Paul Strand
De Quando as estevas entraram no poema, 2005
Antes que a memória me apanhe desprevenida,
tomo alguns apontamentos de lavoura:
os cestos de vime escondem os sobressaltos
do vento de outono, no meio do azinho
cortado no verão;
os sulcos de trigo inquietam-se
com as chuvas estivais, quando os guizos
das cabras soam de nordeste;
um temporal pode explodir no bico dos melros,
se o tempo das cerejas sair do calendário,
ou o sol não brilhar no mês de março;
na próxima floração acenderemos o forno
e o pão que comermos será caseiro.
Graça Pires
tomo alguns apontamentos de lavoura:
os cestos de vime escondem os sobressaltos
do vento de outono, no meio do azinho
cortado no verão;
os sulcos de trigo inquietam-se
com as chuvas estivais, quando os guizos
das cabras soam de nordeste;
um temporal pode explodir no bico dos melros,
se o tempo das cerejas sair do calendário,
ou o sol não brilhar no mês de março;
na próxima floração acenderemos o forno
e o pão que comermos será caseiro.
Graça Pires
Sublimes estes apontamentos!! Beijos.
ResponderEliminarapontamentos da natureza
ResponderEliminarE porque me terá feito pensar em Torga... da terra, da profunda lucidez.
ResponderEliminarHá sobressaltos do encanto que soa de norte a sul, de leste a oeste, na sua palavra. Sempre parece ser tempo de poesia no seu calendário, Graça, não importa o tom do estio, pois versos inquietos de beleza brilham como sol nas suas mãos.
ResponderEliminarExtraordinaria exaltação da vida fora das grandes cidades.
ResponderEliminarExcelente, Graça.
(Apenas duas notas:
1ª O nosso quotidiano está cheio de memorias e esquecimentos para que as emoções ocorram;
2ª A nota de ideia de felicidade de Savater «A felicidade como anseio...» é sublime)
(É bom aceder a comentários que acrescentam valor.)
Bjs
Querida Graça,
ResponderEliminarque lindo, envolvem-me as suas palavras e alarga-se-me o peito!!!
Lindo, cheio de emoçao pura.
Vi tudo e aqueçi os dedos na lareira e partilho agora o pao consigo.
Merci pour Hatsué.
Paris vous embrasse!
Eu também,
Bjos,
LM
Graça....
ResponderEliminarJá te disse hoje que sou tua fã?
Pois é.... Sou sua fã!
E que o tempo das cerejas NUNCA acabe!
Beijucas querida
o teu olhar tem com toda a certeza uma memória especial.!!!!!
ResponderEliminarum "cesto" que recolho. e aonde me "escondo".
G.
(como é bom vir aqui....)
obrigada.
beijooooo.
Preciosos apontamentos para quando a memora nos falha...
ResponderEliminarBeijito
olharIndiscreto
"na próxima floração
ResponderEliminaracenderemos o forno
e o pão que comeremos
será caseiro"
Apontamento muito importante... Será que me poderás convidar para esse banquete?
Beijo.
a memória rebenta-nos tantos temporais...
ResponderEliminarna fonética
com que
nos
e os escutamos...
_______
essas são para guardar sim, num cesto, junto do sol.
bjs Graça
O máximo!gostava que fosse a:arte-e-ponto.blogspot.com
ResponderEliminarE apontas bem, com toda a pontaria...
ResponderEliminarBj.
Que bom! Pão caseiro!
ResponderEliminarHoje é tudo à inglesa, Nem côdea tem...
Bjs
um poema com o sabor a lembranças de rugas dum sol tardio...
ResponderEliminarTão poeticamente bucólico, Graça!
ResponderEliminarSempre fico tão 'sobressaltada' com as imagens que crias.
beijo grande
Senti esse cheiro a vime e a azinho seco... sentei-me à lareira... fechei os olhos, ouvi o soprar do vento e os guizos das cabras ao longe... adormeci e acordei com o cheiro a pão quente a saír do forno.
ResponderEliminarObrigada, pela mensagem de esperança
bjs
Momentos de ternura campestre.
ResponderEliminarComo me transportam às memórias da minha infância.
O aroma do pão acabado de cozer...
A fruta colhida das árvores e comida sem se lavar :-D
As vindimas...
as desfolhadas...
Sim, excelentes apontamentos.
Beijo de agradecimento.
Desculpe a ousadia mas são apontamentos tão meus. Ainda hoje comi pão caseiro amassado pelas mãos da minha querida mãe.
ResponderEliminarque poema tão comestível e bem cheiroso!
ResponderEliminarLindo.
Telúrico, rural, fisiológico.
A alma, contente.
Beijo.
EA
E que bem que se lê os teus "apontamentos"!
ResponderEliminarGostei mto!
que bons e frescos apontamentos, Graça...
ResponderEliminarabraço
Muito bonito, profundo e leve ao mesmo tempo.
ResponderEliminarque belo odor a pão cozido. amassado pelas próprias mãos.
ResponderEliminaradorei. pelo teu talento. pela beleza dopoema.
... e pelas minha memórias.
beijo
... e subitamente apeteceu-me sair
ResponderEliminarda cidade, voltar a essa infância
que, construída, nunca existiu de
facto...
Um beijo, Graça.
Uma ode perfeita aos aromas e sabores com que a natureza nos presenteia, fazendo-me regressar aos tempos da minha infância!
ResponderEliminarMaravilhoso: "um temporal pode explodir no bico dos melros,
se o tempo das cerejas sair do calendário"!
Parabéns pela sua constante inspiração!
Beijo terno.
absolutamente fantástico!!
ResponderEliminarparabéns a quem tão bem escreve!
e um beijo
a beleza dos gestos simples...leve pq inteiramente poético...
ResponderEliminarabraços
Muito, muito belo!
ResponderEliminarUm beijo.
Fabuloso cara amiga. Mais uma vez, parabéns pela tua criatividade.
ResponderEliminarSó podes ter nascido e criada no campo... quem nasce na cidade não é crível que escreva com tanta riqueza de imagens (há quem não saiba, por exemplo, que os melros gostam de cerejas ou de que quadrante vem a chuva...).
Para além disso és boa observadora...
Beijinhos.
Que texto maravilhoso, Graça!!!
ResponderEliminarPalavras que me aconchegaram
Emocionei-me...
Beijinho
Na Linha de Cabotagem há algo para si.
ResponderEliminarvim pelo link de já nem sei quem.
ResponderEliminarGostei tanto de ler isto que me sentei apenas a reler de cafe na mão e um sentimento de cumplicidade. Aqui não há guizos de cabras, apenas o seu balir bem perto a chamar-me. E o tempo das cerejas não pode faltar nunca.
Fez-me sonhar. E apresentou-me um belo quadro rústico. ;)
Creio que este link está disponivel no vida de vidro. Vou confirmar.
aponto o meu beijp. calado.
ResponderEliminargrato.
muito.
_________________.
Está espectacular, querida Graça!
ResponderEliminarA ideia... o desenvolvimento da mesma, com a desenvoltura de palavras que tu usas para exprimir tudo o que sentes!
Beijos ternos, amiga.
Gosto do Outono, centra-me em memórias e ritos ancestrais que muito estimo. Encontro os ecos disso no poema. "Antes que a memória nos apanhe desprevenidos", façamos crónica!
ResponderEliminarUm prazer ler este poema, Graça.
Um beijo
dizes de coisas que me são mui queridas. quantas vezes passeei por essas tuas palavras? muitas: e em todas elas me deliciei. grato.
ResponderEliminardeixo um abraço fraterno.
Reter na memória e no pensamento...
ResponderEliminarépocas transmutadas... que só em letras, quem sabe, no futuro sentiremos...
Beijo
como fazes do Outono um poema!
ResponderEliminar...que belas palavras...enchem o ar...
ResponderEliminarQue bom é o cheirino do pão quente:))