2.3.08

Um relógio parado

Salvador Dali


Que ruído me devolveu o insulto
de espelhos quebrados junto à pele?
Na insónia confidente,
um relógio parado marca o caminho do inverno,
onde os poetas começam a morrer.
Aquém do frio paira uma brisa repousada
e uma bandeira branca irrompe da garganta,
esculpindo a rendição da alma.


Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997

26 comentários:

  1. o relogio parado marca aquilo que queremos...

    gostei deste poema algo dúbio, algo poema agri-doce...

    beij

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  2. Genial e brilhante amiga:
    Relógios parados sem "bússola" condutora do tempo que não volta mais.
    Os poetas?
    Esses, uma bandeira branca imposta por si transmitem doçura e encanto na rendição inexistente da sua linda e terna Alma gigante.
    Os seus maravilhosos poemas surgem e perduram, surgirão e perdurarão, sempre, acredite?
    Nem que seja somente eu a lê-los.
    OBRIGADO, linda poetisa!
    Beijinhos amigos de deslumbre

    pena
    Haverá sempre quem esqueça o relógio que comanda a vida.

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  3. Quando somos felizes até os relógios esquecemos pois o momemto presente é eterno.
    Desejo uma boa semana repleta de poesia sentida.
    Seja Feliz!

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  4. Cando témola percepción de que ata os reloxíos paran estamos viviendo un intre máxico...

    Unha aperta linda.
    :)

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  5. Graça, tenho dificuldade em comentar o poema. Ele verbera no meu cansaço, as palavras de penumbra e rendição. Se os poetas começam a morrer a caminho do inverno...

    Deixo-lhe então este poema que uma amiga brasileira escreveu, "em nome das nossas esperanças no futuro", disse-me ela.

    esfera

    em calendários suspensos
    o armário guarda um passado
    que já não veste o presente
    mas a estação tece a espera
    a retomar fios soltos
    num bordado paciente

    na esfera sem saída que é o mundo
    a história recomeça a cada instante
    :era outra vez uma vez

    Adelaide Amorim
    http://www.inscries.blogspot.com/

    Um beijo e votos de uma boa semana.

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  6. a ilusão de que o tempo poderá também parar quando os ponteiros cessam, sabendo nós o quanto isso é difícil. um beijinho, graça *

    alice

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  7. Esta "bandeira branca" ainda ecoa como que martelando o tempo e os seus imponderáveis. Muito belo.

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  8. Um relógio parado marca percursos desaconselháveis. O Inverno, o fim de um ciclo, o frio...
    Gostei muito do poema.

    Beijinhossss

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  9. Sempre me pareceu haver um caminho onde os poetas começam a morrer!...
    Cheio! O poema.


    abraços!

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  10. "uma bandeira branca
    irrompe na garganta
    esculpindo a rendição da alma"

    Imagem fabulosa...verdadeira escultura de palavras!
    Beijo.

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  11. Belos:
    o poema e a imagem!
    Beijinhos

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  12. Um relógio parado faz-nos viver o que vive. Tempo do sol.

    Precioso querida.

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  13. E os poetas morrem sem se renderem.
    Fico com um aperto na garganta.

    Um abraço.

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  14. Embora perceba as tuas palavras, digo-te que o relógio parado pode ir ao relojoeiro, mesmo no inverno, embora as coisas não estejam fáceis, principalmente se o poeta morar numa "ilha" do interior...

    abraço Graça

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  15. 'Onde os poetas começam a morrer.'Adorei este poema. Beijos.

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  16. "uma bandeira branca
    irrompe na garganta
    esculpindo a rendição da alma"


    ...fluxo de paz, apenas para a deixar dormir serena...


    Haverá outras horas, sempre.

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  17. Querida Graça,

    Hoje não estou aqui para te deixar um comentário ao post, (há quanto tempo não o faço!) mas para divulgar um evento no qual poderás ter interesse em participar ou, pelo menos, dele ter conhecimento.
    Trata-se do Concurso de Poesia 2008 organizado pelo Henrique Sousa e cujos detalhes podes encontrar no endereço:

    http://horabsurda.org/moodle/course/view.php?id=30

    Este é o site do concurso de poesia para 2008 do «Ora, vejamos...», administrado, conforme já referi, pelo Henrique Sousa e que conta com a colaboração preciosa de muitos dos seus amigos. Os contactos com vista à constituição do júri do concurso já terminaram e o júri está formado, com três elementos do fórum, sendo que dois pertenceram ao júri do concurso de contos do ano passado.
    O concurso tem sido amplamente divulgado nos espaços pessoais de alguns membros do «Ora, vejamos...», colaboração sempre muito bem-vinda para divulgar qualquer evento do género.

    O envio dos poemas para o concurso começou às 12 horas do dia 1 de Março e termina às 12 horas do dia 31 de Março, horas de Portugal Continental.

    Beijos com saudade e carinho.

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  18. há momentos em que o silêncio toma conta do poeta, talvez o inverno possa ser essa metáfora...

    beijinhos.

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  19. querida graça, venho pedir-lhe que faça o favor de ler o meu e-mail ou siga o link do meu comentário até à nova orquestra de serviço e escolha um instrumento :) beijinho

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  20. Há no relógio parado
    um não sei quê de desgosto;
    o tempo a passar, calado
    a vida engelhando o rosto!...

    Beijo Graça!

    Maria Mamede

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  21. O tempo passa inexorável

    em todas as estações

    e renova-se

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  22. "...Que ruído me devolveu o insulto
    de espelhos quebrados junto à pele?.."
    Adorei este teu poema.
    Jinhos mil

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  23. Lindo poema. Linda imagem.
    Falar do tempo sem falar do tempo,
    um mérito de poetas.

    bjs.

    Ju gioli

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  24. Adoro este quadro de Dali.
    E apreciei também o poema, como não poderia deixar de ser.
    Feliz Dia da Mulher!

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  25. A todas e a todos que me visitaram
    pela primeira vez e às minhas amigas e amigos assíduos neste espaço, um muito obrigada e um beijo.

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  26. tempos difícieis. sem dúvida!

    mas os poetas são "pedras vivas". apesar do frio.

    gostei mto.

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