22.8.08

Ariadne


Ariadne nada sabia da morte.
Quis ter a eterna idade das águas.
Naxos foi o exílio
onde levou aos olhos a curva do luto.
Sobre as rochas desabou a noite,
impregnada de paixões.
E o silêncio a chamou de muito longe.


Graça Pires
De Labirintos, 1997

25 comentários:

  1. Quebrado o ilusório fio. Gosto destes seus poemas fluídos e aparentemente simples e, contudo, tão complexos.

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  2. venha a morte assim plena em mim a quem me entrego de corpo inteiro e alma cheia porque se faz tarde e eu quero chegar...


    ps: não pude deixar de ler os comentários do post anterior porque voltei lá para verificar se tinha resposta ao meu comentário. confirmei mais uma vez a minha teoria sobre a blogosfera ou como eu lhe chamo a blogolândia onde certas e determinadas pessoas se aproveitam do anonimato para insultar e provocar outros. desconheço os antecedentes e não faço ideia das origens mas só lhe posso dizer que a melhor resposta para isso é a indiferença. sei que custa ler e suportar esses comentários ainda por cima sendo você a senhora que se apresenta revelando sempre uma extrema sensibilidade e educação. para o seu lado piora ainda a situação porque deverá ficar triste e magoada. faça de conta que não existe nenhum anónimo sff e mais lhe digo e aconselho: leia e apague da sua memória muito rápido porque revela ser superior a baboseiras e provocações de muito baixo nível.

    sem mais agradeço a sua partilha dos belíssimos textos que me dá o prazer de ler e reler e voltar à sua casa.

    ivone

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  3. Querida Graça,
    que lindo!!!!
    Teseu derrotaria o Minotauro (por si) desde que alicerçado no amor sincero; assim é que, não fosse o fio de lã do novelo de Ariadne, morreria no labirinto de Creta. Não acharia a saída, não fosse por seguir o fio desprendido, refazendo o caminho de volta. No entanto, Ariadne, pelo seu amor sincero, fortalecera Teseu ao seu intento. Porém, fora por ele abandonada na Ilha de Naxos, amargando a perda daquele que fora o seu grande amor.
    Apesar de consolada e desposada por Dionísio, sucumbiu ao forte sentimento por Teseu, falecendo. E, em virtude de sua morte, Dionísio, imortal, lançou a coroa de ouro e pedras preciosas, com a qual a presenteara no matrimônio, aos céus, em franco desabafo pela perda de sua mortal amada.
    As pedras transformaram-se nas estrelas mais brilhantes e a coroa de Ariadne tornou-se em uma constelação, conservando sua forma.
    Ariadne, senhora dos labirintos, e esses últimos, os campos de nossas esperanças, desejos, sonhos e da própria vida.
    Em uma ponta do novelo pode residir a espera sincera, amorosa, dedicada e apaixonada de Ariadne; na outra ponta, pode estar a ingratidão, o descaso, o desrespeito, o fazer uso e abuso do outro, enfim, nem sempre as duas pontas serão sinérgicas.
    Todos estamos sujeitos a experimentar a desilusão fatal de Ariadne.
    Pronto! Viajei (rsrs)...
    Não importa, como vc diz, o resto é resto, o que importa é que em somente sete linhas vc colocou tudo isso e o muito mais - que certamente não alcanço.
    Beijo grande no seu coração de Ariadne.
    Bárbara Carvalho.

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  4. Bom fim de semana, Graça!
    Por estas costas o vento é rei.

    Li e reli e continuo a gostar.

    Seja feliz!

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  5. Muito belo este poema.
    O silêncio a fará retornar a uma nova vida plena de felicidade!
    Beijo.

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  6. O fio da poesia vem de seu novelo, Graça. É sua, e de seus versos, a eternidade.

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  7. E onde é que está o fio?

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  8. "E o silêncio a chamou de muito longe."
    Há silêncios assim, que nos chamam...
    Gostei muito, como sempre.
    Beijo.

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  9. ....porque ser a diferença é ser assim.


    intensa na forma.

    .


    beijo.

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  10. de uma singeleza... muito belo!

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  11. o silêncio ouve-se, mesmo ao longe


    abraço

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  12. A tua enorme sensibilidade continua patente neste pequeno mas belo poema. Continua a soltar a tua poesia querida poeta. Para nosso deleite.
    Extraordinária!

    Beijinhos

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  13. belíssima lenda a de Teseu e Ariadne, Graça. belíssimo resumo o de mais um impossível_______ trágico,Amor.E sugiro um (feliz), que me fascina.Pigmalião e Galateia.A mitologia fascina-me,... como a Lua, o mar, a sua poesia...bj, Graça.

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  14. E alguém "sabe" alguma coisa da morte, a única certa certeza comum de se ser humano?
    Ainda bem que voltaste a publicar, Graça.
    Tudo de bom.

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  15. e o silêncio que diz tanto na poesia...

    abraço Graça

    (luis eme)

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  16. nÃO HÁ MORTE NEM PRINCIPIO

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  17. Olá Graça

    (Com o meu dicionário de mitologia por perto)

    Acho deplorável que os deuses tivessem negado a Ariadne o amor e todos os seus confortos.

    Porém, como não é certo que Dioniso a tivesse desposado, apesar de ser mencionado o nome de quatro filhos, continuo a achar lamentável que também a segunda hipótse tivesse sido outra atrocidade.

    Como aceitar que um comum mortal como ela, fosse capaz de encontrar a chave para regressar do labirinto?
    Os deuses não brincam!

    Ariadne nada sabia da morte e nada terá sabido de uma paixão correspondida.

    É este o grande fasc´nio dos gregos, o de nos proporcionar os enigmas da vida e as suas chaves, não fossemos nós mais tarde, agora, tentar descobrir a "roda"... Mesmo assim, parece que não.

    Bjs

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  18. Mais um lindo poema, Graça.
    Beijinhos.
    E boa semana.
    Eduardo

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  19. Lindo poema, Graça, repleto de significados e sutilezas. Gostei tanto dele que o levei ao grupo de internet ao qual também pertence Soledade Santos. Espero que não se importe.
    Beijo e parabéns.

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  20. O silêncio tem mesmo esse poder de chamamento. A ausência pode ser repleta de significados.
    Coincidência? Hoje fiz um post falando do silêncio.
    Adorei o poema, como sempre.
    Já não me surpreendo com a beleza metafórica das tuas palavras.
    Grande beijo

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  21. Voltei para falar das minhas gentes, da minha terra, das memórias vivas e reais que perduram na minha alma e no meu coração.

    Beijinhos

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  22. escrever a palavra. fazê-la poema. matar a saudade dos silêncios.


    belíssimo!!

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  23. belo e silencioso!

    fica um beijo de admiração..

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  24. Gostei muito deste poema, Graça, subtil, delicado, uma belíssima revisitação do mito de Ariadne. Em Naxos ela descobriu de facto a "curva do luto". Mas foi aí que um deus a encontrou, a tomou por esposa e fez dela estrela no céu. Mas às vezes pergunto-me se Ariadne não preferiria, apesar de tudo, o seu marinheiro perjuro.
    Um beijo

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