nos habituou.
ResponderEliminarCumprimentos.
A praia sempre ideal e atrainte manhán marcho a pasear por ela e a recargala minha enerxía.
ResponderEliminarUnha aperta grande.
:)
antes.. diante os contos de fada
ResponderEliminarhá, julgo eu, muito de si neste poema. porque a graça não é pessoa de virar as costas a nada. e por isso falou da fadiga. e de um lugar onde as ondas todas diferentes podem fazer bem aos olhos. bom fim de semana e um grande beijinho.
ResponderEliminarUm belo poema com uma foto a condizer.
ResponderEliminarum beijo
"Regresso.....
ResponderEliminar..........
...........
E volto.....
Passam, assim, diante de mim
contos de fadas, visões,
ou apenas remorsos sem memória.
Calmo e nostálgico o seu poema, minha amiga.
Desejo que o seu regresso seja para a paz e para a felicide.
Um bom fim de semana.
Belo poema, com imagens vivas e profundamente humanas.
ResponderEliminarBeijos.
Ainda é dos sonhos - e das memórias - que falas. Gostei do «protesto quotidiano dos que nunca se rendem». E, minha amiga, tão importante saber porque se morre (por ordem de terceiros, é preciso saber por que - e para que - vivemos-
ResponderEliminarTalvez não seja só para erguer bandeiras.
Um beijo.
tenho mesmo que perguntar:
ResponderEliminartem uma filha chamada ana?....
esta escrita faz-me sentir dentro de maneira semelhante aos livros e palavras da mãe dessa amiga de há anos.....
Tantos poemas neste teu poema (fabuloso), Graça...
ResponderEliminarabraço
belo.
ResponderEliminar!!!.
muito.
(obrigada).
um rastilho de fé ou apenas a singela vibração da vida!...
ResponderEliminaradorei o poema. vai para a minha colecção. posso?
É um poema de coragem diante da adversidade. E de insubmissão, que encontra a sua força num património íntimo preservado - a praia inaugural que evocada em tantos dos poemas da Graça. Li o poema em voz alta. Escutei-o. Levou-me: a música subtil, como eu tanto gosto.
ResponderEliminarUm beijo, Graça, uma boa semana
Excelente!
ResponderEliminarGostei da foto e ainda mais do poema!
Feliz semana, Graça!
Gostei muitíssimo deste Poema!
ResponderEliminarParabéns!!!
Voltarei em breve.
Beijo
Maria Mamede
Olá, minha cara.
ResponderEliminarEstou de volta, depois de uns dias de ausência. Andei a passear pelo seu blog, tentando recuperar o tempo perdido (como me parece perdido o tempo que não se dedica à poesia! Mas é preciso sobreviver, não é?). Comento neste, mas li atentamente os anteriores e, em cada um, vejo motivos para me deter por um bom tempo... seus poemas têm a beleza desconcertante que nos leva à reflexão, e de novo à beleza, numa pulsação infinita...
Um abraço.
Nunca é absurdo
ResponderEliminarsonhar
bjs
encontrei um poema seu neste link:
ResponderEliminarhttp://forjadepalavras.blogspot.com/2006/05/1946-expresso-dentro-da-curva.html
bom dia, graça. um beijinho*
o quotidiano presente evocando outros tempos, memórias do passado, em que o olhar era mais inocente...
ResponderEliminarum beijo.
As vossas palavras, minhas amigas e meus amigos, continuam a ser muito importantes para mim. Obrigada e um beijo.
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