Cartier-Bresson
A minha profissão era inventar nascentes.
Eu nada sabia da ressonância das ondas,
até que fiz dos sonhos um alibi
e arrisquei qualquer fuga,
com a manhã rebentada no peito.
Indiferente à respiração dos peixes,
sigo Ícaro até às profundas águas
de um amor em fogo,
enquanto me crescem, na garganta,
as raízes do delírio.
Graça Pires
A minha profissão era inventar nascentes.
Eu nada sabia da ressonância das ondas,
até que fiz dos sonhos um alibi
e arrisquei qualquer fuga,
com a manhã rebentada no peito.
Indiferente à respiração dos peixes,
sigo Ícaro até às profundas águas
de um amor em fogo,
enquanto me crescem, na garganta,
as raízes do delírio.
Graça Pires
De Conjugar afectos, 1997
Excelente.
ResponderEliminarPoema belissimo servido por uma imagem igualmente deslumbrante.
Gostei deste visita. Vou voltar
Beijinhos
(www.manhasdeinverno.blogspot.com)
o amor que nos transporta
ResponderEliminarCompreendo-te perfeitamente...lindíssimo poema!! Muitos beijos.
ResponderEliminar"nascentes, ondas, águas, fogo, delírio."
ResponderEliminarExpressões do Verbo criador.
Além disso, também inventas poemas cada vez mais bonitos.
ResponderEliminarUm abraço, linda.
cartier bresson é, sem dúvida, um excelente fotógrafo. ainda um destes dias fiquei maravilhada ao ver todos os seus trabalhos. esta foto é de uma delicadeza bem ao estilo do poema, encaixam-se perfeitamente.
ResponderEliminarobrigada pela boa escolha e pelo bem-escrever.
um beijo
deste
mar.
Poema delicado e senssivel...
ResponderEliminarBeijitoterno
olharIndiscreto
Que árduo é inventar, sobretudo as coisas inventadas!
ResponderEliminarTantos símbolos no poema que ressoam em mim! Detenho-me no da Queda, este Ícaro que se segue "até às profundas águas". De que extremos seremos nós capazes, por uma paixão sem medida?
ResponderEliminarUm beijo, Graça
e arriscaste muito bem...
ResponderEliminarabraço Graça
Diz-me tanto este poema…
ResponderEliminarComo sempre, excelente!
Abraço, “prima” ;)
Esta profissão de inventar nascentes é qualquer coisa de fenomenal!!! Como eu gostava de saber fazê-lo!...
ResponderEliminarE como eu gostava de ser capaz de escrever, assim, como a minha Amiga!!!
PARABÉNS, muitos parabéns mesmo e obrigada pela partilha.
Um Beijo enooooorme da
Maria Mamede
Um poema pleno de criatividade e sensualidade,
ResponderEliminarque me deixa a meditar em cada palavra, em cada frase…
Fascinante…"inventar nascentes".
Um beijo.
"...fiz dos sonhos um alibi
ResponderEliminare arrisquei qualquer fuga..."
Profundo e muito belo este poema...
Sebastião da Gama também escreveu, "pelo sonho é que vamos"...
A fotografia de Cartier-Bresson é lindissíma!
Beijo.
Um compromisso perfeito ente o nosso melhor elemento, a água, e o ar, através da tenacidade de Ícaro.
ResponderEliminarBelo texto Graça.
Eis um poema para se ler, inclusive, com a pele, onde chegam as pontas das raízes do delírio.
ResponderEliminarDerrubou-me o queixo, Graça.
Gostei muito do teu poema, Graça. Cheio de água, de peixes, de fogo, de procura, de risco, rumo às águas profundas do amor.
ResponderEliminarUm beijo.
EA
Um álibi, uma fuga... Terá direito a sursis quem cria oceanos de beleza e poesia?
ResponderEliminarEsse poema regado ao uma fotografia de Bresson só poderia dar nesse resultado maravilhoso!
ResponderEliminarVocê, com certeza, inventa muitas nascentes com sua poesia.
ResponderEliminarE com este poema em particular.
um abraço.
"..até que fiz dos sonhos um alibi"
ResponderEliminarPrecisarão os sonhos de terem um alibi para acontecerem?
Um momente tocante, uma conjugação perfeita Poema e imagem.
Grata por esta e, tantas outras, partilhas!
Um beijo de carinho, minha querida Poeta.
Quando as raízes trazem a seiva salgada das imagens/símbolos. Gostei tanto, Graça.
ResponderEliminare do delírio
ResponderEliminardos enredos da loucura
a instar as mãos
uma pressa que atravessa os dedos...
nasce o sonho e o... Belo!
________
bjs, Graça
inventar nascentes nas asas de Ícaro...
ResponderEliminargrandioso e belo. com as manhãs que rebentam no peito.
momento único de poesia.
beijos
Belíssimo mergulho na água, no fogo, na raiz de todo o delírio.
ResponderEliminarQue força tem a tua Poesia, Graça.
GRAÇA.....
ResponderEliminarnão sei comentar.
não sei. mesmo.
esta é uma invenção MAIOR!
______________abraço. (quente)
Será que o amor (mais a paixão) é uma doença...?
ResponderEliminarMas muitos sonhos são de facto um alibi.
Em delírio ficou eu, ao ler-te...
Beijinhos.
" A tua profissão era inventar nascentes!" Era, é e será porque da poesia brota tudo quanto de bom a vida tem.
ResponderEliminarMil beijinhos
Bem- hajas!
inventei - te hoje "manhã".
ResponderEliminarobrigada Graça.
Quando se usa o sonho como álibi, todos os caminhos se tornam possíveis!
ResponderEliminarBonito o seu poema!
Beijos de luz e o meu carinho...
Belo.
ResponderEliminarSegue Ícaro ao som da Lira que encanta poetas e poetisas.
sim, nascente dá com mar, com líquido com azul com
ResponderEliminardiluir
Nascentes, fogo, delírio... As três palavras que retive, por isso
ResponderEliminarli-o como um texto sobre o excesso
(do sentir?), de tal modo que o
eu-poético acompanha Ícaro (o que deveria voar "para cima") à profundeza das águas. Gosto do arrebatamento que se sabe dizer com
serena doçura...
Um beijo , Graça.
No mais profundo das águas
ResponderEliminarhá peixes que não dormem
vêm à tona
quando acontecem no poema
Outro.
ResponderEliminarOutro belo poema, dos muitos que já li.
Bjs
nascentes, tuas palavras. a correr.
ResponderEliminarMaravilhoso, Graça! Já está no multiply... e a fazer sucesso!
ResponderEliminarBeijos, amiga.
Essa nascente inundou o meu coração de poesia.
ResponderEliminarSempre muito bom te ler, querida amiga.
beijo
Sim, bela alusão a Ícaro: por alçar vôo mais alto, derreteram-se-lhe as asas e caiu no mar Egeu. Vôos próximos ao Sol, incitantes, porém arriscados. Seria um vôo médio mais excitante? Não! Melhor que derretam-se as asas e morra-se por amores em fogo, por raízes do delírio que crescem na garganta. Mas não perca a voz, especialmente a poética! Bj gde. Bárbara Carvalho.
ResponderEliminar«fiz dos sonhos um alibi»
ResponderEliminarem busca do amor
em bisca do extase
e que belas nascentes de águas cristalinas****
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