30.6.08

Em seara alheia

QUE FORMALISMO?

De lamber as palavras como se
rasas de silêncio elas fingissem
e não se trucidassem contra o vento
e não voassem fundo
e não ferissem?

De afagar as palavras como se
um aguçado arame não
nos arranhasse
e não despisse em nós
a veste que se cola,
a casca da aparência?

De alisar as palavras como se
não fosse duro e fundo
o solo de onde partiram
e o lancinante grito
que lá mora?

É sempre um homem que
por elas fala,
é sempre um coração
que aí adeja!

João Rui de Sousa
In: Quarteto para as próximas chuvas. Lisboa: Dom Quixote, 2008

16 comentários:

  1. Conheço pessoalmente o autor.
    A 1ª vez que falei com ele foi no ano já distante de 1961, ou 1962.
    É um dos grandes poetas da nossa língua.
    Cumprimentos

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  2. não conhecia este autor e gostei de ler, graça, um beijinho.

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  3. Estudei o acordo ortográfico.

    Boa semana é o que lhe desejo.

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  4. As palavras...
    "É sempre um homem que por elas fala,
    é sempre um coração que aí adeja."
    Perfeito...
    Beijo.

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  5. Linda Amiga:
    Afaga o informalismo das palavras com a pureza e beleza de um lindo ser/sentir.
    Provoca um sentimento profundo. Lindo. Magnífico. Doce.
    As palavras vibram em harmonia fantástica.
    Palavras perfeitas numa perfeita pessoa.
    Admiro-a e ao seu poder expressivo.
    Excelente! Beijinhos de amizade que respeita.
    Sempre a nutrir po si enoeme estima

    pena

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  6. Tão lindo este poema!!! Adorei!! Beijinhos

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  7. gostei imenso... e por ser um coração, de homem ou mulher, afagam-se, lambem-se, alisam-se... tudo se faz às palavras... o sangue corre pelo coração


    beijo
    luísa

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  8. este livro do Poeta João Rui de Sousa, é muito recente, penso que tem dias. já o acariciei, mas ainda não veio fazer-me companhia

    tenho só um livro do poeta

    este poema é lindo e carregado de sentires

    deixo-lhe um dos seus poemas que gosto muito:


    Ascensão

    Beijava-te como se sobe uma escadaria:
    pedra a pedra, do luminoso para o obscuro,
    do mais visível para o mais recôndito
    -até que os lábios fossem
    não o ardor da sede, nem sequer a magia
    da subida,
    mas o tremor que é pétala do êxtase,
    o lento desprender do sol do corpo
    com o feliz quebranto dos meus dedos.

    João Rui de Sousa

    é com prazer que aqui passo e vou sempre mais "rica"

    um terno abraço


    beijinhos

    lena

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  9. Grande poema do (finalmente) reconhecido e grande João Rui de
    Sousa... Chegou tarde ao topo por
    ser demasiado discreto, quando isso
    acontece é sempre bom sinal, porque
    os meteoros não ficam muito tempo lá em cima. Um grande poeta a quem
    devo alguns gestos de solidariedade
    e, até mesmo, de amizade...
    Um beijo, Graça.

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  10. as palavras no coração do homem. apenas os poetas podem sonhar...

    muito belo.

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  11. alisar assim as palavras é mesmo para quem sabe. como ELE!!!!


    beijo Graça. Afectuoso.



    e obrigada.

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  12. o poder e o efeito das palavras!
    muito bom.

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  13. Não conheço este autor...ma fico atento...


    Doce beijo

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  14. As palavras e o seu poder na boca deste homem que tão bem as sabe conjugar.

    Beijinhos

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