2.6.08

O mar



Sem hora marcada,
os navios passam ao largo das ondas.
Nenhum mar existe sem a silhueta dos mastros,
para chorar os peixes verdes em extinção.
De tão ausentes, as naus esqueceram
o orgasmo das marés
e permanecem, exaustas,
na memória das conchas.


Graça Pires
De Ortografia do olhar, 1996

21 comentários:

  1. Linda Amiga:
    Uma bela e terna dedicatória ao mar. Fala docemente com ele.
    Sim! Há que chorar os peixes verdes em extinção.
    Restam as belas naus de si e a linda memória das conchas inertes na praia deserta.
    Admirável. Terno. Encantador.
    Um poema admirável.
    Existe em si um perfeito fluir terno de palavras expressas deliciosas e puras.
    Os meus sinceros Parabéns.
    Gostei muito.
    Beijinhos amigos de profunda estima e respeito

    pena

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  2. O mar tem destas coisas

    transporta os barcos

    permite os peixes

    de todas as cores

    até um dia

    acordar

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  3. Um dos primeiros fascínios do mar que me foi ensinado consistiu no encostar ao ouvido um búzio e ouvir a ressonância do mar.

    Achei extraordinário!

    O teu poema está dmirável.

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  4. Longe do mar nos Alpes mas sp com ele no coracao. 1 abraco.

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  5. memórias essas nunca atraiçoadas por quem assim sabe escrevê-las, querida graça. um grande beijinho.

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  6. Sempre o mar, fonte de inspiração de poetas!E as naus, figura simbólica dos nossos desejos de conquista e expansão, estão na memória das conchas, -diz a poetisa- mas, creio que, dentro de todos nós, existirá sempre, o desejo de conquistar e não permanecer nas conchas já mortas.
    Cada palavra do seu poema convida à reflexão.
    Um abraço.

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  7. Memórias de sal. Belo.

    um abraço

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  8. Um poema muito belo, Graça! Beijos.

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  9. Uma vez mais o mar, e o poema é belo, como sempre.
    Beijo.

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  10. É triste quando os navios passam ao largo das ondas... deve ser por isso que elas, depois, vêm morrer no areal...1 bj., Graça!

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  11. existe mar sem a silhueta dos mastros...

    mas é um mar vago, que se confunde com o deserto...

    abraço Graça

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  12. Um belíssimo poema para uma não menos bela imagem, que nos alimenta a alma e que vemos, dia a dia, esfumar-se em cada maré negra, pela ousadia de quem não sente a agonia dos peixes verdes...

    Um momento cheio de significado...

    Um abraço carinhoso ;)

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  13. a imagem feita poema.

    o poema feito a imagem da ternura e da rebeldia do mar.

    Sublime!

    beij

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  14. permanecem na memória. muito belo.

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  15. Amiga:
    Li este poema ainda sem quaisquer comentários e pensava ter deixado um. Afinal, li-o, adorei, é lindíssimo, saboreei o tema, a minha paixão, e saí.
    Desculpa!

    Mil beijinhos

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  16. exauridos os mares. resta o murmúrio das conchas...

    belo. o teu poema...

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  17. uma maré uma memória...
    por isso as conchas são tantas sobre a areia
    e pelos seus poros entra o lamento do mar
    aquele que ouvimos nos búzios
    um chorinho sincero de quem se perdeu
    como uma criança cansada a entrar no sono


    um abraço
    luísa

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  18. ... e da areia cheia de sede.

    maravilhosa memória que vive na extenção dos dedos.


    maré

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  19. bonito, Graça!

    bom lembrar as espécies em extinção.

    um beijo.

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  20. Linda imagem, Graça, que criaste neste poema. Não canso de me surpreender com as tuas palavras.
    beijo no coração

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